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Intervenções na Ar (Escritas)
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27/12/2012
Balanço negativo da ação do Governo e novo ciclo de governação
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Balanço negativo da ação do Governo e novo ciclo de governação
- Assembleia da República, 27 de Dezembro de 2012 –

Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, eu estava ainda há pouco a ouvir a intervenção que proferiu da tribuna e confesso-lhe que concordei com a generalidade do que disse. Mas, depois, houve algumas coisas das quais não me consegui abstrair. É que fazermos discursos às vezes não bate com a nossa prática.
Eu estava a ouvir o Sr. Deputado e não me estava a conseguir abstrair do facto de o Partido socialista, em nome do qual o Sr. Deputado estava a falar, ter assinado o Memorando com a troica.
Têm razão Srs. Deputados do Partido Socialista, assinaram o Memorando o PS, o PSD e o CDS.
Ora, o Memorando propõe privatizações, despedimentos na função pública, cortes no investimento e, portanto, machadadas na nossa economia, cortes salariais e por aí fora. E, Sr. Deputado, não me estava a conseguir abstrair do facto de o Partido Socialista ter viabilizado o Orçamento do Estado para 2012, abstendo-se, justamente aquele Orçamento que promoveu as condições de vida que as pessoas conheceram no ano de 2012. E, se não estou em erro — corrijam-me, Srs. Deputados, se estiver errada —, foi justamente aquele Orçamento que promoveu o aumento do IVA na restauração. Terá ou não sido? Ó Srs. Deputados, são estas incoerências com as quais não pactuamos e que não conseguimos perceber.
Sr. Deputado, admito que, face à situação do País, o Partido Socialista tenha dado uma reviravolta e tenha percebido que o mesmo caminho que estava a ajudar a construir não dá resultado e quer demarcar-se disso.
Quero dizer-lhe que Os Verdes ficam profundamente satisfeitos se for esse o caso. Na verdade, nós vivemos sempre para pior, as condições que se estão a construir no País de recessão, de brutalidade na nossa economia e de definhamento das condições das famílias portuguesas é uma coisa perfeitamente brutal e de, facto, pactuarmos com esta situação é de uma profunda monstruosidade.
O Primeiro-Ministro vem dizer, na sua mensagem de Natal, que está consciente das desigualdades e das injustiças, mas não diz (não é por acaso) que está consciente que tem de matar essas injustiças e essas desigualdades. Porquê? Porque aquilo que o Governo faz é, justamente, fomentar e tornar essas desigualdades e essas injustiças numa forma absolutamente estrutural no País. Isso é um perigo, e os portugueses devem estar profundamente conscientes disso. Trata-se de um Governo que já não consegue sair à rua, que já não consegue confrontar-se com a generalidade dos portugueses. O que é isto? Onde é que nós estamos metidos?
De facto, tenho de dar razão ao Sr. Deputado Hélder Amaral, que é coisa de que não gosto absolutamente nada…
Sr. Deputado, não gosto de lhe dar razão, mas tenho de lha dar neste caso, porque há uma consequência lógica. É que se estamos a viver estas políticas tão brutais, com estas consequências tão brutais, temos de ter aqui uma consequência lógica e dizer: «Chega! Não podemos admitir mais que este Governo continue em funções!»
O nosso dever é ajudar e agir no sentido de que este Governo caia! E pergunto-lhe, Sr. Deputado, de uma forma extraordinariamente clara: o PS, afinal, defende ou não eleições antecipadas?
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