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Intervenções na Ar (Escritas)
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26/03/2014
Debate de atualidade sobre o aumento alarmante do risco de pobreza em Portugal
Intervenção do Deputado José Luís Ferreira
Debate de atualidade sobre o aumento alarmante do risco de pobreza em Portugal
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Assembleia da República, 26 de Março de 2014 -

 

Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Quem o ouvir falar, Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social… Eu tenho que lhe louvar a coragem, porque nós ouvimos aquilo que o Sr. Ministro, hoje, aqui disse e ficamos a pensar que os dados que o INE divulgou referem-se a todo o lado menos a Portugal.

É um país lá longe!…

Mas, Sr. Ministro, estes dados que foram divulgados pelo INE referem-se a Portugal! É a este País que os dados se referem. E o que estes dados nos dizem é que, em 2012, um em cada cinco portugueses enfrentou riscos de pobreza, e esse risco foi 3,5% superior nas famílias com crianças a cargo. Estes dados retratam um País mais pobre, com mais miséria e com mais exclusão social.

Com a natalidade em queda, disparou o risco de pobreza das famílias monoparentais e dos casais com três ou mais filhos; o risco de pobreza das pessoas que vivem sós atingiu uma em cada cinco pessoas desse grupo; o risco de pobreza aumentou 2%, no caso das pessoas desempregadas; só em três anos, o número de portugueses em risco de pobreza cresceu quase 7%; o risco de pobreza para os menores de 18 anos regista um crescimento a rondar os 5% em apenas um ano, Sr. Ministro.

É por isso que dizemos que não percebemos aquilo que o Governo quer dizer quando fala em sinais positivos, quando fala na luz ao fundo do túnel ou quando fala nos milagres económicos. Não percebemos e ninguém pode perceber, face a este retrato que, repito, se refere a Portugal.

É um retrato em termos de pobreza que deve até envergonhar os membros do Governo, é verdade, mas, Sr. Ministro, este pobre retrato que hoje temos do País não é produto de qualquer intervenção divina, não é fruto do acaso. O que está a acontecer-nos é o resultado das políticas deste Governo, das opções que este Governo tem vindo a tomar.

Portanto, esta desgraça coletiva que hoje vivemos tem responsáveis, e os responsáveis são aqueles que têm assumido o comando da governação do nosso País.

Sr. Ministro, estes dados, que, repito, deveriam envergonhar os membros do Governo, referem-se a 2012. Uma vez que o Governo, entretanto, prosseguiu a política de austeridade e de cortes nas políticas sociais é de supor que os dados de 2013 sejam ainda muito piores. Isso devia ser suficiente para que o Governo ponderasse a política que tem vindo a desenvolver ou, então, não querendo mudar de política, para que fosse pregar para outra freguesia, porque os portugueses já há muito o reclamam.

 

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