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Intervenções na Ar (Escritas)
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18/07/2013
Debate da moção de censura n.º 5/XII (2.ª) — Ao XIX Governo Constitucional, contra a degradação da governação e das políticas de devastação do País, pela dignidade e pela melhoria da vida do povo português
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Debate da moção de censura n.º 5/XII (2.ª) — Ao XIX Governo Constitucional, contra a degradação da governação e das políticas de devastação do País, pela dignidade e pela melhoria da vida do povo português (Os Verdes) (DAR-I-114/2ª)
- Assembleia da República, 18 de Julho de 2013 –

1ª Intervenção

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: A moção de censura que Os Verdes hoje apresentam na Assembleia da República é uma moção de censura ao Governo, à sua política e à maioria parlamentar que o suporta.
Os Verdes trazem ao Parlamento, por via desta moção, a voz daqueles que, de tão flagelados pelo Governo PSD/CDS, estão saturados e que não suportam mais a continuação de uma política absolutamente devastadora para os portugueses e para o País, a voz das pessoas que se viram empobrecer, por determinação do Governo e da troica, enquanto a generalidade dos recursos financeiros do País é entregue aos bancos, aos bancos e aos bancos.
Esta moção de censura, Sr.as e Srs. Deputados, pode ser hoje rejeitada no Parlamento pelo PSD e pelo CDS, mas se fosse votada lá fora, pela sociedade, todos os que aqui estamos sabemos que ela seria aprovada.
Isto tem um significado: é que esta maioria parlamentar já não representa a expressão da vontade do povo. Esta maioria parlamentar PSD/CDS é hoje uma maioria artificial e falsa.
Não é de estranhar, porque quando uma maioria e um Governo se sustentam na mentira, na ilusão, e praticam políticas que estragam, literalmente, a vida às pessoas, tornam-se insuportáveis e mergulham rapidamente no descrédito.
Em política, como na vida, a falta de verdade, de coerência e de ética é fator de desmoronamento e de descredibilidade.
Os portugueses, fartos da austeridade crescente, oferecida PEC após PEC, e já com o memorando da troica assinado pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, ouviram na campanha eleitoral o PSD assegurar claramente ao País que, por exemplo, não aumentaria impostos e que era um disparate dizer-se que cortaria no subsídio de férias, enquanto o CDS vendia a imagem do partido dos contribuintes e dos pensionistas.
Mas chegaram ao Governo e fizeram tudo ao contrário! Galoparam na austeridade sem olhar a meios, e eis os resultados à vista: um País empobrecido, fragilizado e com menos meios para recuperar.
Do Primeiro-Ministro ouvimos, recorrentemente, a ilusão de que os sacrifícios impostos dariam resultados no ano seguinte. Em 2011, afiançou que 2012 era o ano de viragem e, afinal, foi um ano pior; em 2012, assegurou que 2013 seria o ano do crescimento e, afinal, é o terceiro ano consecutivo de recessão; agora, em 2013, diz que para o ano é que é, mas o Banco de Portugal já veio dizer que em 2014 o PIB ficará muito abaixo da previsão de crescimento do Governo — que já era tão curta —, não se esperando mais do que uma estagnação económica. Isto, sem contar com doses de austeridade previstas, que, a terem lugar, conduzirão o País a mais metas falhadas e a novos níveis de recessão.
Ou seja, estamos num caminho de afundamento que não tem fim à vista, de tal modo que as previsões do próprio Governo, sempre mais otimistas do que a realidade demonstra, revelam que, em 2020, o potencial de crescimento de Portugal se ficará pelos 2% do PIB. Isto significa que estamos a criar um problema estrutural no País de incapacidade de gerar riqueza e de criar emprego.
Vejamos agora, Sr.as e Srs. Deputados, concretamente, as condições que tornaram um imperativo a apresentação desta moção de censura por parte de Os Verdes.
