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26/04/2009 |
Encontro CDU Couço (Coruche) |
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INTERVENÇÃO COMÍCIO NO COUÇO
26 DE ABRIL DE 2009
Francisco Madeira Lopes
Companheiros e Amigos,
Em nome do Partido Ecologista “Os Verdes”, gostaria de vos saudar e dizer que é com um enorme prazer e uma imensa alegria que aqui estou hoje, dia 26 de Abril, no dia seguinte ao trigésimo quinto aniversário da revolução do 25 de Abril de 74, no Couço, terra de exemplar coragem e heróica resistência que escreveu, por mérito próprio das suas gentes, uma página indelével na história da resistência anti-fascista em Portugal que foi coroada de vitória naquela madrugada libertadora.
E se me permito recordar esse facto e trazer aqui hoje à colação o 25 de Abril, e a luta dos coucenses durante a longa noite do fascismo, faço-o por duas razões: 1º, contra as tentativas de branqueamento, revisionismo e esquecimento da nossa história recente, pois um povo sem memória, sem conhecimento histórico, é um povo incapaz de compreender o presente e de realizar as mudanças necessárias para construir um futuro melhor; e em 2º lugar porque o 25 de Abril nos lembra todos os anos, apesar do muito de Abril que continua por cumprir, apesar até dos retrocessos que as políticas de direita nos têm imposto, roubando conquistas dos trabalhadores e do povo português, que vale a pena lutar porque é possível vencer. Só lutando é possível vencer. E no mês de Abril vencemos nós, e então dizia-se, e agora todo o mundo vai ouvir a nossa voz.
E, companheiros e amigos, é com Abril no coração que continuamos, hoje, a lutar, com esperança e com confiança, para cumprir Abril, na certeza de que os tempos de grave crise económica e social que vivemos, bradam aos quatro ventos o falhanço rotundo do modelo de economia de mercado capitalista que nos impingiram, que serve muito bem, há demasiados séculos, para perpetuar a exploração do homem pelo homem, para agudizar os desequilíbrios ambientais causados pela sobre-exploração da Natureza e destruição do ambiente, mas que não dá resposta aos grandes problemas da humanidade: a fome, a pobreza, a desigualdade, as injustiças, a guerra.
Hoje, perante a evidência do desastre, todos são contra o Neoliberalismo. Até quem o tem andado a praticar e a promover as suas políticas, como é o caso do Partido Socialista no Governo, designadamente nos últimos quatro anos, depois de ter sido eleito em 2005 para governar à esquerda, e de ter feito um manguito ao Zé Povinho mas com a mão direita, faltando ao prometido, vem agora pretender fazer a apostasia, renegando a cartilha Neoliberal que têm andado a seguir, e culpando-a até da actual crise que atravessamos.
Longe de assumir as suas responsabilidades, na situação actual do país, o Primeiro-Ministro José Sócrates e o PS vêm vindo tentando sacudir a água do capote. Têm toda a razão quando dizem, como o fazem na Moção que aprovaram no seu último congresso, que “o mundo acaba de assistir à derrota do pensamento político neoliberal” e que “Esta crise não pode ser resolvida recorrendo aos princípios, às práticas e às políticas que a provocaram”. Agora o que eles não dizem é que, tal como a direita, foram obedientes adeptos dessas políticas e seus fervorosos acólitos.
Foram-no quando permitiram a especulação desenfreada nos mercados financeiros, quando permitiram tudo à banca, desde uma taxa efectiva de IRC mais reduzida até a esquemas fraudulentos e ilícitos, como os que hoje sob investigação, feitos nas barbas do Banco de Portugal, para que, mesmo em crise, continue a cumular milhões de lucros.
Foram-no quando promoveram um ataque sistemático ao Estado social, cortando no dinheiro do Orçamento de Estado destinado à Saúde, ou à Educação, causando encerramento de serviços, como escolas e urgências, obrigando as famílias portuguesas a pagar ainda mais numa Europa em que já são as que mais pagam.
Foram-no quando defenderam um emagrecimento do Estado, um ataque sem precedentes a todos os funcionários públicos, o aumento da idade da reforma, a redução de pensões, o congelamento de salários, quando aprovaram um Código do Trabalho que ataca a contratação colectiva, que precariza ainda mais os vínculos laborais, roubando direitos a quem trabalha, ou quando deixaram a porta aberta para uma futura privatização da Segurança Social.
Foram-no e são-no quando entregam através de privatizações ou de concessões os bens do domínio público e os serviços públicos à gula dos grandes senhores do dinheiro, na Saúde, nos transportes, no ambiente e no território, na energia, na água, bem fundamental à vida e que é tratado como se de uma vulgar mercadoria se tratasse, como se não constituísse uma riqueza natural do território e um bem público pertencente ao povo português a ser gerido com a máxima cautela e eficácia, garantindo a igualdade no acesso e a prática de tarifas sociais, uma gestão prudente ao serviço da economia e principalmente das populações.
