Fernando Pésinho
Face ao avolumar da crise ecológica e à urgência em encontrar respostas que permitam um novo rumo para as sociedades humanas, em harmonia com a natureza – da qual somos parte integrante -, a educação ambiental assume-se como um vector fundamental, entre outros, na (re)construção de uma Cidadania que se deseja activa, criativa e empenhada na construção de soluções que ponham termo à destruição massiva das condições de vida no planeta.
Ninguém hoje duvida do caminho trágico percorrido pela civilização, atestado pelo seu cortejo de morte e destruição, pelas suas dimensões cada vez mais globais e intensas, pelo enorme desafio que o desfecho de problemas como o efeito de estufa representa.
Ninguém hoje duvida que importa arrepiar caminho. Desde logo, repensando a relação do homem com a natureza, pondo fim à espúria tentativa de a dominar em termos relativos e absolutos.
Para tanto há que instituir novos valores, novas práticas, novos comportamentos, novas atitudes, enfim, uma nova cultura. Uma nova cultura que reencontre o lugar do Homem na Natureza.
Para a obtenção de tal desiderato, a Educação Ambiental, entendida como o vector que ajudará a incutir nas pessoas (e em especial nos mais jovens) as atitudes e as formas de comportamento mais favoráveis a um ambiente humano sadio e ecologicamente equilibrado, e assumida como a chave adequada para permitir a tomada de consciência dos problemas ecológicos, o aprofundamento do conhecimento dos mesmos, as atitudes correctas a tomar nos casos concretos, a fomentar a capacidade de avaliação dos resultados obtidos e a criar as condições indispensáveis à participação das pessoas com um grau de responsabilidade assinalável, deve ser considerada como uma prioridade.
Porque só um cidadão consciente do seu lugar no Mundo, empenhado activamente no progresso e na criação das condições essenciais para um desenvolvimento sustentável, alcançará através da cidadania – i.e., da participação na coisa pública -, as ferramentas adequadas à definição de uma espécie de contrato natural que estabeleça as bases de uma nova relação do Homem com tudo aquilo que o rodeia.
Porque só a construção de um Homem novo, de um cidadão activo, permitirá a solução de continuidade para o devir do Homem e do Planeta Azul.