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19/09/2015 |
Marcha CDU no Porto - Intervenção de Francisco Madeira Lopes |
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INTERVENÇÃO MARCHA DA CDU NO PORTO LEGISLATIVAS 2015
– 19 de Setembro de 2015
Francisco Madeira Lopes – Os Verdes
Boa tarde companheiros e amigos da CDU aqui hoje presentes nesta grande marcha da Coligação Democrática Unitária neste que é o fim-de-semana de arranque oficial da campanha para as eleições legislativas de 2015. Não que isso faça real diferença para quem, como acontece com os militantes ecologistas e comunistas e os muitos independentes que a nós se juntam para engrossar, enriquecer e fortalecer esta CDU, lutam todo o ano, ao lado dos portugueses, ao lado também, naturalmente, dos portuenses para ultrapassar as dificuldades, para vencer esta crise vencendo quem nela nos lançou. Começo assim por vos saudar a todos aqui presentes, ao nosso parceiro de coligação, o PCP e a associação ID.
Com efeito, para nós, a campanha eleitoral é apenas mais um momento, mais um passo, numa caminhada constante e permanente contra a adversidade, contra quem nos quer de pés e mãos atados, contra quem chamou a troika estrangeira, contra quem insiste no discurso das inevitabilidades e quer o povo deixe de acreditar na real alternativa, deixe de ter esperança, que não só é possível, mas é fundamental para Portugal mudar de política. Para nós que não mudamos de discurso, nem de atitude ou propostas, nem de sentido de voto, para esta força para quem a coerência, o respeito pelo voto dos eleitores, a dignidade e a honra do mandato estão bem acima do poder a qualquer custo, não há real diferença entre o antes e o depois das eleições.
O mesmo não podem dizer os partidos que têm feito a política da direita, que têm prometido uma coisa aos portugueses em maré eleitoral, prometendo bonança, que não vão aumentar impostos, que vão devolver salários e valorizar pensões, investir na educação e na saúde, lançando, depois das eleições e depois de terem recebido os seus votos, o país numa tempestade de cortes, de roubos, de austeridade e de destruição das conquistas de Abril e dos direitos mais fundamentais do povo português.
PSD, PS e CDS há demasiado tempo que enganam, mentem, iludem o povo português em altura de campanha eleitoral para depois fazerem a política de uma União Europeia controlada pela Alemanha, para depois fazerem a política de favorecimento da banca e dos grandes grupos económicos, a política de destruição do estado social, de saque dos recursos naturais, de enfraquecimento da segurança social, de privatizações de empresas públicas rentáveis ou de sectores estruturantes para o país como a energia, a água ou os transportes, tudo subordinando à lógica do lucro e nunca do interesse público de servir com equidade as pessoas e auxiliar a economia e a produção nacional a crescer.
Casos como o do processo da privatização dos Serviços Colectivos de Transportes do Porto e a Metro do Porto, combatidos pela CDU, demonstra bem a voragem privatizadora que, perante o medo com que estão de nenhum vir a ter maioria absoluta na próxima legislatura, nem a coligação da direita nem o PS, se apressam a concluir por cima de todas as regras de transparência ou participação públicas, por cima do interesse público do direito de mobilidade das populações, incluindo a mobilidade suave e o transporte de bicicletas nas carruagens, por cima da opinião das autarquias, dos trabalhadores, dos utentes. Depois do chumbo do Tribunal de Contas, o Governo decidiu a toda a pressa avançar com um inadmissível ajuste directo para entregar estes serviços públicos e o património colectivo que encerram, de mão beijada, aos privados. Este ajuste directo é na verdade um ajuste de contas com as conquistas de Abril e com o serviço público. Vendem as empresas lucrativas nas grandes áreas metropolitanas e encerram os serviços, as linhas, os horários no resto do país agravando o despovoamento do território e os desequilíbrios territoriais. E nisso, estão todos de acordo, PS, PSD e CDS: em privatizar, em criar um Estado mínimo para as pessoas e máximo para as grandes empresas e a alta finança.
