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26/09/2013
Intervenção de Francisco Madeira Lopes «Os Verdes» no comício da CDU em Alpiarça
Muito boa noite, Amigos e Companheiros,

Saúdo a todos os aqui presentes neste grande comício da CDU em Alpiarça, terra de tantas lutas, terra de Abril antes de Abril. Saúdo os candidatos, militantes do PCP e dos Verdes, da Intervenção Democrática, os muitos independentes, os apoiantes e todos que fazem desta CDU um rio vivo, animado, de águas límpidas e transparentes, que corre confiante rumo a um país melhor, um país que precisa de um poder local forte, de autarquias livres e independentes, ao serviço das populações e com capacidade de intervenção para resolução dos seus problemas.

Nas autarquias, a CDU tem demonstrado porque e como é diferente das outras forças políticas. Porque cumpre a palavra dada, com rigor, seriedade e isenção. Porque na CDU, todos nós, ecologistas, comunistas, democratas, sabemos bem para onde vamos. Sabemos onde queremos estar: ao lado das pessoas, do lado certo da vida. Contra a austeridade criminosa que vitima cada vez mais famílias e empresas no nosso país e no distrito de Santarém em particular. As falências instalaram-se a um ritmo vertiginoso, o desemprego segue as falências, tendo aumentado no Distrito cerca de 28% nos últimos 4 anos. Com as políticas de redução de salários e de pensões assistimos ao aumento do número de famílias em situação de grandes dificuldades, o aumento da pobreza, a fome e as filas nas cantinas sociais (que substituíram a antiga sopa dos pobres).

Nada parece conseguir parar a onda destruidora deste Governo. Nada respeitam. Nem o povo, nem a Constituição da República Portuguesa, que já demonstraram não conhecer nem querer conhecer e muito menos respeitar. Um Governo que nem respeita a lei, é um Governo que quer voltar aos tempos do absolutismo monárquico: ultra liberal na economia e nas finanças, é despotista na sua governação. Ainda hoje, ficámos a conhecer mais um chumbo do Tribunal Constitucional. Depois da chamada lei de requalificação dos trabalhadores da administração pública, que nada mais visava que despedimentos arbitrários e sem justa causa, hoje foi a vez dos Juízes declararem a inconstitucionalidade das alterações ao Código do Trabalho relativas ao despedimento por extinção do posto de trabalho e por inadaptação e à desvalorização da contratação colectiva. A falta de despudor e de vergonha do Governo são tão grandes que chegam a invocar o interesse público para impor as suas políticas, como no caso da tentativa de suspensão da providência cautelar contra o aumento do horário para as 40 horas na função pública, quando, meus amigos, o único, o verdadeiro interesse público, é o interesse dos portugueses: e esse reside na demissão do Governo e destas políticas de destruição nacional!

Agora até o FMI, vem dizer o que já, na CDU, dizemos há muito tempo, o que era claro e evidente: que a austeridade da troika traz consigo a destruição da nossa economia, do nosso Estado Social, roubando as nossas vidas, roubando o pão da boca dos mais carenciados, sem resolver qualquer problema. Até quando deixaremos que a troika, que PS, PSD e CDS, façam do povo português descartáveis ratinhos de laboratório submetidos às suas políticas neoliberais, ao serviço do sistema financeiro, às suas mãos, sujas com o sofrimento do nosso povo?

Por isso as pessoas estão revoltadas. Justamente revoltadas. Eu há pouco dizia que nada parece conseguir parar a onda destruidora deste Governo, mas não é verdade. Há uma coisa que consegue travar: é a nossa luta, a luta do nosso povo, uma luta de revolta mas revolta crítica e sustentada na razão. Temos que dizer e fazer perceber às pessoas revoltadas que a revolta silenciosa e sufocada na abstenção, não constrói a mudança necessária, não castiga quem deve ser responsabilizado, quem tem que ser castigado nas urnas no próximo Domingo. Porque são os mesmos partidos, PSD, PS e CDS, que, quer no Governo do país quer nos governos de muitas câmaras municipais, têm seguido o mesmo caminho e as mesmas políticas de encerramentos, de postos de segurança, estações de correios, escolas, centros de saúde, de destruição de serviços públicos e de emprego, as mesmas políticas de empresarialização e privatização de serviços, ou mesmo de recursos naturais que são de todos, como no caso da água, bem público essencial à vida, e que querem tratar segundo as leis do mercado, sem salvaguarda da sua gestão eficiente, e do seu acesso com justiça social.

São estes partidos, no Governo ou nas autarquias locais, que são responsáveis pelo desmembramento e redução dos transportes públicos, fundamentais para um desenvolvimento social e ecologicamente mais equilibrado, combatendo desperdícios energéticos e as alterações climáticas, garantindo a mobilidade a todos, novos e menos novos, independentemente da sua localização geográfica ou posses económicas. Hoje em dia é mais fácil chegar a Lisboa a partir de algumas vilas e cidades do que deslocar-se dentro de cada concelho, das freguesias para a sede de concelho, e entre os vários concelhos do distrito de Santarém. É fundamental tentar reverter esta situação, criar alternativas ao automóvel particular, seja com a defesa da mobilidade suave, como as bicicletas, seja tentando criar novas respostas, como a CDU fez em Alpiarça recentemente, com um novo circuito urbano abrangendo todos os lugares do Concelho.

