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Comício de apresentação da lista da CDU por Setúbal - Intervenção de Heloísa Apolónia
Baixa da Banheira, 9 de Janeiro de 2005

 

Em nome dos candidatos do Partido Ecologista “Os Verdes” na lista da CDU, do círculo eleitoral de Setúbal, quero saudar-vos a todos e também desejar ao povo português um muito melhor ano de 2005, desde logo porque os últimos anos foram de facto muito maus, depois para dizer também que no dia 20 de Fevereiro está nas mãos dos eleitores definir se querem mais do mesmo (ou parecido) ou se querem uma mudança a sério.

“Os Verdes” pensam que a generalidade dos portugueses quer uma mudança a sério, porque a situação do país foi de mal a pior com o Governo PSD/PP: todos nos lembramos da saga que constituiu a colocação de professores em 2004, que, aliás, ameaça repetir-se em 2005 devido ao já atraso nos concursos de colocação de docentes para o próximo ano lectivo; todos conhecemos os números crescentes do desemprego e da pobreza em Portugal; Conhecemos a ânsia de privatização deste Governo, que deu largos passos, inclusivamente, para a privatização de um bem essencial à vida que é a água; enfim vivemos também sob uma concepção de desenvolvimento que gera sempre mais poluição, consequentemente mais degradação da saúde pública e que retira potencialidades ao nosso património natural.

Tudo isto com reflexos directos aqui no distrito de Setúbal que, para além de tudo o mais, no último Orçamento de estado, em sede de PIDDAC, foi vítima de um desinvestimento brutal em áreas tão estruturais como a educação, a saúde ou a agricultura e pescas.

Mas o que nós Verdes perguntamos é o que é que se poderia esperar de políticas que têm como objectivo a defesa dos interesses dos grupos económicos e financeiros e não a defesa dos interesses das populações?

“Os Verdes” querem deixar aqui um alerta: é que apesar das eleições marcadas para 20 de Fevereiro este Governo ainda lá está. E precisamos estarmos muito atentos, porque querem deixar caminho preparado, por exemplo para garantir os interesses das multinacionais do sector agro-alimentar. O Sr Ministro da Agricultura referiu há dias que o Governo quer aprovar o diploma que regulamenta a coexistência entre culturas transgénicas e tradicionais. Mas este Governo não está em gestão? Então só pode praticar actos de gestão e nunca questões tão estruturantes como esta que vem condicionar o futuro da agricultura em Portugal! “Os Verdes”, as associações de ambiente, consumidores, agricultores não podem aceitar isto!

É importante que se perceba, então, que o problema estrutural reside nas opções políticas e ideológicas que têm caracterizado os sucessivos Governos.

E salvo o devido respeito pelo Sr Presidente da República, ele não tem razão quando diz que o problema está no sistema eleitoral e na dificuldade de formação de maiorias, porque de outra forma não faria sentido ter dissolvido a Assembleia da República. O problema esteve nas intoleráveis consequências das políticas do Governo, que o país não aguentava mais!! O problema já duradouro e estrutural está nas políticas e, por outro lado, na bipolarização da vida política, ainda por cima, entre forças que não encontram muitas diferenças em questões fundamentais.

Por isso, “Os Verdes” desafiaram todas as forças políticas a falar verdade e a tornar clara a sua posição sobre questões determinantes para o desenvolvimento. Mas, já alguém ouviu o PS definir-se sobre, por exemplo, os organismos geneticamente modificados? Ou sobre o Código de Trabalho - querem ou não a sua revogação? E sobre a privatização da água? E querem ou não acabar com esta tendência de privatização do Serviço Nacional de Saúde?

Cuidado, portanto! Aquilo que sabemos é que o PS está a reforçar e a destacar nas suas listas nomes contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez. O que sabemos é que o PS quer ajustar contas com o passado e quer implementar a co-incineração, esquecendo-se dos intensos movimentos populares que se formaram contra essa opção e que hoje está mais que provado que Portugal não precisa de investir na co-incineração para tratar os seus resíduos industriais.

Atenção, portanto! A alternativa não passa por uma maioria absoluta do PS. Daí só resultaria mais do mesmo!

Nós aqui sabemo-lo, mas é preciso dizê-lo, gritá-lo, lá fora: a alternativa só pode passar pelo reforço da CDU. Quanto mais peso tiver a CDU, mais influência terá nos acordos e nas propostas apresentadas.

Como sabem a nossa coligação é eleitoral. Depois das eleições formam-se dois Grupos Parlamentares distintos. Pois posso-vos garantir que quer o Grupo parlamentar “Os Verdes”, quer o Grupo parlamentar do PCP foram os que mais deram voz ao distrito de Setúbal e foram os mais procurados para a denúncia de problemas, para influir junto dos responsáveis para a sua resolução. Então o que pedimos é que as pessoas traduzam essa confiança no seu voto no próximo dia 20 de Fevereiro.

Amigos, daquilo que vi nesta iniciativa, e de outras iniciativas da CDU em que tenho participado, penso que o primeiro pressuposto para garantir uma grande campanha da CDU está a conseguir-se, com esta alegria, esta motivação e esta mobilização que aqui encontramos.

“Os Verdes” vão dizer muitas vezes nesta campanha que o Futuro se constrói. E que cada um de nós é agente dessa mudança e que o próximo dia 20 de Fevereiro é uma oportunidade para agirmos.

E como dizemos que o voto verde é na CDU, também dizemos que o voto para mudar a sério é na CDU.

Viva a Coligação Democrática Unitária

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