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Intervenções na AR (escritas)
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19/02/2020
Debate em Plenário – Comité Nacional para os Direitos das Crianças – DAR-031-I/1ª

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É difícil haver tema mais consensual do que o dos direitos das crianças. Em teoria, todos estamos preocupados com o seu desenvolvimento e bem-estar, nos discursos e nos projetos apresentados vemos sempre boas vontades e determinação.

Pela parte de Os Verdes, associamo-nos a um tão largo consenso sobre a necessidade de acompanhar e monitorizar a concretização da Convenção Internacional dos Direitos das Crianças no nosso País, mas não sem assinalarmos a hipocrisia dos que choram lágrimas de crocodilo pelas criancinhas quando tudo fazem para impedir a gratuitidade da educação desde a creche, elemento central para a concretização desses direitos, até aos mais elevados graus de ensino. Não sem lembrar que os direitos das crianças se efetivam na garantia do acesso à saúde, com o muito que há por fazer, como nos lembra o atraso na construção da ala pediátrica do Hospital de S. João, no Porto, atraso da responsabilidade de alguns que agora fazem estas propostas. Não sem referir que uma boa parte dos direitos das crianças será garantida pelas condições de vida e de trabalho dos pais, sendo que não nos esquecemos dos que impedem a redução do horário de trabalho para as 35 horas, que permitiria aos pais estarem com os seus filhos, ou dos que votam contra o aumento do salário mínimo nacional e dos que propõem aumentos indignos para os trabalhadores da Administração Pública, o que permitiria responder a tantas necessidades das crianças.

Não deixaremos também de assinalar que antes de se criarem novas estruturas é necessário garantir meios humanos, financeiros e técnicos às estruturas existentes, designadamente às comissões de proteção de crianças e jovens, que, como se sabe, continuam sem técnicos próprios, à mercê das disponibilidades de outras entidades. No entanto, em julho de 2019, foi rejeitado nesta Assembleia o projeto de resolução de Os Verdes que referia a necessidade de se reforçar a capacidade destas comissões.

Teremos ainda de registar que alguns dos que hoje aqui se manifestam preocupados são os mesmos que não contribuem para que as crianças tenham direito a um mundo de paz, direito esse tão importante e central, ao alimentarem as políticas que dão lugar às guerras onde as crianças são as primeiras vítimas.

Sim, conhecemos os relatórios que nos dizem que marcamos passo, apesar do que se avançou nestes últimos anos. Sabemos que isso é inaceitável, particularmente porque o que falta é vontade política e não meios, pois se as crianças vivessem num banco haveria muito dinheiro para elas.


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