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12/02/2005 |
Comício em Queluz - Intervenção de Francisco Madeira Lopes |
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Amigos, companheiros e camaradas,
Encontramo-nos a cerca de uma semana do dia em que os portugueses irão decidir do seu futuro, do futuro de Portugal. Estas eleições, convocadas, embora tardiamente pelo Sr. Presidente da República, em reconhecimento do profundo mal-estar e instabilidade em que esta maioria absoluta de direita lançou o nosso país, vieram abrir uma janela de esperança e uma oportunidade de mudança, depositando assim, igualmente, nas nossas mãos uma responsabilidade que não enjeitamos: a de dar, não um contributo, mas o contributo decisivo para operar a mudança. Temos consciência que é essa a nossa tarefa. Para tanto, é fundamental o reforço da CDU, a força que demonstra por actos e não por slogans que é realmente de confiança.
Já caminhamos juntos há algum tempo. A Coligação Democrática Unitária tem demonstrado ser uma força coesa, coerente e com um projecto de verdadeira política de esquerda para Portugal. O Partido Ecologista “Os Verdes”, em conjunto com o Partido Comunista Português, a Intervenção Democrática e muitos independentes, reafirma aqui hoje, neste comício em Queluz, a sua vontade e o seu compromisso de mudança. Reafirma que a luta por um futuro diferente e alternativo, na direcção da construção de um mundo melhor, com desenvolvimento sustentável e em harmonia com a Natureza, é uma luta de esquerda. Que só pode ser de esquerda, pois os valores da ecologia são absolutamente incompatíveis com sujeições aos interesses das grandes multinacionais, sejam elas da privatização da água ou do sector agro-alimentar que querem impor o cultivo dos transgénicos, as quais, na busca cega do lucro e do controle económico, olham para as pessoas e para os recursos naturais como meros elementos de produção transacionáveis num qualquer mercado da bolsa. Por isso, nestas eleições, só poderíamos concorrer coligados na CDU.
Os portugueses conhecem o Partido Ecologista “Os Verdes” e sabem que podem contar connosco, denunciando atentados ambientais por todo o país, exigindo do governo respostas claras, propondo vias, mostrando caminhos.
Temos provas dadas e trabalho feito, e por isso dizemos que a nossa voz, que a voz do Partido Ecologista “Os Verdes” faz falta no parlamento. E faz falta porque o ambiente não pode ser uma mera flor na lapela ou uma pincelada de maquilhagem artificial num programa político ou lista de candidatos, mas só pode ser encarado como um pilar fundamental na construção do futuro e na preservação da própria vida no nosso país e no nosso planeta.
Por isso, reafirmamos, é fundamental votar verde, é fundamental votar CDU porque só com o reforço da CDU, com mais votos e mais deputados, podemos garantir que o país vai de facto virar à esquerda, afastando-se assim das políticas de direita: das privatizações, do drama do aborto clandestino causado por uma lei hipócrita, da vergonha da promoção da guerra no Iraque, duma lógica de crescimento desordenado e insustentável gerador de poluição com a consequente degradação da saúde pública, do agravamento das assimetrias regionais, de depredação dos nossos recursos naturais e endógenos numa lógica capitalista de lucro e desperdício em que a Natureza e as pessoas são meros acessórios descartáveis.
Só com o reforço da CDU é que será possível:
- Impor o respeito pelo princípio da precaução não permitindo a imposição do cultivo de Organismos Geneticamente Modificados ao arrepio das opiniões de agricultores, ambientalistas, cientistas e médicos;
- Garantir o direito ao bem mais precioso à vida, a água, opondo-se intransigentemente às tentativas de mercantilização e privatização, seja qual for a forma que estas assumam;
- Defender a progressiva independência energética de Portugal, com recurso às energias renováveis e não poluentes;
- Tomar medidas como o investimento em transportes públicos urbanos e interurbanos de qualidade e em condições socialmente sustentáveis de acesso, - Assumir as nossas responsabilidades para com Quioto na diminuição das emissões de gases poluentes e com efeito estufa;
- Desenvolver com sustentabilidade e em harmonia com a natureza, o aumento da produtividade, da riqueza e do bem-estar de Portugal.
Amigos, de todos os quadrantes chegam cada dia novos apoios à CDU engrossando este caudal de vida, de energia e de esperança, pessoas que antes não estavam connosco e que agora, reconhecendo, mercê dos factos concretos, da realidade palpável, olhando, com olhos de ver, para o trabalho feito, para a seriedade, o rigor, a correcção e a honestidade, para a própria forma de estar dos nossos candidatos nesta campanha, compreendendo que os fantasmas não têm afinal razão de ser, decidem agora apoiar a CDU. São os micro, pequenos e médios empresários que já perceberam quem é que defende a produtividade de 98% do tecido empresarial português. São professores, operários, médicos, agricultores, são cidadãos que estão fartos de serem enganados, que perderam a fé, porque estão cansados. Estão cansados desta alternância de caras sem mudança concreta de atitude, de políticas, que reconhecem o que sempre dissemos: que os políticos não são todos iguais.
Na última semana outros partidos vieram para a rua prometer a mudança. Mas só a CDU, que não promete, mas garante uma verdadeira mudança, uma mudança a sério, é que está em condições de impedir que continuemos neste caminho amorfo, neste clima de dificuldades e desilusão. Porque a CDU dá garantias pois ao longo de todos estes anos nunca cedeu aos seus princípios, defendendo os interesses de todos os que trabalham e querem ver Portugal sair do buraco para onde foi lançado, lutando lado a lado com as populações, associações, sindicatos, onde haja um crime ambiental a decorrer, onde esteja uma empresa a fechar ou postos de trabalho em perigo, seja nas cidades, nos campos, no litoral ou interior, do Norte ao Sul e Atlântico, a CDU lá está, e estará sempre independentemente das câmaras e dos flashs, atrás dos quais alguns correm avidamente, e independentemente até dos resultados eleitorais das próximas eleições. Porque o nosso compromisso é com Portugal, com os valores de Abril, pela justiça e igualdade, pela liberdade, pela Democracia, e nós cumprimos os nossos compromissos.
E é isso que tem faltado no restante panorama político-partidário: seriedade e responsabilidade.
Na verdade, os dois partidos do bloco central, o PS e o PSD, dão sinal de estarem velhos e cansados, caducos e sem vitalidade, sem prestígio, sem capacidade para devolver a confiança a Portugal porque eles próprios já demonstraram e demonstram todos os dias, pelas contradições que apresentam, que não são dignos da confiança dos portugueses e que não dão garantias de conseguir dar a volta a isto. De conseguir a mudança tão ansiada por todos os portugueses.
Enquanto vociferam e se esganiçam desesperados, uns porque já pressentem a derrota há muito anunciada e outros porque vêem-lhes fugir a maioria absoluta, a CDU faz a sua campanha com serenidade e tranquilidade. Com a serenidade de quem tem um património de luta e de trabalho realizado, de vitórias alcançadas. A serenidade e a tranquilidade, a correcção e firmeza de que o Secretário-Geral do PCP Jerónimo de Sousa tem sido, a imagem mais clara e exemplar.
Amigos e companheiros, porque a nossa luta é justa e fundamental, vamos ao trabalho, levando esta energia e alegria para a rua, levando esta mensagem de esperança e confiança a todos os que encontrarmos.
VIVA a CDU.