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11/02/2021 |
Sobre o relatório do estado de emergência - DAR-I-045/2ª |
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Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O presente Relatório é referente a um período em que os números de casos de infeção estiveram perto dos 9000 por dia.
E o que este Relatório também refere é que os portugueses perceberam que deveriam reduzir os contactos e as deslocações mesmo antes de serem implementadas as medidas de confinamento, o que vem confirmar, mais uma vez, o comportamento dos portugueses, particularmente quando foi claro que os serviços do SNS estavam perto da rutura e era necessário desafogá-los para que pudessem dar resposta a todos.
Mais uma vez, os portugueses estiveram e estão à altura das exigências, quando lhes foi pedido que reforçassem os comportamentos para se protegerem e protegerem os outros. Basta ver o número relativamente pequeno de contraordenações que aqui nos é apresentado.
Mas, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, o que este Relatório não diz é que a Extensão de Saúde do Caramulo, em Tondela, encerrou por falta de administrativos e que uma povoação onde se verificaram vários casos e surtos nos lares de idosos ficou sem a possibilidade de recorrer aos médicos assistentes.
O Relatório também não refere que o Centro de Saúde de Souselas, em Coimbra, encerrou devido à falta de assistentes técnicos que permitem o normal funcionamento dos serviços administrativos, e que, mais uma vez, a população local ficou privada de recorrer aos serviços de saúde de proximidade, mesmo depois de estar inscrito no Orçamento do Estado o reforço dos meios humanos para que os centros de saúde possam cumprir com o seu papel de proximidade e de confiança nos serviços de saúde.
O que este Relatório também não refere é de que forma se está a prestar o apoio necessário aos idosos que estão isolados e confinados nas suas casas, muitas vezes sozinhos ou a prestar apoio a outros idosos.
Refere o apoio aos lares, refere as brigadas de intervenção rápida devidamente estabelecidas em todos os distritos, prontas para serem ativadas sempre que for necessário. No entanto, continuamos sem saber quais são os planos para os idosos que não estão institucionalizados e que, se nos primeiros meses da pandemia se viram apoiados pelos vizinhos, amigos e até pelas associações ou programas de apoio das juntas de freguesia, agora se veem esquecidos.
Do que este Relatório não fala é dos apoios que estão a ser prestados à população no que diz respeito à saúde mental, nem do acompanhamento psicológico nas estruturas como os lares, onde os utentes se sentem cada vez mais isolados e abandonados pelos seus familiares, nem do acompanhamento que possa estar a ser prestado ou reforçado nas escolas, às crianças e jovens que necessitam de acompanhamento, e que se veem privados, há quase um ano, de crescer em liberdade, de brincar na rua, de socializar com os seus pares, que se veem privadas de serem crianças.
Aguardamos pelo próximo relatório que reflita as preocupações que foram analisadas pelos técnicos, que identificaram, claramente, que a saúde mental dos portugueses está pior e que isso é transversal, desde os mais novos aos mais velhos.