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Intervenções na Ar (Escritas)
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27/09/2012
Alternativas às medidas de austeridade
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Alternativas às medidas de austeridade
- Assembleia da República, 27 de Setembro de 2012 –

Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, ouvi atentamente a sua intervenção e deu-me a nítida ideia de que o Sr. Deputado está — naturalmente, em nome do PSD — com alguma necessidade de pôr «paninhos quentes» sobre o sentimento de saturação que os portugueses sentem relativamente ao Governo. Acho que isso foi absolutamente notório na sua intervenção.
Só que, Sr. Deputado, este sentimento de saturação, real, não se resolve fazendo dos portugueses tolos, e é isso que o Governo anda a fazer. É que a austeridade já vem de trás e acumulou saturação nos portugueses.
Esta questão da TSU não é uma questão isolada. O Governo não pode agora dizer assim: «Olha, eles estão tão desagradados que vamos recuar na TSU e cala-se toda a gente». Isto não é assim! Ainda por cima, indo agora o Governo detalhar o modelo em como vai, recuando na TSU, tirar o mesmo aos mesmos, ver qual a melhor estratégia para fazer o mesmo com outro modelo de maneira a fazer das pessoas tolas. Faz-de-conta que agora já não é a mesma coisa e que nada se passa da mesma forma. Isto assim, não, Sr. Deputado! Assim não vale! Fazer dos portugueses tolos, de facto, não é a solução.
É por isso que, no passado dia 15, os senhores ouviram qualquer coisa, é por isso que os senhores receiam aquilo que vão encontrar no próximo sábado, dia 29, porque o povo vai novamente sair à rua e vai, obviamente, dar mais recados ao Governo porque esta situação é insustentável. Mas aqui há alguém que tem de aprender, e esse alguém é o Governo, é esta maioria PSD/CDS, quer os senhores queiram, quer não.
Sr. Deputado, a sua intervenção tem um erro crasso — aliás, vários até, mas vou aqui salientar, talvez, dois.
O Sr. Deputado entende que este é o único caminho possível. Não é! O Sr. Deputado diz assim: «Quero alternativas!». Mas o Sr. Deputado tem andado surdo, porque as alternativas têm sido apresentadas n vezes, na Assembleia da República e fora dela.
Vou só dizer-lhe o seguinte: a solução para o problema do País, veja bem, está, em primeira mão, em não roubar os portugueses.
Se o Governo não roubasse os portugueses, encontrava uma boa solução para o País, porque essa era a forma de os portugueses terem poder de compra para poderem ser agentes dinamizadores do nosso mercado interno — mercado interno que, vá-se lá saber porquê, os senhores odeiam. Porquê esse ódio relativamente ao mercado interno? Porque a dinamização desse mercado é aquilo que significa empresas a não fechar, pessoas a poderem ser dinamizadoras do mercado e emprego a criar-se! Está a perceber, Sr. Deputado?!
Não se entende, portanto, o porquê dessa estratégia contra as empresas que funcionam no mercado interno e contra os portugueses que podem ser esses agentes dinamizadores.
Sr. Deputado, gostava de um comentário seu relativamente ao seguinte: o senhor conhece a vaga de emigração que existe, neste momento, no País? Repito, vaga de emigração! Há uma emigração saudável, que é quando as pessoas entendem que a sua vida deve mudar e então emigram à procura de aventura ou do que quer que seja. Mas a vaga de emigração obrigatória, que é quando as pessoas, tristemente, deixam o seu País, deixam a sua família porque o seu País lhes fechou a porta é uma vergonha. E aquilo que os senhores estão a fazer é a aumentar essa vaga e essa tristeza do povo português.
Sr. Deputado, conhece a vaga de desemprego? Conhece a vaga de empresas que estão a fechar todos os dias? Já não sei o que o PSD conhece!
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