As políticas do Governo PSD/CDS e da troica construíram o país do milhão e meio de desempregados e a perspetiva é a de que este número continue a crescer. São as políticas da emigração forçada, onde jovens qualificados, contra a sua vontade, ou se obrigam a procurar no estrangeiro formas de subsistência, que lhes são negadas em Portugal, ou engrossam os cerca de 40% de desemprego jovem; são as políticas do encarecimento dos custos de serviços tão essenciais como os do gás, da eletricidade, dos transportes, da educação, da saúde; são as políticas da destruição dos serviços públicos e do despedimento de funcionários públicos; são as políticas do desinvestimento na garantia de melhores padrões ambientais; são as políticas que dificultaram o acesso à habitação; são as políticas do aumento insuportável dos impostos; são as políticas de destruição do mercado interno, que leva empresas a encerrarem todos os dias; são as políticas que levam inúmeros idosos a desistir de consultas médicas e de medicamentos por não terem capacidade económica de os adquirir; são as políticas que levam para a escola crianças com fome e que levam jovens a desistir do ensino por não terem condições de o pagar; são as políticas do confisco dos salários e das pensões, onde, de repente, as famílias se viram a braços com rendimentos absurdamente encurtados; são as políticas do corte dos apoios sociais, onde se deixam famílias sem meios de subsistência que permitam suportar, até, despesas alimentares; são as políticas de alargamento da pobreza em Portugal.
O INE (Instituto Nacional de Estatística) revelou, nesta semana, os indicadores de risco de pobreza e de privação material severa em Portugal: em 2011 esse indicador cresceu e ultrapassou já mais de um quarto da população.
Ora, se pensarmos que, nos anos de 2012 e 2013, houve mais cortes nos rendimentos familiares e nos apoios sociais, adivinha-se que os indicadores relativos aos tempos atuais são um verdadeiro drama social.
E a pergunta que os Verdes fazem é a seguinte: como é que o País pode aceitar esta realidade? E, sabendo que estas são consequências diretas do memorando da troica e da política do Governo PSD/CDS, impõe-se também perguntar: como é que o País pode aceitar esta continuidade?
O que torna isto tudo mais revoltante é percebermos que o dinheiro público, que o Governo insiste em dizer que não existe para as pessoas e para a economia, está, praticamente, todo a ser canalizado, em largos milhares de milhão, para os bancos, para os juros exorbitantes que pagamos e também para a troica, diga-se de passagem!
Foram disponibilizados para a banca 12 000 milhões, pagamos 7000 milhões anuais em juros, são milhões e milhões (de cuja soma já se perdeu a conta) para a fraude e o negócio ruinoso do BPN, que, escandalosamente, nos continua a absorver quantias estrondosas.
Nós não temos dinheiro para isto, nem temos dinheiro para swaps e para continuar a oferecer à banca tantas benesses fiscais, nem para parcerias público-privadas, nem temos condições para andar a fazer outros negócios ruinosos, tais como vender empresas públicas rentáveis, como a EDP ou os CTT, cuja privatização implica que o Estado deixe de arrecadar largos montantes de recursos financeiros.
Assim, é evidente que o défice se mantém descontrolado e é óbvio que a dívida continua a galopar, já atingindo os 130% do PIB.
Por este caminho não só continuamos a perder capacidade de pagar dívida como não paramos de nos endividar. É o que acontece quando se destrói capacidade de gerar riqueza num país. É o que acontece quando se governa ao serviço dos mercados financeiros, ao serviço da Sr.ª Merkel e ao serviço da troica, que nos sugam juros medonhos e que nos tornam mais e mais dependentes do exterior e, pior, que não estão minimamente preocupados com as consequências daí resultantes para a vida dos portugueses.
Tudo isto é revoltante por ser tão escandalosamente injusto. E é esta revolta que gerou no País lutas sociais com uma força, uma dimensão e uma frequência como não se via há muito!
É o povo a dizer que basta, que não dá para suportar mais, que se ultrapassaram os limites da dignidade humana! É o povo a reclamar a demissão do Governo e destas políticas absurdas!
Foi neste quadro que um dos principais protagonistas desta política, Vítor Gaspar, pediu a sua demissão de Ministro de Estado e das Finanças, reconhecendo o falhanço das políticas prosseguidas, assumindo-as como causa dos níveis de pobreza e de desemprego, reconhecendo a sua incapacidade de contribuir para inverter a situação e, muito importante, dando nota de ter consciência daquilo a que chamou de «erosão significativa no apoio da opinião pública às políticas», o mesmo é dizer, reconhecendo aquilo que é mais que óbvio, que o Governo não tem mais apoio da sociedade.
