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30/09/2015
Comício de Braga - Intervenção de Francisco Madeira Lopes

INTERVENÇÃO COMÍCIO BRAGA CDU LEGISLATIVAS 2015

30-09-2013

Francisco Madeira Lopes – Partido Ecologista Os Verdes

 

Muito boa noite queridos amigos e companheiros da CDU.

 

Estamos a aproximar-nos do final desta campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2015 e acho que podemos dizer com convicção que ficou claro ao longo destas semanas, que para trás ficam, a diferença entre, se quiserem, duas fações essenciais de forças políticas em confronto directo: de um lado as forças do eixo da austeridade, que subscreveram com a troika o pacto de agressão a Portugal, o abusivo tratado orçamental e a destruição das conquistas de Abril; do outro as forças que querem, acreditam em Portugal e nos portugueses como nação soberana, com recursos e potencialidades de construir um futuro com sustentabilidade ambiental e justiça social. E a CDU é claramente a força convergente de esquerda que aglutina e lidera a denúncia das políticas da direita, propondo simultaneamente um rumo alternativa de dignificação do povo português.

 

E são vocês, somos todos nós, candidatos, militantes, simpatizantes e activistas dos Verdes, do PCP e da ID, que aqui hoje saudamos, que em conjunto com muitos independentes são o corpo e a força desta CDU que se apresenta como uma alternativa à alternância estafada entre PSD e PS a que assistimos nas últimas décadas com os efeitos nefastos por todos conhecidos.

 

Pedro Passos Coelho afirmou não pretender nesta campanha nenhuma desforra. Com efeito a desforra que eles prosseguiram não foi nesta campanha, mas foi ao longo dos últimos 4 anos, foi uma desforra contra o 25 de Abril e a constituição de 1976, foi uma desforra contra o SNS cada vez menos tendencialmente gratuito, uma desforra contra a escola pública de qualidade e para todos com o desvio de financiamento para as escolas privadas, uma desforra contra os ecossistemas e as áreas protegidas nacionais abandonadas e sem meios, uma desforra contra o trabalho com direitos e a contratação colectiva, uma desforra contra os últimos sectores públicos essenciais como a água e os resíduos, contra os transportes públicos e o direito de mobilidade das populações, mas uma desforra também contra as autarquias e o poder local autónomo e democrático, ou contra as mulheres que se vêem forçadas a recorrer à IVG, ou os homossexuais e o seu direito a ser dadores de sangue, um verdadeiro acerto de contas da direita mais retrógrada e bota de elástico contra um povo que quer ser livre para decidir do seu rumo e do seu futuro sem o jugo de uma Europa tirana, chancelerizada, esquecida dos princípios fundadores da solidariedade e paz entre os povos.

 

O PS procura bodes expiatórios para justificar a sua incapacidade para se afirmar como alternativa à direita. Joga a carta do calimero e diz que está sozinho na luta contra a direita. Caros amigos, essa nem os próprios socialistas convence.... Mas então quem é que combateu a política de direita neste mandato que agora findou? Foi o PS quando chumbou as propostas dos Verdes e do PCP na Assembleia da República de revogar as taxas moderadoras? Ou quando deixou passar o aumento do IVA na electricidade? Ou quando ajudaram a chumbar com o PSD e CDS a consagração do carácter público da água? Não meus amigos, quem combateu todos os dias a política de direita, dentro e fora da Assembleia da Repúbica, na rua, nos rios, nas fábricas, nas escolas e serviços de saúde foi a CDU na primeira linha em defesa da dignidade dos portugueses.

 

A CDU que lutou em defesa das áreas protegidas e do Gerês em particular, no respeito pelos baldios como componentes importantes da sua sustentatibilidade e de uma floresta e agricultura livres de OGM's com o direito às sementes como património ancestral de todos e sem patentes; A CDU que continuará a lutar pela despoluição dos rios Cávado e Ave, Homem e Vizela, exigindo a modernização e sustentabilidade das indústrias, bem como a protecção da orla costeira e a barra de Esposende para salvaguarda da comunidade piscatória. A CDU que luta contra a privatização dos transportes públicos e propõe a ligação carril entre Braga e Guimarães e a requalificação da Linha do Minho. 

 

Não admira que o PS se sinta isolado e não consiga descolar. O PS não compreende que já não é alternativa a coisa nenhuma, só tem para oferecer mais do mesmo que o povo experimentou amargamente nos últimos anos. O PS é assim uma espécie política transgénica, que se deixou manipular, contaminar no seu DNA, há muito tempo, introduzindo os génes da direita, da austeridade, da desigualdade social, da injustiça e dos compadrios.

