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Intervenções na Ar (Escritas)
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01/02/2013
Debate com o Primeiro-Ministro centrado em questões de natureza económica, social e política
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Debate com o Primeiro-Ministro centrado em questões de natureza económica, social e política
- Assembleia da República, 1 de Fevereiro de 2013 –

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a questão dos lucros do BPI não é de somenos importância, fundamentalmente na situação que o País vive hoje. É que, ao mesmo tempo que o BPI consegue um lucro de 250 milhões de euros, as falências das empresas aumentam em mais de 40% e as falências das famílias portuguesas aumentam estrondosamente.
Ora, isto faz-nos pensar que, de facto, há aqui alguns que se safam no meio de toda esta crise. E perguntamos: mas qual será o segredo? O segredo foi este: o Estado, que está em grande dificuldade, pega em 1500 milhões de euros e disponibiliza-os ao BPI; a partir daí, o BPI sente-se em condições de entrar no jogo de especulação e consegue, nada mais, nada menos, do que cerca de 160 milhões de euros — é importante que os portugueses tenham consciência disto — por via do jogo de especulação com a dívida portuguesa.
Ou seja, anda alguém a lucrar bem à conta da nossa desgraça — porque é mesmo assim, Sr. Primeiro-Ministro! Se isto é de aplaudir, eu não sei, mas gostava de saber o que é que as empresas ganham com este lucro e até com esta recapitalização do BPI!? Todos nós contribuímos e não recebemos nada em troca, fundamentalmente para a nossa economia.
Depois, ainda ouvimos o banqueiro do BPI vir a público dizer algo tão grave quanto isto: nós aguentamos mais austeridade, claro que aguentamos! E — caramba, Sr. Primeiro-Ministro! — se os sem-abrigo aguentam a situação em que estão, porque carga de água é que nós não aguentamos isto tudo?! E até pior!
Sr. Primeiro-Ministro, hoje Os Verdes pedem que faça um favor ao País: condene, por favor, veementemente, as palavras deste banqueiro, até quase em nome da defesa da honra do País. Por favor, Sr. Primeiro-Ministro!

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o problema é que os senhores andam a salvar o sistema financeiro e isso não se repercute na economia. É isto que o Sr. Primeiro-Ministro tem de perceber!
Tomara as empresas terem beneficiado da recapitalização que os senhores fizeram relativamente aos bancos.
Mas para as empresas não, Sr. Primeiro-Ministro! Para as micro, pequenas e médias empresas foi só estrangular, daí os números das falências de que temos conhecimento.
Vejo que o Sr. Primeiro-Ministro não quer condenar as palavras do Sr. Banqueiro Ulrich, e nós consideramos que é muito grave que o Sr. Primeiro-Ministro não as condene perentoriamente, porque há limites!
Há limites para gozar com a situação do País e o senhor, como Primeiro-Ministro de Portugal, não pode deixar de condenar certas coisas. E esta é justamente uma delas.
Para finalizar, queria dizer o seguinte: há tempos, no Plenário da Assembleia da República, Os Verdes alertaram o Governo para o facto de cada vez mais crianças estarem a chegar às escolas portuguesas com fome e, na altura, o Governo disse que não sabia se era bem assim. Hoje já se sabe que é mesmo assim! Num outro dia, na Assembleia da República, Os Verdes alertaram que cada vez mais estudantes do ensino superior abandonam os estudos por incapacidade económica e, na altura, o Governo respondeu que isso era uma coisa que ainda estava por provar. Hoje está mais do que provado!
Hoje, na Assembleia da República, Os Verdes dizem-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que há estudantes com direito a bolsa que ainda hoje não recebem a bolsa de estudo e estão a passar fome por causa disso!
Sr. Primeiro-Ministro, Os Verdes pedem-lhe que, quando sair desta Sala, por favor, vá tratar desta questão! Aliás, já são muito menos os estudantes que têm direito a bolsa, porque o Governo fez o favor de alterar critérios.
O mesmo se passa com os desempregados, por exemplo, em que mais de metade está sem subsídio de desemprego.
Portanto, Sr. Ministro, quando sair daqui, vá tratar de coisas práticas do País e dar aos estudantes aquilo a que eles têm direito, que é a sua bolsa de estudo.
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