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30/10/2020 |
Sobre a situação económica e social vivida em Fátima, concelho de Ourém - DAR-I-015/2ª |
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Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje o PSD traz à discussão a situação económica e social atualmente vivida em Fátima, concelho de Ourém.
O debate incide apenas em Fátima, mas poderíamos estar a falar de muitas outras freguesias ou concelhos que viram a sua economia e os problemas sociais agravarem-se devido à pandemia que vivemos.
No entanto, todos sabemos que os problemas que hoje se vivem em Fátima não decorrem apenas de uma realidade que desconhecíamos e com a qual temos de viver, obrigando a rever muitas áreas da economia local e até nacional. O que também não podemos ignorar é que as opções de desenvolvimento do turismo que permitiram à região fortes entradas financeiras, sobretudo num turismo muito marcado pela sazonalidade, intensificou os problemas.
A freguesia de Fátima está inserida no concelho de Ourém que tinha, já antes da pandemia, várias necessidades, que vêm de longe. Por exemplo, não há ligação de transporte público rodoviário entre Ourém e Santarém, a capital de distrito, o que não é substituível pelos transportes entre Santarém e Fátima, sendo necessário mais transportes públicos, nomeadamente rodoviários, que liguem as diferentes freguesias e a sede do concelho à capital do distrito. Mas estes problemas não são de hoje.
Outro exemplo, Srs. Deputados, que envolve o acesso à mobilidade e o acesso à saúde é que os doentes de Ourém são espalhados entre o hospital de Tomar e o hospital de Leiria, sendo complicado visitar e acompanhar os familiares internados, porque não estão disponíveis os transportes públicos necessários, e em tempo de pandemia ainda mais complicado se torna o acesso aos cuidados de saúde.
Ourém precisa de mais médicos de família, pois há 4500 doentes sem médico de família, mas esta dificuldade já existia antes, já existia, por exemplo, no início deste ano.
Esta realidade e estas dificuldades, Srs. Deputados, não apareceram com o vírus, já existiam. Os Srs. Deputados, quando falam de desemprego, de despedimentos, de que trabalho estamos a falar ou, melhor, de que emprego estamos a falar?
Não iriam muitos destes trabalhadores diretamente para o desemprego no final deste mês, como é infelizmente, habitual, quando Fátima fica mais vazia com a chegada do inverno e a redução de turistas e visitantes?
Também isto, Srs. Deputados, não é novo. Ourém, e todas as suas freguesias, precisa de mais apoios para desenvolver a agricultura, mais investimento numa floresta diversificada e resiliente aos incêndios, mais, melhor e diversificado investimento para o concelho, que só assim poderá ficar mais habilitado a resistir a possíveis crises que acontecem e, por isso, devem ser prevenidas.
Em Fátima, muitos investimentos são pequenas e médias empresas, lojas e restaurantes, que deverão ser apoiadas até que seja possível estabilizarem.
Srs. Deputados, não subestimamos as consequências da pandemia, que trouxe novos desafios e exigências, que correspondem aos problemas que todo o País atravessa. Não ignoramos as consequências do encerramento do comércio e do cancelamento da ida a Fátima de centenas de milhares de turistas, mas não temos dúvidas que os principais problemas estavam já latentes e apenas ficaram mais visíveis pelo aproveitamento que alguns fizeram da pandemia para despedirem, cortarem nos salários e nos direitos, degradar ainda mais os serviços públicos.
Mas também sabemos que a aposta na monocultura do turismo religioso condiciona muito o desenvolvimento desta cidade. Há outros caminhos, há outras opções. Que o PSD e o CDS as queiram defender, designadamente onde são poder.