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Intervenções na Ar (Escritas)
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21/10/2011
Aumento do salário mínimo nacional
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Intervenção do Deputado José Luís Ferreira- Assembleia da República, 21 de Outubro de 2011

 Sr.ª Presidente, Srs. Deputados,
de facto, isto é espantoso!… É porque há um ano PSD e CDS abstiveram-se permitindo assim a viabilização de um projecto de resolução que ia exactamente no mesmo sentido do que o que hoje estamos a discutir!…
O Sr. Deputado Pedro Roque veio dizer-nos agora que houve alteração das circunstâncias.
Sr. Deputado, a circunstância que foi alterada foi o facto de vocês há um ano estarem na oposição e agora não!!
Depois, quem ouviu falar o PS fica com a ideia de que o governo anterior terá cumprido o acordo, mas não cumpriu!!
Os Verdes consideram que 475 euros para um salário, ainda que mínimo, é um valor baixíssimo, eu diria quase ofensivo, face ao nível do custo de vida que temos e ao poder de compra!!
Os sucessivos cortes nos apoios sociais, a carga fiscal a atingir sobretudo as famílias com rendimentos mais baixos, o aumento do IVA, o aumento do IRS e os novos limites das deduções e dos benefícios fiscais em sede de IRS, com incidência nas despesas das famílias em educação e em saúde, conduzirão a uma situação muito complicada para a generalidade das famílias, situação essa que será ainda mais complicada para as famílias que têm rendimentos mais baixos onde, naturalmente, se incluem os mais de 400 000 trabalhadores que apenas recebem o salário mínimo nacional.
Ainda a agravar a situação está o facto de sermos um dos países da União Europeia com a maior incidência de trabalhadores nesta situação, se bem que alguns países não têm salário mínimo nacional, como muito bem foi aqui lembrado. O pior é que dados do INE indicam, claramente, que a tendência é para que cada vez mais trabalhadores recebam salários a rondar o salário mínimo nacional…!
Portanto, é necessário dignificar o salário mínimo nacional que hoje vale menos do que aquilo que valia em 1974, pois, em termos reais, o salário mínimo nacional vale actualmente menos 10% do que aquilo que valia há 36 anos, portanto é um valor baixíssimo.
De facto, o salário mínimo é baixo a todos os níveis: é baixo quando comparado com o salário mínimo dos restantes países da União Europeia; é baixo quando fazemos uma leitura das desigualdades sociais no nosso país; e é baixo, até a roçar a insustentabilidade, quando olhamos para o custo de vida dos portugueses.
Acresce ainda que o valor dos salários, em geral, e do salário mínimo nacional, em particular, além de constituir um factor decisivo para uma justa distribuição da riqueza e para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, constitui ainda um elemento decisivo para a recuperação e a dinamização da economia e da procura interna, e para a criação de emprego.
E nem a crise será, neste contexto, um argumento válido para que não se dignifique o salário mínimo nacional, porque, como muito bem se sabe, o aumento do salário mínimo não tem grandes implicações no Orçamento do Estado, desde logo porque o aumento do salário mínimo também implica que os trabalhadores abrangidos passem a descontar sobre uma base maior, o que se traduziria, naturalmente, num aumento da receita para o Estado.
Para as empresas privadas, para o sector privado, este aumento também teria implicações mínimas conforme estudos que se conhecem.
É, portanto, de inteira justiça que esta iniciativa do PCP seja aprovada, sobretudo hoje face ao que se conhece e ao que o Governo pretende com os cortes nos subsídios de férias e de Natal e com o aumento em meia hora por dia do horário de trabalho, é de inteira justiça que o Governo aumente imediatamente o salário mínimo nacional para os 500 euros e que garanta o salário mínimo nacional em 600 euros no ano de 2013.
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