Seguiu-se um dos episódios mais enxovalhantes da vida política portuguesa: a demissão irrevogável do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, Presidente do CDS-PP. De um dia para o outro, deixou de ser irrevogável e passou a ser trocável por um lugar de vice-Primeiro-Ministro. Lamentamos, mas a este ainda membro do Governo não é mais possível sequer atribuir qualquer credibilidade em relação ao que diz ou ao que faz.
Toda esta realidade e todos estes acontecimentos provaram inequivocamente o apodrecimento do Governo. Está em causa o regular funcionamento das instituições!
Face a esta situação, o Sr. Presidente da República reconheceu que o Governo já não é confiável e que está sobremaneira descredibilizado. Assume que o Governo não pode chegar ao fim da Legislatura, contudo decide não convocar já eleições antecipadas, de modo a garantir mais um ano para as políticas da troica. Decidiu arrastar o desastre nacional em coautoria com os seus protagonistas. Para isso, decidiu convocar os três partidos que assinaram o Memorando da troica. PS, PSD e CDS voltaram a sentar-se os três à mesma mesa para negociar. Sendo inaceitável, foi todavia demonstrativo de quais são, de facto, os partidos que se reconhece que podem protagonizar a continuidade desta política e de quais são os partidos que se reconhece que podem protagonizar uma política diferente e uma alternativa, justamente os que não foram convocados pelo Sr. Presidente.
Ora, é dessa política alternativa de que o País precisa. Primeiro que tudo, fazer com que o povo português seja o centro das medidas a tomar, e não os grandes grupos económicos e financeiros ou os interesses estrangeiros. Recentrados nos destinatários de para quem se governa, é preciso trocar o Memorando da troica, que nos trouxe a esta desgraça, pela renegociação da dívida, de modo a garantir que o seu pagamento se compatibiliza com a necessidade de desenvolvimento económico do País.
Esta renegociação permite ganhar espaço para promover a redinamização da atividade produtiva nacional, com vantagens ambientais de grande monta, com impactos diretos na redução da dependência externa e constituindo um pressuposto determinante para a criação de emprego. Simultaneamente, é preciso colocar os setores estratégicos a servir essa capacidade produtiva, a sustentabilidade ambiental e o interesse nacional. Criar um sistema fiscal justo e eficaz, que ponha cada um a contribuir em função da sua real capacidade contributiva, é a base de uma mais justa redistribuição da riqueza, substituindo uma elevadíssima carga fiscal pelo alargamento da base de tributação, com resultados mais positivos nas receitas arrecadadas pelo Estado.
Para garantir essa justa distribuição dos recursos e para atacar a quebra da procura interna é preciso valorizar a componente salarial, designadamente repondo o que foi confiscado ao nível de salários e pensões para que se torne os portugueses agentes dinamizadores do mercado interno e, consequentemente, salvaguardando a vida das micro, pequenas e médias empresas.
Para além disso, é preciso promover o investimento público, com vista à promoção dos padrões e das atividades mais sustentáveis do ponto de vista ambiental e ao combate às assimetrias regionais, sendo igualmente relevante para potenciar melhor qualidade de vida, dinâmica territorial e oportunidades de emprego nas diversas regiões do País.
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, importa salientar três curtas considerações finais.
Em primeiro lugar, esta moção de censura visa a verdadeira condenação deste Governo e destas políticas. Ela constitui a expressão da saturação de um Governo e de uma política que estão esgotados. E no momento que o País atravessa a discussão desta moção tornou-se também uma oportunidade relevante para que todos possam clarificar as suas posições em relação ao que querem e ao que propõem.
Em segundo lugar, o Governo é hoje o maior fator de instabilidade no País, porque se sustenta em políticas falhadas, demonstrando até uma total incapacidade de apresentar previsões realistas sobre o resultado das suas medidas, mas também porque vive no seio de uma crispação interna, que procura disfarçar em momentos diversos, mas que recorrentemente se evidenciou, se evidencia e se evidenciará.
Em terceiro lugar, não é por via da moção de censura que Os Verdes apresentam que o País descobrirá que existe uma maioria parlamentar PSD/CDS que apoia o Governo. Isso não é novidade para ninguém. O que é preciso confirmar é que essa maioria parlamentar está isolada, completamente isolada, que vive de si para si e para um Governo já moribundo.
