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10/05/2009 |
INTERVENÇÃO MOITA - “A caminhar e a pedalar por uma sociedade inclusa” |
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Companheiros e Amigos,
Gostaria de começar, antes de mais nada, por saudar todos os presentes nesta iniciativa do Partido Ecologista “Os Verdes” – “A caminhar e a pedalar por uma sociedade inclusa”. É importante que todos estejamos em boa forma para as pedaladas ou caminhadas que aí vêm nos tempos próximos, que vão-nos pedir a todos, algum tempo, algum empenhamento e muita energia renovável! Refiro-me, como já devem estar a calcular aos próximos três actos eleitorais que terão lugar este ano.
Este é, naturalmente, um momento importante para a vida do nosso país e de todos nós.
Ainda mais devido aos tempos difíceis e à profunda crise que atravessamos. Os despedimentos, as falências, os lay-off, os encerramentos de empresas, são o traço mais visível desta crise, que ao desemprego faz seguir o aumento das desigualdades, da pobreza e da exclusão social.
Uma crise que, ao contrário do que nos querem fazer querer, não é apenas uma crise internacional com reflexos nacionais: é uma crise também com causas nacionais nas políticas de direita que os vários Governos têm vindo a implementar no nosso país, designadamente o de José Sócrates. É uma crise que, em Portugal tem raízes anteriores ao deflagrar da crise internacional do sub-prime, mas que acima de tudo é uma crise da falência deste modelo de dito desenvolvimento de exploração desregrada e insustentável na natureza e, simultaneamente, de exploração selvagem do homem pelo homem ambas, hoje como ontem, sempre em nome do lucro.
O Governo tem-se empenhado em tentar sacudir a água do capote procurando desresponsabilizar-se e passar as culpas para o neoliberalismo, como se o PS não tivesse sido ele próprio e não se predisponha ainda a ser, com mais ou menos maquilhagem de nova regulamentação e nova ética dos mercados, vassalo desse mesmo neoliberalismo.
Foi-o quando permitiu a especulação desenfreada nos mercados financeiros, quando permitiu à banca continuar a acumular milhões de lucros, enquanto esquemas fraudulentos e ilícitos eram feitos nas barbas do Banco de Portugal, como os que estão hoje sob investigação.
Foi-o quando promoveu um ataque sistemático ao Estado social, cortando no dinheiro do Orçamento de Estado destinado à Saúde, ou à Educação, causando encerramento de serviços, como escolas e urgências, obrigando as famílias portuguesas a pagar ainda mais numa Europa em que já são as que mais pagam.
Foi-o quando defendeu um emagrecimento do Estado, um ataque sem precedentes a todos os funcionários públicos, o aumento da idade da reforma, a redução de pensões, o congelamento de salários, quando aprovou um Código do Trabalho que ataca a contratação colectiva, que precariza ainda mais os vínculos laborais, roubando direitos a quem trabalha, ou quando deixou a porta aberta para uma futura privatização da Segurança Social.
O PS foi e é vassalo do neoliberalismo e culpado pela crise quando entrega através de privatizações ou de concessões os bens do domínio público e os serviços públicos à gula dos grandes senhores do dinheiro, na Saúde, nos transportes, no ambiente e no território, na energia, na água, bem fundamental à vida e que é tratado como se de uma vulgar mercadoria se tratasse.
Este é cada vez mais o PS da ambiguidade. O PS que, apesar de ter praticado o neoliberalismo e as políticas que contribuíram determinantemente para a crise, critica o neoliberalismo e logo a seguir apoia o rosto do Neoliberalismo na Europa: Durão Barroso cujo mandato à frente da Comissão Europeia se pautou por uma completa submissão aos interesses do grande capital e dos Grandes da Europa.
O PS que diz uma coisa em Portugal sobre a Europa, mas que lá faz outra aprovando as políticas europeias que têm ajudado a degradar o nosso tecido produtivo nacional deixando-nos cada vez mais dependentes do estrangeiro.
O PS que prometeu em 2005 a mudança à esquerda e acabou a fazer a política da direita, que prometeu emprego e está à vista, que prometeu alterar o Código do Trabalho e esqueceu-se foi de dizer que ia alterar para pior, que prometeu o referendo ao novo Tratado Europeu e roubou o direito aos portugueses a se pronunciarem sobre o mesmo.