São estes partidos que têm prometido muito e falhado ainda mais. Falhado na garantia de cuidados de saúde, com os encerramentos de serviços ou redução de valências e horários de atendimento, cortes orçamentais, redução de médicos e enfermeiros, incluindo especialistas nalgumas áreas críticas, falta de material básico, como se assiste no Hospital de Santarém, sobrelotado, face ao sul do Distrito que nunca chegou a ter o hospital que deveria ter tido.

Falhado na tomada de medidas de prevenção dos fogos florestais que, este ano, mais uma vez, voltaram a flagelar o país, ceifando vidas, algumas demasiado jovens. Daqui enviamos a nossa solidariedade para com as famílias enlutadas e para com os profissionais e voluntários das corporações de bombeiros que prestam esse serviço de protecção civil de forma corajosa e com uma entrega total. Mas não basta a solidariedade, nem pacotes legislativos de emergência, feitos a quente, como quer agora fazer o Governo, propondo-se expropriar a floresta privada. Os problemas estão identificados há muito! O que falta é fazer. Fazer o cadastro da propriedade florestal, impedir os povoamentos extensivos de monoculturas de resinosas ou eucalipto, abrir caminhos, defender os pequenos agricultores e travar a desertificação do território. Fazer para prevenir no futuro a repetição deste ano negro ou de outros que mais assolaram o nosso Distrito como 2003, com cerca de 80 mil hectares ardidos e 2004 na Chamusca onde num só incêndio arderam mais de 20 mil hectares.

Por isso, é natural que assistamos a candidaturas, em especial do PSD e CDS, um pouco por esse país e por este distrito fora, envergonhadas, escondidas, disfarçadas, sem se assumirem, tentando sacudir a paternidade dos partidos de onde vêm, a coberto de coligações de ocasião sob as mais variadas siglas e cores (o cor de laranja tornou-se tabu), escondendo dos outdoors ou reduzindo para o nível de “só visível à lupa”, o nome e siglas dos partidos que as compõem.

Percebe-se bem! Querem passar pelas gotas da chuva sem se molhar. Querem tentar passar a ideia de que para as câmaras, assembleias municipais ou freguesias, o que contam são as caras, as pessoas e não os partidos. Não meus amigos! As pessoas contam sem dúvida, mas o que conta mais são os princípios, os valores e as propostas políticas, que essas pessoas defendem. E há outra coisa que ainda conta mais, mais do que as palavras e promessas eleitorais: é o exemplo, é a acção, é a prática do dia-a-dia nas autarquias, são as decisões concretas e a transparência na tomada dessas decisões, o acompanhamento de proximidade às pessoas e aos seus problemas, o cumprimento da palavra dada. Esta é a marca de água que distingue a CDU das outras forças políticas! É a obra feita, a verticalidade, a honestidade e seriedade, demonstrada e comprovada por décadas de poder local, na gestão rigorosa daquilo que é de todos: dinheiros, património, território públicos. Por isso a CDU assume-se sem rodeios. Sem disfarces. Dignificando a actividade política.

E que falta fazem na política mais pessoas que cumprem a palavra dada. Mais eleitos da CDU. Para fazer a diferença, para dar voz às populações. Para fazer frente ao Governo e à sua política de subjugação do poder local. Para resistir às tentativas de converter as Câmaras e Juntas de Freguesia em meras extensões da Secretaria de Estado da Administração Local, como assistimos neste último ano com a lei das finanças locais que rouba recursos, a lei dos compromissos que rouba capacidade de actuação ou a cobarde lei de extinção das freguesias nas costas das populações e dos autarcas, sem qualquer legitimidade ou moralidade política.

Não há qualquer dúvida. Seja em maioria seja na oposição a CDU faz falta e faz toda a diferença. Em Alpiarça, só como regresso da gestão da CDU, foi possível arrumar a casa e sanear a s contas da autarquia. Em Santarém, a falta de vereadores da CDU na Câmara conduziu ao maior buraco financeiro de sempre.

Amigos e Companheiros, é por tudo isto que, mais do que um lema de campanha, a frase “Confiança na CDU” traduz uma verdade inabalável que todos reconhecem: os eleitos da CDU, são gente com quem se pode contar, o Voto na CDU é um valor seguro e uma garantia de trabalho, exigência e competência, antes e depois das eleições. Por isso contamos com todos, hoje e amanhã, para levar a palavra a quem ainda tenha dúvidas, para convencer os indecisos a engrossar este nosso caudal de esperança numa vida melhor.

Viva a CDU!
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