Assim, será percetível aos olhos de todos que a maioria formada no Parlamento não é já representativa da expressão da vontade popular.
PSD e CDS receiam eleições antecipadas, porque sabem que se se sujeitassem a eleições não voltariam mais a ser maioria e não formariam novamente Governo. Quando rejeitam eleições antecipadas, não é no País que pensam, mas, sim, em si próprios. É por terem consciência do quanto estão a prejudicar os portugueses, em benefício de outros grandes interesses, que temem eleições.
Ora, como o que importa não é salvar o PSD e o CDS, mas sim o País e os portugueses, Os Verdes reclamam eleições antecipadas para que o povo português possa decidir sobre o seu próprio destino e a formação do seu futuro.
Esta moção de censura ao Governo é, portanto, uma reclamação do exercício pleno da democracia.

2ª Intervenção

Sr.ª Presidente, penso que compreendo o seu lapso. Se calhar, a Sr.ª Presidente ficou tão baralhada quanto eu fiquei com a intervenção, ou a pergunta, ou os questionamentos do Sr. Deputado Carlos Zorrinho.
O Sr. Deputado Carlos Zorrinho sabe que a moção de censura é dirigida ao Governo. Porque é que se está a meter no meio? Não estou a compreender!
Sr. Deputado, mas alguém dirigiu alguma moção de censura ao Partido Socialista?!
Com toda a franqueza, o Partido Socialista parece que tem todo o gosto em estar sempre a levar na cabeça. Mas Os Verdes asseguram: esta moção de censura é ao Governo, à sua política e à sua maioria parlamentar.
Não tenha dúvida nenhuma sobre isso, Sr. Deputado!
Mas, de facto, depois daquilo que o Sr. Deputado Carlos Zorrinho disse é que começo a compreender a pergunta, por exemplo, do Sr. Deputado Jerónimo de Sousa: «De que lado é que está o PS?» — é uma boa pergunta!
Vamos lá ver se eu percebi bem: imaginemos que estávamos numa situação inversa e que o Partido Ecologista «Os Verdes» tinha apresentado a sua moção de censura em Abril; não a poderia agora apresentar, uma vez que já tinha esgotado essa possibilidade nesta sessão legislativa. Mas imaginemos que o PS ainda não tinha esgotado essa possibilidade. Pergunto-lhe, então, Sr. Deputado: depois daquilo que aconteceu no País nestes dois últimos anos, e de abril até agora (ou seja, foi sempre no sentido do afundamento, do agravamento da situação política nacional), o Partido Socialista não apresentava uma moção de censura?! O Partido Socialista não trazia a voz do descontentamento e da saturação destas políticas à Assembleia da República?!
Deixe-me adivinhar, Sr. Deputado Carlos Zorrinho: o Partido Socialista estava só sentado à mesa das negociações com o PS e com o CDS… Sr. Deputado, eu não trazia grandes preocupações em relação ao Partido Socialista, mas agora fiquei preocupada.

3ª Intervenção

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, na sua intervenção inicial, o senhor disse qualquer coisa parecida com isto: a escolha das opções políticas deve ser clara. E eu perguntei-lhe: de quem? Escolha de quem? O Sr. Primeiro-Ministro fez uma pausa e prosseguiu com a intervenção. Portanto, é tempo de lhe perguntar: escolha de quem?
O Sr. Primeiro-Ministro, porventura, tem consciência de que, quando se candidatou às eleições e em plena campanha eleitoral, disse aos portugueses que faria coisas que, depois, não veio a cumprir, e que não faria coisas que, depois, veio a fazer?
O Sr. Primeiro-Ministro tem consciência de que iludiu portugueses, dizendo que não aumentaria impostos e que não cortaria subsídios de férias, por exemplo, e que, depois, foi justamente o que veio a fazer, aliás, numa violação absolutamente grosseira da Constituição da República Portuguesa?
Pergunto-lhe, Sr. Primeiro-Ministro: com base em quê o senhor continua a prosseguir estas mesmas políticas, que, de facto, não foram sufragadas pelos portugueses? Não foi isto que o Sr. Primeiro-Ministro prometeu aos portugueses!
