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13/09/2015
Intervenção de Francisco Madeira Lopes candidato da CDU pelo círculo eleitoral de Lisboa, no comício em Loures
Boa tarde Amigos e Companheiros da CDU, companheiros de jornada, companheiros de luta, que saúdo a todos aqui presentes hoje neste grande comício, em nome e em representação do Partido Ecologista Os Verdes, saudando também naturalmente o PCP e a Intervenção Democrática sem esquecer os muitos independentes que são, desde sempre, não só parte fundamental deste grande projecto de intervenção política e cívica, mas também a confirmação inequívoca de que este é um espaço plural de unidade, encontro e construção democrática e participada.

A participação de todos na CDU é uma tarefa inadiável e indispensável, de ontem, de hoje e de sempre. Para quem, como nós, não sabe estar de outra forma na vida como na política, com verdade, honradez e coerência, não existe real diferença entre o antes e o depois de umas eleições: tudo são passos de uma mesma caminhada, certa e confiante, dados na direção de um futuro melhor.

Mas à medida que o tempo avança, à medida que vamos caminhando e nos vamos aproximando das eleições legislativas no próximo dia 4 de Outubro, vemos outros partidos, aqueles que têm por hábito mudar de rosto e de discurso depois das eleições, aqueles partidos que querem que nada mude, que trabalham para que tudo fique na mesma, para que o povo português perca de vez a esperança e deixe de acreditar na mudança, que é possível, vemos esses partidos a ficarem cada vez mais nervosos.

Vão ficando mais nervosos porque vão percebendo que é muito real a probabilidade de virem a não ter maioria absoluta, nenhuma maioria absoluta, seja da Coligação de direita do PSD/CDS seja do Partido Socialista. E o nervosismo não é só deles. É também dos grandes grupos económicos que contam com uma maioria dos partidos do costume, os do arco da podridão, para prosseguirem a sua voragem de exploração sobre os trabalhadores, sobre os recursos naturais do país, sobre os sectores fundamentais da educação, saúde, energia, água, resíduos, sobre as empresas públicas, que esperam ver privatizadas. Porque, para os senhores do dinheiro, tanto faz que essa maioria absoluta venha da direita ou da pseudo esquerda do PS. É-lhes rigorosamente indiferente. O caminho que pretendem que continue a ser trilhado, como nas últimas décadas de destruição das conquistas revolucionárias do 25 de Abril e da Constituição de 1976, é um mesmo e um só. O caminho de submissão dos interesses de Portugal aos ditames da União Europeia. O caminho da destruição da nossa capacidade produtiva e continuidade da nossa dependência alimentar e energética do estrangeiro. O caminho de eucaliptização do país incluindo em terrenos agrícolas às vezes até de regadio. O caminho da privatização da água, bem público por natureza e da natureza, de todos nós, de todos os seres vivos. O caminho do estrangulamento do direito a sonhar, a construir, a crescer e a aprender, em liberdade, em igualdade, com justiça social e sustentabilidade ambiental.

E é tanto assim quanto chegamos a ouvir dizer da parte de um ou outro dirigente do PS ou do PSD como é importante para o país ter estabilidade e uma maioria absoluta, e se não puder ser da sua, pelo menos que seja do outro, daquele seu alter ego, com quem se têm vindo a alternar na cadeira do poder, na cadeira do engano, da mistificação, da mentira e da ilusão. Eles querem todos o mesmo: o business as usual, vira o disco e toca o mesmo, e siga a dança que quem paga são sempre os mesmos. Até quando meus amigos?

Eu diria que no próximo dia 4 de Outubro o povo português tem uma boa oportunidade de lhes dar uma lição e de lhes fazer chegar uma mensagem: já basta, queremos uma política diferente! Para tanto, para isso acontecer, só há uma maneira: votar na alternativa. Votar CDU. É preciso avisar os mais incautos:

Se querem castigar a austeridade, não fiquem em casa. Se querem castigar a mentira de quem prometeu não aumentar impostos ou cortar nas pensões fazendo o contrário depois de eleito, como o PSD, não deixem de ir votar. Mas não se limitem a votar em branco ou a protestar com um voto nulo. Sejam ousados, sejam corajosos. Façam algo de diferente desta vez: votem em quem não trai a palavra, em quem só tem um compromisso, com o povo português e com o vosso futuro, votem na CDU e com isso castigarão PSD, PS, CDS e ajudarão a construir uma política alternativa de verdade, uma alternativa de governo, com soluções concretas para Portugal.

Soluções que passam pela renegociação da dívida externa que a direita fez aumentar para 130% do PIB nacional. Que passam pela defesa dos transportes públicos e da ferrovia, como medida para reduzir a importação de combustíveis fósseis e as emissões de gases com efeito estufa e garantir o direito à mobilidade por parte das populações, travando o processo de encerramentos de linhas, percursos e horários, ou de privatização das empresas públicas de transportes na parte lucrativa nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Que passa por promover a eficiência e poupança energética e o investimento nas renováveis. Que passa pela defesa dos serviços públicos, do SNS e da Escola Pública, garantes da igualdade e equidade entre todos no acesso a estas funções essenciais do Estado. Que passam pela valorização dos salários e pensões. Que passam por impedir a venda do resto do país em concessões e privatizações ao capital privado, nacional ou estrangeiro, garantir o carácter público da água e da gestão dos resíduos.

