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Intervenções na Ar (Escritas)
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28/09/2011
Debate com o Primeiro-Ministro sobre estratégia económica

Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia- Assembleia da República, 28 de Setembro de 2011

 
Sr.ª Presidente,
Sr. Primeiro-Ministro, em relação às medidas apresentadas, às vezes elas não constituem mais do que um processo de intenção. E quando não são datadas, a coisa torna-se um bocadinho mais problemática. Só é possível compreender de facto as medidas anunciadas se conseguirmos perceber o impacto que elas vão ter. E o impacto que elas vão ter na economia não foi ditado pelo Sr. Primeiro-Ministro. Era esse o primeiro esclarecimento que gostaria que o Sr. Primeiro-Ministro desse.
Na verdade, julgo que o impacto não vai ser grande. Se o impacto fosse grande, o Sr. Secretário de Estado não teria determinado uma estimativa de maior recessão para o ano — diz o Sr. Primeiro-Ministro que não na ordem dos 2,5%, mas na ordem dos 2,2% ou dos 2,3%. Isso não nos deixa mais descansados, Sr. Primeiro-Ministro. É mais recessão! É isso que o Governo está a anunciar.
Numa entrevista que o Sr. Primeiro-Ministro deu a um canal televisivo, assumiu que o País pode ficar de rastos daqui a uns anos. Foi essa a questão que lhe foi colocada e o Sr. Primeiro-Ministro assumiu que assim poderia ser.
Quando é o Primeiro-Ministro a dizê-lo, que mais pode dizer a oposição?

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não acho que seja difícil, acho é que, provavelmente, não houve vontade por parte do Governo de revelar o verdadeiro impacto destas medidas, porque, provavelmente, o seu impacto é muito mais curto do que aquilo que o Governo gostaria de anunciar e, necessariamente, do que aquilo que o País precisa. Não se sabe quantas empresas vão ser beneficiadas, no que é que isto se vai repercutir em termos de liquidez de muitas das empresas. Não se sabe, Sr. Primeiro-Ministro!
Portanto, o que é que vai resultar disso para a dinamização da nossa economia…
O Sr. Primeiro-Ministro ri-se… Mas há uma coisa de que o Governo está permanentemente a esquecer-se. É que há um mercado interno que o Governo está a «matar». É que quanto mais o Governo empobrece os portugueses, mais sacrifica as empresas que agora diz que quer ajudar!
Porque essas empresas também vivem do nosso mercado interno. E são as pessoas que são agentes dinamizadores desse mercado interno. Quando o Sr. Primeiro-Ministro «mata» o mercado, quando empobrece as pessoas que não podem ser agentes desse mercado, está a destruir empresas! E ao destruir empresas está a destruir a economia e está a destruir, naturalmente, uma componente social fundamental, porque está a dinamizar o desemprego! É isto que se quer?!
E depois vai para a entrevista admitir que o País pode ficar de rastos! Pois, não pode admitir outra coisa! É claro que não pode! Nós estamos num caminho errado!
Sabe qual é o problema? O Sr. Primeiro-Ministro tem vindo a anunciar umas coisas, uns descontos no passe social, umas migalhinhas face ao sacrifício que está a pedir à generalidade dos utilizadores e dos portugueses.
O grande problema é que o Governo vem dar com uma mão, sorridente, mas, automaticamente, tira com as duas e, se for preciso ou se considerar preciso pedir uma terceira mão emprestada lá vão três mãos tirar! E aqui temos uma tróica de mãos, de braços e de corpos inteiros a «lixar» os portugueses — não tem outro nome, Sr. Primeiro-Ministro! E é neste quadro que nos encontramos, é nesta má tela que nos encontramos e é isto que é fundamental alterar, Sr. Primeiro-Ministro. Com este rumo não vamos lá!
O Sr. Primeiro-Ministro já fala com naturalidade da possibilidade de pedirmos um novo empréstimo. Nós estamos a alertar há tanto tempo para essa possibilidade…
Mas há uma coisa que o Sr. Primeiro-Ministro ainda não admitiu: é que as suas políticas também estão a contribuir para esse eventual novo empréstimo e nós não queremos isso. Os portugueses não podem pagar mais, não podem pagar o que têm e o que não têm.
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