Sr. Primeiro-Ministro, qual é o seu medo de eleições? Se aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro disse da tribuna é verdade — aliás, até parecia que estávamos no «país das maravilhas» —, qual é o seu medo de se sujeitar à vontade dos portugueses e de permitir que os portugueses, neste momento conturbado da vida política económica e social portuguesa, possam fazer escolhas sobre o seu futuro, com opções políticas e com programações políticas claras e determinadas? Não percebo qual é o receio, Sr. Primeiro-Ministro.
Sr. Primeiro-Ministro, muito no início do seu mandato, já anunciadas muitas das medidas de austeridade, fiz-lhe, uma vez, aqui, nesta Casa, a seguinte pergunta: qual é o seu limite? A resposta do Sr. Primeiro-Ministro foi esta: é a ética social. Ó Sr. Primeiro-Ministro, o seu limite foi tão ultrapassado! Foi-o por 1,5 milhões de desempregados, emigração forçada, pobreza, recessão e mais dívida! Ética social, Sr. Primeiro-Ministro?! O que é a ética social, Sr. Primeiro-Ministro? Ultrapassou todos os limites!
Não volto a perguntar-lhe qual é o seu limite, Sr. Primeiro-Ministro. Sabe porquê? Porque acho que os portugueses não querem conhecer o limite deste Primeiro-Ministro e deste Governo. É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que não tenho quaisquer dúvidas sobre o que estou a dizer. Se esta moção de censura fosse votada lá fora, ela seria aprovada, e o Sr. Primeiro-Ministro sabe disso. Tanto sabe que não se quer sujeitar a eleições, não se quer sujeitar à verdade daquilo que pode ditar o povo português. E isso é que é absolutamente lamentável!
Ao Sr. Deputado Luís Montenegro só tenho a dizer uma coisa: esta moção de censura tem, de facto, um significado político muito forte. Ela isolará uma maioria que aplaudirá, de pé, o Governo, mas não será aplaudida por mais ninguém, porque a sociedade portuguesa não vos suporta mais, Sr.as e Srs. Deputados!
Não suporta mais as vossas políticas, não suporta mais os sacrifícios que os senhores lhe impõem.
O que importa dizer é que há alternativa a esta política e que é preciso pôr essa alternativa de pé. E pôr essa alternativa de pé é, certamente, dar a palavra aos portugueses.

4ª Intervenção

Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, Os Verdes apelaram hoje, aqui, no debate desta moção de censura, à clarificação de posições e à clarificação de objetivos.
É por isso que se impõe fazer algumas perguntas à Sr.ª Ministra das Finanças no sentido de conseguir perceber o que vai na cabeça da maioria e do Governo.
Os Verdes querem perguntar claramente se o Governo mantem o objetivo de cortar 4700 milhões de euros no próximo Orçamento do Estado para 2014. Não vale a pena fugir a esclarecimentos, Sr.ª Ministra. Há esclarecimentos que se impõem ao País para que o País perceba exatamente o que vai na cabeça daqueles que ainda nos governam. Mantém ou não o objetivo de cortar 4700 milhões no próximo Orçamento do Estado e, já agora, à custa de quem, Sr.ª Ministra?
Por outro lado, era importante dizer à Sr.ª Ministra o seguinte: foi dinheiro público para o Banif, aquele dinheiro que os senhores dizem que não existe nem para a economia nem para os portugueses. A pergunta que Os Verdes querem fazer é se o Banif está ou não a cumprir as condições inicialmente acordadas relativamente a esse empréstimo. Para quê, Sr.ª Ministra? Para que, em Portugal, se perceba se existem ou não dois pesos e duas medidas.
Uma, para aqueles a quem se exige tudo, os portugueses; outra, para aqueles a quem se concede tudo, designadamente o sistema financeiro.
Por último, Sr.ª Ministra, julgo que é tempo que o Governo reconheça alguns erros elementares que cometeu. Gostava de perguntar à Sr.ª Ministra se não considera que o aumento do IVA na restauração foi um erro crasso do Governo que contribuiu, e muito, para delapidar uma boa parte de um setor fundamental na nossa economia.
Sr.ª Ministra, quando temos consciência dos erros, aquilo que temos a fazer, quando somos sérios, é voltar atrás. Quero perguntar, Sr.ª Ministra, quando é que o Governo vai revogar o aumento do IVA na restauração.
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