Pesquisa avançada
Início - Ações do PEV - Campanhas - Iº Encontro Nacional de Professores Ecologistas - Pertinência da Geologia em Interpretação Ambiental
 
 
Pertinência da Geologia em Interpretação Ambiental
Partilhar

|

Imprimir página

Mário Cachão

Prof. Auxiliar GeoFCUL

Rara é a menção a aspectos geológicos quando se abordam estudos ecológicos e ambientais. Na melhor das hipóteses existe uma breve e fugaz referência ao solo. Tal se fica a dever à sobrevalorização dos aspectos bióticos existindo um claro desequilíbrio no enunciado dos factores naturais que condicionam e determinam, por exemplo, a ocupação dos nichos ecológicos. Das descrições que são dadas dos sistemas ecológicos fica a ideia de que estes se poderiam reproduzir numa "redoma de vidro" num qualquer laboratório. O que determina se um substrato é rico ou pobre, arenoso ou rochoso, plano como uma estepe ou montanhoso com os Himalaias, húmido como um sapal ou seco como um deserto, impermeável com o Alentejo ou cavernoso como o Maciço Calcário Estremenho, é a Geologia.

Enquanto especialista em estudos Paleoecológicos, uma das funções do Paleontólogo é a interpretação de ambientes pretéritos, ou seja, a Interpretação Paleoambiental. Para tal existe a necessidade de conhecer em profundidade os ambientes actuais pois eles são a chave para a interpretação dos ambientes passados (Princípio do Actualismo). Numa altura em que existe uma consciência crescente de que o nosso planeta não é estático mas evolui e "respira", alterando as condições que prevalecem à sua superfície (as tão faladas Mudanças Globais), a Geologia desempenha um papel relevante nos estudos de previsão pois, verdade seja dita, a grande maioria dos cenários futuros que possam vir a implementados pelo nosso planeta, já aconteceram...

Numa terceira linha de pensamento, os estudos geológicos são fundamentais em estudos de impacte ambiental e ordenamento como parte integrante de um processo de consciencialização que conduza a uma cultura do Risco. Num País que, recentemente, tem vindo por água abaixo, o Risco geológico tem de ser equacionado não apenas enquanto risco sísmico e/ou vulcânico (menos gravoso no continente mas com acutilante expressão nas ilhas açorianas) mas também resultante, por exemplo, de assoreamentos/desassoreamentos, de erosão costeira, de deslizamentos de vertentes naturais ou artificializadas, da contaminação de níveis freáticos, etc.