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01/07/2015 |
Intervenção de Manuela Cunha, membro da Comissão Executiva Nacional do PEV e 1ª da lista da CDU ao Círculo Eleitoral de Portalegre |
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Boa Tarde Amigas e Amigos, Companheiras e Companheiros, Senhoras e Senhores Jornalistas.
Permitam-me, antes de mais, saudar calorosamente todas e todos os presentes, nomeadamente os que se deslocaram, de outros concelhos do distrito, para partilhar este primeiro ato público da CDU no âmbito das eleições legislativas de 2015.
A vossa presença é um bom estímulo para a caminhada que temos agora pela frente e é demonstrativa da vontade e da força que move os ativistas e os candidatos da CDU, sejam eles independentes, ecologistas ou comunistas, em fazer destas eleições uma verdadeira oportunidade de mudança para o distrito de Portalegre e para o país.
Permitam-me também saudar o Partido Comunista Português, através dos seus dirigentes e ativistas aqui presentes. O PCP, partido cuja história se confunde com a luta do povo alentejano, dá corpo, em conjunto com o PEV e com numerosos independentes, à CDU, coligação reconhecida pela sua intervenção na construção de uma vida melhor. O reconhecimento, cada vez maior, das provas dadas, em serviço do povo, pelos nossos eleitos, seja nas Autarquias, seja na Assembleia da República, o reconhecimento cada vez maior da justeza das nossas propostas e das lutas travadas, dão-nos a confiança de que é possível a CDU crescer e obter um resultado que pode ditar o fim à austeridade e ao definhamento do país.
Quero, ainda, agradecer a presença do dirigente e deputado de Os Verdes, José Luís Ferreira, companheiro e amigo, com o qual tenho partilhado muitas das lutas ecologistas travadas neste país, assim como a presença das Senhoras e Senhores Jornalistas, através dos quais a nossa mensagem chegará a mais pessoas, pessoas que não puderam ou não ousaram estar aqui hoje connosco, mas que estão cada dia mais atentas às respostas e soluções que a CDU tem para o país e para as suas vidas.
Caros Amigos e Companheiros,
Quero, por fim, agradecer a confiança que a CDU depositou na minha pessoa para assumir o primeiro lugar na Lista de Portalegre. Uma confiança à qual espero corresponder com grande sentido de responsabilidade e com o meu melhor empenho, para que a CDU faça chegar o mais direta e eficazmente possível a sua mensagem a cada pensionista, a cada desempregado, a cada jovem, a cada trabalhador deste distrito.
Sabemos de ante mão que, quando os argumentos faltarem, sempre que as propostas da CDU incomodarem, as outras candidaturas, esquecendo a sua própria prática, virão esgrimir o facto de eu “não ser do distrito”, como forma de desviar o debate do essencial. A todos esses, deixo já aqui esta missiva: “Mais vale um pai adotivo que trata bem da criança, sobretudo quando tem uma família unida por trás como a CDU, do que um pai biológico que a deixa ao abandono”.
Estou aqui disponível para servir as populações e o distrito de Portalegre, alicerçada no vasto património de luta da CDU em defesa das populações deste distrito e do Alentejo. Por isso pergunto, com toda a legitimidade, ao PSD e ao PS, partidos com deputados eleitos há vários anos e que também têm assumido responsabilidades Governativas, o que têm feito pelo distrito e pelas suas populações? Aparentemente pouco!
Veja-se a evolução de despovoamento. Só de 2011 para 2013, as três maiores cidades do Distrito (Portalegre/Elvas/Ponte de Sor) perderam 2481 habitantes. Mas o despovoamento não chegou agora ao distrito. Intensificou-se, obviamente, com o agravamento da austeridade imposta pelo Governo PSD/CDS. Mas é o abandono a que a região Alentejana tem sido votada, nestas últimas décadas, com responsabilidades partilhadas entre PSD/CDS e PS, que está na origem desta situação que se traduziu, também, pela progressiva perda de deputados (de quatro após o 25 de Abril, só restam dois). E, em consequência, por uma menor representatividade do distrito de Portalegre face ao poder central.
Veja-se também a perda de importância do setor produtivo, nomeadamente o setor industrial, que tem vindo a sofrer um declínio muito acentuado que, obviamente, se tem repercutido na perda de postos de trabalho, mais de 5 mil na última década, segundo a União dos Sindicatos do Norte Alentejano, mas também na dinâmica económica do distrito de Portalegre. Na área da agricultura, a situação também é de perda: em 2010 trabalhavam menos 1400 nesta atividade, comparativamente ao ano 2000. Só no setor dos serviços, que é muito instável, é que o emprego tem vindo a crescer.