Companheiros e Amigos, que ninguém se deixe enganar.
Infelizmente, aqui em Portugal, como na Europa, as receitas do costume, praticadas pelos dois do costume, PS e PSD, acolitados pelo CDS, só têm prejudicado os interesses do povo português, como dos outros povos europeus.
É importante que tenhamos consciência da importância de ir votar no próximo dia 7 de Junho para as eleições para o Parlamento Europeu, e votar bem!
Votar para ajudar a mudar o rumo que tem vindo a ser construído para esta Europa e para Portugal.
É claro para “Os Verdes” que o projecto europeu necessita de outro rumo, mais próximo dos cidadãos europeus, mais solidário e menos federalista, mais ousado no que toca às metas ambientais e energéticas, e simultaneamente mais respeitador das especificidades e necessidades de cada Estado, independentemente da sua dimensão, e das suas realidades ambientais, agrícolas e económicas.
As próximas eleições para o Parlamento Europeu serão não apenas as primeiras de um ciclo eleitoral concentrado, de intenso trabalho político, a necessitar da participação e envolvimento de todos, ciclo esse para o qual é preciso partir da melhor forma possível, mas serão por outro lado a primeira oportunidade para mostrar o cartão vermelho às políticas erradas que tanto cá, como na Europa, o bloco central tem defendido e posto em prática.
Querem maior prova da existência, de facto, deste bloco central do que o apoio que o PS está a dar à recandidatura de Durão Barroso à Comissão Europeia?
O Durão Barroso que tem sido na Europa, como foi em Portugal, o rosto do neoliberalismo, que tem defendido os interesses das grandes multinacionais, por exemplo no caso dos Organismos Geneticamente Modificados na Agricultura que ameaçam as nossas variedades locais e a independência dos nossos agricultores.
O Durão Barroso que se gaba de ter sempre os Estados a apoiar as suas decisões mas esquece-se de dizer que são sempre os mesmos Estados membros, os grandes da Europa prejudicando sempre os interesses dos pequenos Estados como Portugal, prejudicando o seu próprio país.
O Durão Barroso que tem defendido a Agenda de Lisboa que, longe do pleno emprego e redução da pobreza e das desigualdades que prometeu, a verdade é que tem conduzido à debilidade do crescimento económico, à destruição do nosso tecido agrícola e industrial, ligado às privatizações e liberalizações, mas também ao agravamento da pobreza e das desigualdades sociais num país que vai ficando mais pobre e de onde emigram os portugueses.
O Durão Barroso que quis ficar na fotografia dos senhores da Guerra do Iraque, ao lado de Aznar, Blair e George Bush, mesmo que só servindo os cafés, uma Guerra sustentada em mentiras para esconder os verdadeiros interesses económicos e de poder de controlo regional numa zona de importantes recursos petrolíferos.
O Durão Barroso que na Europa, tal como José Sócrates em Portugal, quer impor ao povo a Constituição Europeia, agora recauchutada em Tratado de Lisboa, tendo-lhe roubado o direito a se pronunciar em referendo livre sobre este documento cozinhado entre as lideranças europeias deixando os povos à margem.
Um Tratado que caminha claramente na direcção federalista, roubando competências aos Estados Membros e criando um Ministro dos negócios estrangeiros europeu, um Tratado que caminha na direcção do aprofundamento do belicismo, que não respeita a soberania e as especificidades dos Estados membros, que entende que o único caminho de construção europeia é esta integração pouco democrática que sujeita os pequenos Estados à vontade dos grandes.
Meus Amigos,
O que é importante é dizer às pessoas que existe alternativa a este rumo de coisas e que é tão urgente como possível construir essa alternativa.
A Coligação Democrática Unitária, pela sua seriedade, porque honra os seus compromissos, porque tem sido a voz dos Portugueses e dos interesses de Portugal no Parlamento Europeu, faz toda a diferença, é a verdadeira alternativa de esquerda, de uma esquerda ampla e convergente, e por isso é fundamental o reforço da CDU, e das forças que a compõem, Partido Ecologista “Os Verdes”, Partido Comunista Português, Intervenção Democrática e os muitos independentes, também no Parlamento Europeu.
Amigos e Companheiros,
Para que todo o mundo, ou pelo menos a Europa, ouça a nossa voz, a voz dos ideais de Abril, da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade, é preciso dar mais força, mais voz a quem tem sido a voz dos portugueses e de todos os trabalhadores europeus no Parlamento Europeu: a CDU.
VIVA A CDU!