Porém, enquanto os verdadeiros culpados e responsáveis por esta crise se desresponsabilizam, quais novos Pôncios Pilatos, a economia continua a afundar-se e o tecido social vai-se fragilizando ainda mais deixando ainda mais desprotegidos os mesmos de sempre, os mais excluídos e os que primeiro sentem e mais sofrem quando a situação se agrava, designadamente os idosos, os jovens e as crianças, ou as pessoas com deficiência, mas também as mulheres, entre aqueles que mais são afectados pela pobreza e exclusão social.
É nestas alturas de crise, em que inclusivamente, alguns aproveitam para fazer de algumas minorias, como os imigrantes, os bodes expiatórios desta crise promovendo discursos discriminatórios, racistas e xenófobos, respondendo aos problemas sociais com a criminalização da emigração, que é preciso estar mais atento na defesa dos sólidos princípios constitucionais em que a nossa Democracia se encontra alicerçada: a Igualdade, a Solidariedade e o respeito pela dignidade da pessoa humana.
Infelizmente, a União Europeia, tem dado passos francamente preocupantes também a esse nível, promovendo uma política para a imigração de carácter securitário, discriminatória, consubstanciada na vergonhosa Directiva do Retorno (aprovada com o voto do Governo de Sócrates) e no infame Pacto Europeu de Imigração e Asilo, o chamado “Pacto Sarkozy”, que são os primeiros passos de uma política comum europeia das migrações, que pretende fazer da Europa um espaço fechado e blindado, não reconhecendo o justo valor do trabalho e da riqueza que os imigrantes criam: em Portugal corresponde já a 7% do PIB!
Mas “Os Verdes” não só querem e defendem uma Europa para Todos, como querem e lutam por um Portugal mais justo e uma sociedade mais solidária, igualitária e inclusa e portanto mais completa porque quer contar com todos os cidadãos, na riqueza da diversidade dos diferentes contributos que cada um pode dar.
Por isso, “Os Verdes” têm tomado inúmeras iniciativas, quer na Assembleia da República através do nosso Grupo Parlamentar, como por exemplo propondo a participação de representantes das Associações de Imigrantes no Conselho Económico e Social, mas também fora dela, em múltiplas iniciativas promovendo o debate e combatendo todas as formas de discriminação injustificada, desde as provocadas por risco agravado de saúde até às motivadas pela simples orientação sexual.
Amigos e Companheiros,
Volto a dizer que nos encontramos num momento importante. Num momento de mudança, possível, absolutamente necessária e eu diria mais ainda: inevitável!
Porque quem criou a crise não tem soluções para nos tirar dela, só o voto nos Verdes, o voto na CDU, é a aposta certa, firme e segura para garantir essa mudança, que se começa a construir já hoje.
Daqui a sensivelmente um mês, no dia 7 de Junho, teremos o primeiro acto eleitoral, para o Parlamento Europeu. É a primeira oportunidade para manifestar a nossa vontade de mudança e fazê-lo através do voto. Ninguém pode ficar em casa. Não só porque cada vez mais se decide lá o que nos afecta cá, não só porque o reforço da CDU na Europa ajudará a defender os interesses de Portugal e dos portugueses junto das instâncias europeias, mas também porque um bom resultado nas Europeias é meio caminho andado para um bom resultado nas legislativas e nas autárquicas.
Companheiros, é fundamental combater a abstenção. Não se deixem enganar nem abater pelas falsas sondagens que têm dono. É precisamente esse o objectivo delas. Garanto-vos que, para quem anda no terreno e tem contactado com as pessoas é claro que a Confiança na CDU, como única força alternativa e de ampla convergência à esquerda, afirma-se cada vez mais forte. Porque lutamos com meios e armas desiguais, temos que passar esta mensagem boca a boca, por esses campos e cidades, para que chegue a toda a gente.
Amigos e Companheiros, peço-vos ainda que sejam portadores de outra mensagem. No próximo dia 23 de Maio, de ontem a 15 dias, vai ter lugar uma Grande Marcha da CDU em Lisboa, uma marcha que mais do que um grito de protesto, será um grito de liberdade, um grande rio de confiança que queremos que seja uma enchente de alegria e esperança de Lisboa para o resto do país e para a qual vos convoco desde já a estar presentes e a levarem todos os amigos que acreditam que uma vida melhor é possível.
Que Os Verdes estão profundamente empenhados nesta campanha e nesta luta pelo futuro, é esta iniciativa um bom exemplo disso mesmo, e não posso deixar de agradecer a presença de todos.
Porque todos somos precisos para fazer com Os Verdes e com a CDU a força da mudança.
VIVA A CDU!