Veja-se a pobreza a alastrar, fruto das falências, do desemprego e da precaridade de emprego. Entre 2008 e Maio 2015, entraram no Tribunal 204 processos de insolvência de empresas do distrito (47 em 2012). O número de desempregados inscritos (final de Março 2015) no IEFP era de 6.738, número que fica muito aquém da verdadeira dimensão dos desempregados do distrito, camuflada pelos estágios, pelos contratos emprego-inserção. São 3.235 os desempregados ocupados por esta via e assim excluídos dos dados do desemprego. Tudo somado, estamos com cerca de 9 973 desempregados, aos quais podemos ainda acrescer as pessoas que já não se registam no IEFP, por desânimo ou porque emigraram (mais de 300 mil a nível nacional). A pobreza só pode ser uma realidade, pois dos desempregados inscritos no IEFP, só 27% recebem uma prestação de emprego num valor médio inferior a 418€. E muitos dos pequenos empresários que apresentaram insolvência, não têm qualquer sistema assistencial.
Esta situação é tanto mais preocupante visto que muitos destes desempregados e trabalhadores precários são jovens o que põe ainda mais em causa o futuro dum distrito como o de Portalegre, já fortemente envelhecido.
Veja-se o número de serviços públicos que foram encerrados no distrito, tornando cada vez mais inacessível às populações direitos constitucionais fundamentais à vida. Foram encerradas extensões de saúde, postos dos CTT, escolas públicas (mais de 63 entre 2001/2013) aumentando o tempo que as crianças passam fora de casa e da sua comunidade, com todas as implicações que daqui advêm para o sucesso escolar. Este governo encerrou também as estações ferroviárias, ao transporte de passageiros, deixando o distrito ainda com menos mobilidade e ironicamente, a ver passar os comboios de mercadorias.
Veja-se ainda as acessibilidades prometidas e nunca acabadas, nomeadamente o IC13 …
Veja-se o estado de degradação da qualidade das águas do Tejo, descoberta agora pelo PSD/CDS, ao fim de 4 anos de Governação!
Caros Amigos e companheiros,
Pode-se afirmar que as condições de vida das populações do distrito de Portalegre, para além de se terem degradado de forma brutal, tal como no resto do país, com a austeridade acordada entre o PS/PSD/CDS com a Troika, herdaram ainda um passivo de abandono ao qual o distrito e o Alentejo foram votados, por estes partidos, nestas últimas décadas que tornam ainda mais dramática a situação e que têm contribuído, em muito, para o acentuado despovoamento que se faz sentir.
Por isso, caros Amigos e Companheiros, quando nos vêm dizer que um voto na CDU, neste distrito, é um voto inútil, porque não elegemos nenhum deputado, temos que deixar bem claro que o voto inútil e perdido é o voto que elegeu deputados que não souberam defender as populações e o desenvolvimento deste distrito e que só serviram para garantir os privilégios os interesses de grandes setores económicos, contrários à vida da maioria da população.
Inverter esta situação é possível e urgente e a CDU tem respostas e soluções para estes problemas, mas precisa de mais força.
Temos respostas e soluções de âmbito nacional… Como por exemplo a imprescindível renegociação da dívida.
Temos respostas e soluções de âmbito regional que encontram nos próprios recursos do distrito as bases e fontes demudança. (Apoiadas obviamente pelo nível nacional).
O distrito de Portalegre tem muitas potencialidades que não estão devidamente aproveitadas, naturais (solo, sol, água), patrimoniais, culturais e, até, geográficas. Mas a sua maior riqueza reside na sua população. O ser humano não pode passar a ser uma espécie em via de extinção no distrito. Mas aqui ninguém se fixa nem fixará, sobretudo os jovens, se não houver emprego e acesso a um conjunto de serviços públicos fundamentais à vida.
O distrito de Portalegre tem todas as condições para produzir mais e de forma sustentável do ponto de vista ambiental. Por isso, a escolha simbólica deste espaço singular, carregado de história, as antigas instalações da fábrica de cortiça Ronbinson, para este ato de apresentação da lista dos candidatos da CDU pelo círculo de Portalegre. Este espaço é a marca de uma atividade económica regional por excelência que tem inúmeras possibilidades e que tem vindo a degradar-se. Uma atividade agro-florestal-industrial geradora de riqueza económica, um setor de valor acrescentado virado para a exportação, da qual o Governo tanto fala, um setor que da origem até ao fim cadeia, é totalmente nacional, um setor que pode criar mais emprego e que coabita harmoniosamente com outras atividades, nomeadamente com a agricultura e a pastorícia.
O distrito de Portalegre tem ainda todas as condições para dar um maior e melhor contributo para o equilíbrio da balança alimentar.
Nas próximas eleições legislativas, só o reforço da CDU pode garantir a inversão da situação que estamos hoje a viver. A CDU é a força que faz a diferença, e a força fundamental para construir a alternativa que porá fim à alternância.
Vamos trabalhar para isso aqui no distrito de Portalegre e em todo o país.
Viva a CDU!