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INTROSPECÇÃO NO MUNDO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:Estudo pela consciência do que se passa nas Universidades
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Ana Firmino

Universidade Nova de Lisboa/FCSH

Departamento de Geografia e Planeamento Regional

Av. de Berna, 26-C
1069-061 Lisboa

E-Mail: mailto:am.firmino@fcsh.unl.pt

A Educação Ambiental coloca-se hoje à sociedade como um meio indispensável para levar o cidadão a cuidar do meio que lhe serve de suporte vital. É por assim dizer o "Manual de Sobrevivência" que se tenta ensinar quando o sentido de harmonia e coerência deixam de ser prioritários.

Portugal beneficiou dum despertar tardio para o que se apelida de progresso e modernização e, por isso, só hoje se põe com acuidade a necessidade de educação ambiental.

Esta sensibilidade ambiental tem vindo a pouco e pouco a penetrar num mundo dominado pela ciência e pela técnica orientadas numa perspectiva muitas vezes puramente economicista, mantendo-se ainda arredada das matérias habitualmente ensinadas nas Universidades, apesar de pontualmente alguns professores adoptarem uma posição mais crítica em relação às orientações ainda hoje dominantes.

O receio de enveredar por áreas pouco conhecidas, sem prestígio social e que vão ao invés da tónica produtivista e globalizante da economia, alimenta a inércia que se mostra nefasta à mudança. Por outro lado, a vulnerabilidade da carreira universitária, muito dependente dum percurso académico orientado em função de cânones estabelecidos por quem nos precedeu, tolhe o arrojo de quem pretende explorar para além dos caminhos conhecidos e, sobretudo, põe em causa a dinâmica instalada.

Conhecemos bem a crítica mordaz, o desprezo, a marginalização, porque disso fomos alvo quando a defesa de posições mais consentâneas com o nosso sentido de vida nos levou a introduzir a Agricultura Biológica como uma das matérias leccionadas na cadeira de Geografia Rural (Curso de Geografia e Planeamento Regional da Universidade Nova de Lisboa). Estávamos então em 1987! Poucos sabiam o que era Agricultura Biológica. Hoje este é um tema bastante divulgado nomeadamente no ensino básico e secundário.

Importa pois repensar o papel da Universidade na formação cívica consciente e crítica dos jovens, de forma a complementar os conhecimentos, em matéria de educação ambiental que, em geral, já lhes foram ministrados.

Abrem-se novos horizontes à evolução do Homem, especialmente em termos espirituais. A sociedade da abastança tudo concede em termos materiais, pelo menos a alguns, mas mostra-se insatisfatória em termos de realização pessoal. Esta procura da verdadeira essência do Eu que alguns iniciaram, denota a necessidade de percorrer outros caminhos que nos possam levar ao encontro do senso comum e do respeito pela Natureza, sem um sentimento de culpa nem tão pouco obedecendo a ditames da moda.

Seguimos simplesmente em busca do nosso ser e do papel que nos está reservado, como elementos integrantes da Natureza, parte dum todo que se completa e harmoniza na globalidade do Universo. Essa procura leva-nos a percorrer o caminho traçado pelos antroposofistas, que se ocupam da natureza moral do homem, nomeadamente no estudo da agricultura bio-dinâmica.

Procuramos que os alunos não sejam meros repetidores de acções, que lhes foram apresentadas como elementos importantes na preservação do meio, mas sintam a necessidade de contribuir para a melhoria do Ambiente porque se identificam com esse princípio. Na nossa sociedade, embora muitas pessoas compreendam que algumas alterações põem em risco a nossa sobrevivência, apenas algumas sentem como é necessário planear o desenvolvimento sustentável e viver de acordo com os seus credos.