Não desistirão e preparam-se, todos eles, e o PS não é diferente, para privatizar a TAP, a água e o grupo ADP, os resíduos e a EGF. Preparam-se para voltar a repetir a história do costume.
Nós não nos esquecemos de que o PS tentou vender a TAP à Swissair quando era Governo. Nem de que o PS se absteve na proposta de aumentar o IVA na restauração nos 23%. Ou de que votaram contra a proposta para repor o horário de trabalho da função pública nas 35 horas, ou para abolir as taxas moderadoras. Ou, por mais viagens de comboio que faça António Costa, não nos esquecemos das centenas de kilómetros de ferrovia que o PS encerrou quando foi Governo, incluindo as linhas do Tua, Corgo ou Tâmega, ou da desistência de abertura da linha do Douro até Espanha, ou da preparação da CP para a venda a retalho. Nós não esquecemos que medidas que o PS criticou mais tarde na oposição, como a privatização dos CTT, estavam já previstas no seu PEC4, portanto não nos venham atirar areia para os olhos: o PS, este PS, não é alternativa a coisa nenhuma.
É o que a história nos demonstrou. Uma história de desemprego, pobreza, destruição do SNS e da Escola Pública. Mas, mais longe das luzes da ribalta, a história ensina-nos outra coisa, mesmo que alguns andem distraídos, desconfiados ou descrentes ou embarquem no discurso falacioso e que só serve para que nada mude e tudo continue na mesma do “são todos iguais”. A história ensina-nos que há uma força que é de confiança, que não trai a sua palavra nem o compromisso firmado com o povo português. Essa força é a CDU.
Por isso, é preciso lembrar os portugueses: se querem castigar a austeridade, não fiquem em casa. Se querem castigar a mentira de quem prometeu não aumentar impostos ou cortar nas pensões fazendo o contrário depois de eleito, como o PSD, não deixem de ir votar. Mas não se limitem a votar em branco ou a protestar com um voto nulo. Sejam ousados, sejam corajosos. Façam algo de diferente desta vez: votem em quem não trai a palavra, em quem só tem um compromisso, com o povo português e com o vosso futuro, votem na CDU e com isso castigarão PSD, PS, CDS e ajudarão a construir uma política alternativa de verdade, uma alternativa de governo, com soluções concretas para Portugal.
Soluções que passam pela renegociação da dívida externa que a direita fez aumentar para 130% do PIB nacional. Que passam pela defesa dos transportes públicos e da ferrovia para reduzir a importação de combustíveis fósseis e as emissões de gases com efeito estufa. Que passam por promover a eficiência e poupança energética e o investimento nas renováveis. Que passam por aumentar a eficiência dos sistemas de tratamento de águas residuais e promovendo a efectiva despoluição dos cursos de água, como os rios Tinto, Leça, Ferreira e Paiva ou o grave problema açoreamento da foz do Douro e da erosão costeira e recuo da linha da costa. Que passam pela defesa dos serviços públicos, do SNS e da Escola Pública, garantes da igualdade e equidade entre todos no acesso a estas funções essenciais do Estado. Que passam pela valorização dos salários e pensões e por impedir a venda do resto do país em concessões e privatizações ao capital privado, nacional ou estrangeiro.
Por isso vamos fazer desta campanha uma campanha contra a mistificação, a falsidade e a falta de esperança. Vamos desta campanha uma campanha de cidadania, de informação e de esclarecimento. Que cada um de vós, de nós, seja um agente mobilizador, um agitador de consciências, que cada um se sinta e seja um verdadeiro candidato, independentemente de fazer parte formalmente da lista ou não, que cada um seja um candidato a operário da mudança, a construtor da diferença e da real alternativa levando a mensagem e as propostas da CDU a cada canto a cada lar deste país. Amigos e companheiros, vamos ao trabalho com força e com toda a confiança.
Viva a CDU!