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21/01/2011
Comício de Guimarães 21 de Janeiro 2011 - Intervenção de Manuela Cunha - “Os Verdes”
Encerramento da campanha para as eleições presidenciais

Boa noite,
Amigos e companheiros, meus senhores e minhas senhoras

Permitam-me que em primeiro lugar e em nome da Direcção Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, vos saúde a todos e que deixe ainda aqui três saudações muito especiais:
A primeira, a toda esta juventude aqui presente que alguns teimam em não ver.
A segunda ao povo trabalhador de Guimarães e do Distrito de Braga, um distrito com um peso tão significativo de juventude tem de ser uma alavanca para um futuro melhor e contribuir para que a região Norte não seja uma das regiões mais pobres do país e entre as 30 mais pobres da EU25.
A terceira e última saudação, muito especial, que aqui quero deixar em nome de “Os Verdes” e de muitos ecologistas vai para o Candidato, o nosso Candidato…. FRANCISCO LOPES.
Pela dignidade que a sua Candidatura conferiu à Campanha e à Democracia. Dando um contributo inegável e de grande qualidade para elevar o debate eleitoral, para esclarecer os eleitores, confrontando os outros candidatos, com factos, ideias e propostas, sem nunca entrar pelo caminho fácil do populismo, do insulto ou da “fulanização”.
Pela voz que deu a todos os que são vítimas, deste sistema profundamente injusto: Aos que não têm emprego, aos que não têm médico ou simplesmente transporte para lá chegar, aos que se vêem obrigados a interromper os estudos, por lhes terem sido retiradas as bolsas, aos que vêem os seus recursos naturais e as suas referências patrimoniais destruídas.
Uma saudação…. Pela confiança e força que transmitiu a todos os que não se resignam e que neste momento particularmente difícil, quando o desânimo, o desinteresse e a desistência, tendem a alastrar, precisam de forças para continuar a lutar por uma vida melhor, por um Portugal …mais justo, mais desenvolvido, mais culto, mais belo.

Caros Amigos e Companheiros,
No próximo domingo, os portugueses vão eleger o Presidente da República.
Num momento onde muitos trabalhadores, com ou sem emprego, muitas famílias, os idosos os doentes, os jovens se confrontam com dificuldades inimagináveis e que se vão ainda agravar nos próximos tempos, com os cortes nos subsídios de desemprego, nas reformas e nas pensões, nos salários da função pública, com o aumento do preço dos transportes, da energia, dos medicamentos.

Num momento onde as pequenas e médias empresas se vêem obrigadas a fechar a porta, atulhadas em dívidas e de encargos. Quando a nossa economia está cada vez mais débil e dependente do estrangeiro, nomeadamente da banca alemã, não só devido à especulação financeira mas também e ainda devido ao desmantelamento progressivo da nossa capacidade produtiva. Como se pode admitir que neste país com características rurais ainda bem vivas, com produtos de tanta qualidade, a dependência alimentar atinja hoje perto de 74%.

Quando as instituições e entidades que prestam serviço à sociedade na área social, se vêem confrontadas com tantos problemas que já estão a reduzir a sua actividade, deixando os mais frágeis ainda mais desprotegidos.

Não precisamos de um Presidente da República como o actual que nos discursos muito fale dos pobres, mas que no quadro dos seus poderes deu sempre cobertura a todos os actos do Governo que desprotegeram os mais desfavorecidos e protegeram os interesses dos mais favorecidos e poderosos, os grandes interesses especulativos, tal como aconteceu no célebre caso do BPN (e noutras situações menos mediáticas). É que são decisões como estas que esvaziaram os cofres do Estado, que desviam os dinheiros públicos das reais necessidades dos portugueses e do país.

Precisamos, pelo contrário de um Presidente que se pronuncie claramente contra as opções e orientações políticas quando estas põem os lucros gananciosos de certos sectores da economia à frente dos interesses dos trabalhadores, do povo português e do desenvolvimento do país. Como foi o caso quando o Governo se “esqueceu” de tributar a distribuição antecipada de dividendos que as grandes empresas fizeram no ano passado, e que só no caso da PT, o Partido Socialista e a Direita, permitiram que meia dúzia de accionistas deixasse de pagar cerca de 250 milhões de euros. Mais ou menos o valor que o Governo estima vir a arrecadar com os cortes que impôs nos abonos de família.

Quando estão postos em causa com estas políticas muitos dos direitos constitucionais, precisamos de um Presidente que cumpra plenamente o seu papel de guardião da Constituição e que age para que os valores nela inscritos sejam cumpridos: o direito ao trabalho, à saúde, à educação, à liberdade sindical (ainda à poucos dias posta em causa com a prisão de dois sindicalistas), ao ambiente, ao desenvolvimento.

