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Intervenções na AR (escritas)
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03/02/2021
Sobre o Hospital Visconde de Salreu - DAR-I-044/2ª
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em 2007, apesar da forte oposição da população, de profissionais de saúde, das autarquias e da comunidade em geral, o então Governo PS levou a cabo um desmantelamento da oferta de serviços de saúde, conduzindo ao encerramento e concentração de muitos serviços e unidades de saúde, afetando em particular os cuidados de saúde primários.
As urgências do Hospital Visconde de Salreu, em Estarreja, foram encerradas em novembro de 2008 e os casos urgentes foram transferidos para os hospitais de Aveiro ou de Santa Maria da Feira. As urgências serviam uma população que transcendia o concelho de Estarreja, abrangendo também as populações das freguesias limítrofes da Murtosa, de Aveiro, de Albergaria-a-Velha e de Oliveira de Azeméis.
Posteriormente, em 2011, o Governo PS, dando seguimento a mais um desmantelamento, desta feita do parque hospitalar, procedeu à fusão de 14 unidades de saúde, o que resultou na criação de seis centros hospitalares, um dos quais o Centro Hospitalar do Baixo Vouga.
Este centro hospitalar passou a integrar o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, o Hospital Visconde de Salreu, em Estarreja, e o Hospital Conde de Sucena, em Águeda. A tendência que vinha sendo seguida de redução de serviços e de diminuição de valências nos polos de Águeda e de Estarreja, em particular no Hospital Visconde de Salreu, acentuou-se com esta fusão.
A Unidade de Cirurgia de Ambulatório deste hospital, criada em 1987, que chegou a ser considerada uma das melhores do País, acabou também ela desmantelada, tendo o bloco operatório sido encerrado para criar uma nova unidade de cuidados paliativos, com a promessa de obras de requalificação de forma a retomar o bloco operatório, situação que nunca se verificou.
A perda de serviços e a diminuição de valências neste hospital, conjuntamente com o encerramento das extensões de saúde de Fermelã, Canelas e Veiros, vieram limitar e condicionar o acesso da população aos serviços e aos cuidados de saúde primários.
No concelho de Estarreja, os utentes são empurrados para os hospitais da região, pela falta de recursos humanos, que apresentam grandes constrangimentos e têm demonstrado incapacidade de resposta no atendimento, gerando longos tempos de espera.
É importante realçar ainda que, além das questões da acessibilidade e da qualidade dos serviços a prestar à população de Estarreja, sejam estes programados ou de urgência, não podemos ignorar que é necessário dar uma resposta célere aos muitos cidadãos que, não sendo residentes, trabalham ou passam por este concelho fortemente industrializado e atravessado por grandes eixos viários e ferroviários.
Ao longo dos anos, foram feitas inúmeras promessas à população sobre a construção de um novo hospital e/ou para a melhoria do atual. No entanto, o tempo passou e é cada vez mais evidente a necessidade de intervenção no edifício.
A progressiva degradação do Hospital Visconde de Salreu e os receios legítimos da população, que vê neste desinvestimento o prenúncio para o encerramento desta unidade de saúde, levaram a que os cidadãos promovessem uma petição, que recolheu mais de 4000 assinaturas — e aproveito para saudar os peticionários, em nome de Os Verdes —, que visa a valorização do hospital de Estarreja, para que se retome o acesso a cuidados de saúde públicos de qualidade.
É necessário inverter a tendência de desinvestimento que se tem verificado ao longo dos anos, sendo indispensável reabrir o serviço de urgências encerrado em 2008 e garantir a sua manutenção e adequado funcionamento, que passa, igualmente, pelo reforço de profissionais de saúde neste hospital, de modo a garantir o acesso e a qualidade dos serviços de saúde prestados à população.
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