 

Mas não estamos contra o PS. A nossa luta não foi neste mandato nem é agora nesta campanha contra o PS. É contra a direita e contra as políticas de direita venham elas de onde vierem. Agora o que não podemos é permitir que o PS passe uma esponja impunemente sobre o seu passado e sobre as suas responsabilidades. Não esquecemos, temos memória, não podemos ignorar que os ataques sociais que PSD e CDS, sob o mandato da troika e indo além deste, concretizaram, espezinhando e aviltando a dignidade das pessoas, já haviam sido antes iniciados pela Governação PS de que António Costa fez parte. Não nos esquecemos dos encerramentos de escolas, de maternidades, de SAP's e urgências na saúde, dos congelamentos de progressões na carreira e nos salários, da extinção de freguesias, ou da privatização dos CTT ou da TAP já planeadas pelo PS.

 

Mas o PS ainda está em tempo de fazer o mea culpa e reconhecer os erros. Renúnciar à sua cartilha eleitoral, a infame pastinha, onde prevê cortar receitas na Segurança Social com a redução da TSU, onde não dá mostras de querer recuar na submissão às  regras do tratado orçamental, onde não se distancia claramente das opções políticas do costume.

 

Tanto PSD como PS voltam a prometer nos discursos o que os seus programas não garantem, o que a sua prática desmente o que as suas falsas máscaras e risos amarelos não convencem: que, à semelhança, não apenas das últimas eleições, mas à semelhança de sempre, mentem e voltam a mentir. Prometem que agora é que é. Como falsos profetas anunciam luzinhas ao fundo do túnel, querendo convencer o povo de que o pior já passou. Mas os dados oficiais desmentem-nos, pois a dívida contínua a aumentar. Os documentos oficiais desmentem-nos pois o memorando para Bruxelas revela os novos cortes que se preparam para fazer. A própria Comissão Europeia veio já hoje desmenti-los e dizer o que já sabíamos: que os portugueses terão mesmo que pagar a factura do Novo Banco. Mas acima de tudo é a verdade de todos os dias que os desmente. A verdade dos 60 mil pensionistas que perderam o complemento solidário para idosos, a verdade dos 116 mil que perderam o RSI, a verdade das 600 mil crianças que perderam o abono de família, de um terço das crianças com carências alimentares, dos alunos com  necessidades educativas especiais sem apoios e professores especializados, das centenas de milhar de emigrantes, dos desempregados e a verdade dos novos pobres atingindo um total de 2 milhões e 700 mil. Não é este Portugal que quero, não é este o Portugal que queremos.

 

E é altura dos portugueses se perguntarem se é este Portugal que querem, para si e para hoje, para amanhã e para os seus filhos. É a altura de se perguntarem até quando vão continuar a confiar nos mesmos embustes e pantomimas. É já altura de dizer já basta, para esse peditório não damos mais! Queremos um pais novo! Assim é que é! Daqui o povo não arreda pé! Se tem que ser que seja agora!

 

Perguntava há dias o Ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva se alguém imaginava Jerónimo de Sousa como Vice-Primeiro Ministro. Bem, realmente, eu não sou capaz de imaginar ninguém da CDU a fazer os lamentáveis papéis que fez Paulo Portas, cá dentro e lá fora, vendendo o país, privatizando, alienado os estaleiros de Viana do Castelo, publicitando Portugal como o paraíso do investimento assente em baixos salários e ausência de direitos laborais. Pois, de facto, para esse modelo de Vice-Primeiro Ministro a CDU não está disponível. 

 

Mas, meus amigos, essas declarações do Ministro do Ambiente só prova como eles não são capazes de ver mais além. São prisioneiros mentais da sua ideologia e tecnocracia estéreis do deve e haver. Acham que a utopia faz mal à economia. Não percebem que uma economia que não responde às pessoas não vale nada. Não percebem que uma dívida com um serviço e juros que impedem qualquer investimento e reposição de salários e prestações sociais, constitui um garrote do país, e tem que ser necessariamente renegociada: essa é a única atitude responsável e com sentido de Estado. A sua recusa cega é pura teimosia e falta de bom senso. Mas eles não sabem que é o sonho que comanda a vida. Eles não são capazes de sonhar um país, e uma cidade livres habitando a substância do tempo no dia inteiro inicial e limpo.

 

 E é por isso que os portugueses têm que tomar uma importante decisão no próximo Domingo dia 4 de Outubro. A decisão, nas urnas que pode dar a volta a isto. Reforçar a CDU para a mudança necessária e realmente possível! Que ninguém fique em casa, que se transformem os votos em branco ou votos nulos em votos úteis de esperança, votos na força que não trai a palavra dada nem os interesses do país e dos cidadãos. Votos na CDU!

 

Viva a CDU!

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