Quando na área cultural as associações e grupos vêm por falta de financiamento a sua produção ameaçada, quando o património deste país ameaça de cair em ruínas ou é entendido como uma mera mercadoria e entregue para gestão e utilizações privadas, o país fica mais pobre e ferido na sua identidade, identidade que um Presidente da República deve defender.
Quando ainda, a ganância e o lucro de algumas empresas e dos seus accionistas, se sobrepõem a questões ambientais fundamentais para o futuro do país e até da humanidade, como a preservação da biodiversidade e dos solos agrícolas ou a qualidade das nossas águas, quando se sobrepõem aos valores culturais e patrimoniais, aos interesses das populações e do desenvolvimento da região, como acontece com as empresas do sector energético, como por exemplo com a EDP e com a Iberdrola, no caso das novas Barragens na Bacia do Douro, nomeadamente no Tua e no Tâmega.
Quando esses interesses são assumidos pelo Governo como se do interesse nacional se tratasse, como foi também o caso com os PIN, no domingo o voto de todos os que são lesados e todos que se têm manifestado contra esta situação, de todos os ecologistas só pode ir para o único candidato que nunca pactuou com as políticas que estão na origem desta escandalosas opções. Este Candidato é o Francisco Lopes. Não só pelo que defende e sempre defendeu, mas porque a candidatura do Francisco Lopes é alicerçada num património colectivo com provas dadas, na luta em defesa destas questões e é uma garantia que a luta continua após o dia 23.

Os demais candidatos estão todos irremediavelmente comprometidos não só com estas decisões concretas mas também e ainda com o rumo que tem sido imprimido ao país, e que tem conduzido ao desemprego, aos ataques aos direitos sociais, ao desmantelamento do Estado Social e ao enfraquecimento dos serviços públicos, às privatizações, aos desequilíbrios ambientais e territoriais, à destruição da produção nacional e das pequenas e médias empresas, sustentáculo do emprego do país:
Cavaco Presidente assistiu impávido e sereno a tudo isto, ou não actuando ou apoiando. Os três outros candidatos, que por detrás têm o apoio oficial ou oficioso do PS ou de parte dele, também não se demarcaram destas políticas quando da aprovação do OE, nem como candidatos, nem no lugar que ocupam ou ocuparam como deputados na AR. Pelo contrário, quando confrontados com propostas concretas na AR as suas votações estiveram sempre ao lado do Governo, desmentindo assim as suas boas intenções eleitorais. Foi assim que Manuel Alegre, o Homem de cultura, votou contra a proposta de “Os Verdes” de classificação da linha ferroviária do Tua como Património Nacional, foi assim que Defensor de Moura que agora se diz contra a barragem do Tua votou contra a proposta de “Os Verdes” para se suspender o Programa Nacional de Barragens. Quanto a Fernando Nobre diz e desdiz, tal como aconteceu com o Orçamento de Estado e navega à bolina entre a margem esquerda e a margem direita à procura de ancoradouro.
Estes candidatos que agora andam de comboio, um, para dar o seu ar de irreverente face ao eleitorado bloquista, outro porque enfim descobriu agora uma alma ecologista, (que não tinha descoberto quando era Presidente da CM de Viana do Castelo e que pretendeu levar avante um projecto que consubstanciava um enorme crime ambiental e levaria irremediavelmente à destruição do Sapal do rio Lima. Só impedido pela actuação das populações e de “Os Verdes”.
Estes novos amigos dos comboios, esqueceram-se nestas viagens de condenar a política do Governo que no património ferroviário só vê sucata e não memória e potencial de desenvolvimento, e que se prepara para levar para frente ataques serrados ao sector dos transportes ferroviários. Ataques que se forem concretizados representarão um verdadeiro retrocesso civilizacional, levando ao encerramento definitivo de mais de 500 km de linhas férreas (quase tantas como o Cavaco encerrou) e de muitos dos serviços prestados nesta área à população. Isto num momento onde a crise até está a levar mais pessoas a recorrer aos transportes públicos, como se viu agora com os números apresentados pelo Metro do Porto e quando os desafios ambientais, alterações climáticas, problemas energéticos, desertificação do interior e ainda as necessidades cada vez mais prementes de mobilidade deveriam fazer da aposta no transporte ferroviário uma prioridade nacional. Quanto a estes novos amigos do comboio temos uma certeza que vão descer já no primeiro apeadeiro, o apeadeiro 24 de Janeiro e que a ferrovia nunca mais contará com elas.
Caros Amigos e Companheiros,
No domingo, o voto dos portugueses tem de falar:
Os Verdes apelam a todos os ecologistas para que o seu voto condene estas políticas que protegem os crimes ambientais, ameaçam os nossos recursos naturais e impedem um desenvolvimento sustentável.
Os Verdes apelam aos homens e mulheres da cultura para que com o seu voto defendam o nosso património, a nossa criatividade e identidade.
O voto dos portugueses tem de deixar um recado claro de condenação das políticas seguidas que mergulham milhares de portugueses em situações dramáticas, afundam este país e hipotecam o seu futuro.

No domingo, o voto dos portugueses tem de marcar a exigência de um novo caminho para o país, um país que aproveite os seus recursos endógenos, nomeadamente na agricultura para produzir e criar riqueza e bem-estar para todos.

Os Verdes apelam para que no domingo o voto dos portugueses seja dado a quem tem provas dadas de lutar e contribuir para a construção desse caminho…. Esse é o candidato Francisco Lopes.

Com confiança no futuro e por Portugal, vamos votar Francisco Lopes.

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