É particularmente grato defender a água pública e a gestão pública do, igualmente muito apetecível, mercado de resíduos, hoje aqui em Loures. Aqui, onde a Câmara Municipal, com uma gestão CDU, com a qual recuperou os valores de Abril, se mostrou das mais aguerridas na tentativa de travar o processo de privatização da EGF e com ele da gestão de mais de 65% do total de resíduos do país, processo que continuaremos a tentar reverter. Aqui onde o Município, sem sectarismos nem preconceitos, mas com diálogo franco, lealdade e transparência, conseguiu impedir a privatização da água em Odivelas, que já era dada como certa, garantindo a sua gestão pública e segundo critérios de racionalidade, justiça social e equidade no acesso. Saudamos por isso a Câmara Municipal de Loures e, na pessoa do seu Presidente, Bernardino Soares, todo o colectivo CDU e funcionários municipais que contribuíram com o seu esforço para esta vitória.

É por isso meus amigos, que a CDU, mais uma vez se demonstra, tem provas dadas, reais e concretas na boa gestão pública na governação autárquica. Provámos que é possível reestruturar a dívida, renegociar contratos ruinosos com os privados, respeitando os trabalhadores nas 35 horas, defendendo o interesse público.

Não admira por isso que a direita e o PS tanto tenham atacado as autarquias, na sua autonomia, nos últimos anos, com os limites cegos e matemáticos à contratação de trabalhadores, a lei dos compromissos que visa manietar os autarcas pelo medo e com ameaças, a tentativa de esvaziar as câmaras das suas competências para as entidades intermunicipais, a lei das finanças locais ou a extinção de freguesias que, mais uma vez aqui em Loures é paradigmática, pois nem o parecer negativo do Município impediu, neste caso o PS, de avançar com um processo que, depois, já na oposição, criticou no resto do país mostrando a outra face do feijão frade, como lhes convinha. Mas essa dupla face revela-se ainda quanto às privatizações como, por exemplo, do caso da TAP - nós não nos esquecemos como o PS tentou fechar negócio vendendo à Swissair quando era Governo. Nem de que o PS se absteve na proposta de aumentar o IVA na restauração nos 23%. Ou de que votaram contra a proposta para repor o horário de trabalho da função pública nas 35 horas, ou para abolir as taxas moderadoras. Ou, por mais viagens de comboio que faça António Costa, não nos esquecemos das centenas de kilómetros de ferrovia que o PS encerrou quando foi Governo, incluindo as linhas do Tua, Corgo ou Tâmega e da preparação da CP para a venda a retalho. Nós não esquecemos finalmente que medidas que o PS criticou mais tarde na oposição, como a privatização dos CTT, estavam já previstas no seu PEC4, portanto não nos venham atirar areia para os olhos: o PS, este PS, não é alternativa a coisa nenhuma. É farinha do mesmo saco da direita.

Mas, meus amigos, a CDU não se apresenta a estas eleições, mais uma vez, contra o PS, ou contra o PSD/CDS. A CDU apresenta-se a favor do povo português e do país. Estamos contra, isso sim, a política de direita, venha ela de onde vier, mas também contra a mentira e a hipocrisia que descredibilizam a vida pública e a democracia.

Por mais que digam o contrário, os partidos não são todos iguais. A vida demonstra-o. Nós não nos vamos embora, não desistimos de Portugal e da nossa soberania. Não trocamos os cargos públicos pela administração de grandes grupos económicos, holdings, institutos públicos ou bancos. Nós vamos ficar cá, no Portugal real, junto dos portugueses reais a quem não foi dada a igualdade de oportunidades. Junto dos portugueses desempregados com e sem subsídio de desemprego. Junto dos portugueses com ordenado mínimo. Junto dos portugueses reformados que foram uma, duas, três vezes castigados nas suas pensões. Junto dos agricultores biológicos e dos pequenos agricultores familiares. Junto dos micro, pequenos e médios empresários, principais empregadores do país mas não os principais beneficiários das reformas fiscais. Junto dos portugueses sem médico de família, sem serviço de saúde ou sem urgência de proximidade. Junto dos alunos com professores desmotivados, em turmas sobrelotadas, perdidos e isolados num qualquer mega-agrupamento. Junto da maioria dos portugueses, mesmo quando estes de braços caídos e quase sem esperança, não levantam o rosto e arrancam as palas da realidade virtual televisiva para ver quem está de facto ao lado deles e do lado deles.
Mas nós não desistimos. Somos como a tuna do Zé Jacinto, tocando a marcha Almadanim. Por isso no Domingo dia 4 de Outubro, embora sem bibe e pião, e mesmo que seja de futebol, lá vamos nós sair à rua a fazer a diferença! Domingo 4 de Outubro e todos os domingos até lá, todos os dias até lá. Como disse Manuel da Fonseca, assim nós dizemos aos portugueses: “Se a vida é curta e a morte infinita, despertemos e vamos eia! Vamos fazer qualquer coisa de heróico, como era a Tuna do Zé Jacinto tocando a marcha Almadanim! Vamos votar CDU!

Viva a CDU!
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