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Intervenções na Ar (Escritas)
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06/03/2013
Debate quinzenal com o Primeiro-Ministro sobre questões de natureza económica, social e política
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Debate quinzenal com o Primeiro-Ministro sobre questões de natureza económica, social e política
- Assembleia da República, 6 de Março de 2013 –

1ª Intervenção

Sr.ª Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro já fez hoje várias afirmações extraordinariamente preocupantes, e uma delas foi esta: «Lamentamos, mas o País não tem dinheiro para estimular o crescimento económico». Isto é absolutamente dramático, vindo da boca de um Primeiro-Ministro. E todos nos lembramos de, há tempos, o Sr. Primeiro-Ministro ter disponibilizado 12 000 milhões de euros à banca,…mais 35 000 milhões de garantias. Iam para a banca, dizia o Sr. Primeiro-Ministro, porque a banca ia levar a que se estimulasse a economia. Não foi isto que prometeu? O Sr. Primeiro-Ministro fez uma opção, a de dar o dinheiro aos bancos e não diretamente à economia. Então, falhou tudo, Sr. Primeiro-Ministro! E agora vem dizer que não temos dinheiro nem meios para gerar riqueza no nosso País?! Isto é chegarmos a um beco sem saída!
O Sr. Primeiro-Ministro assume que não tem soluções para o País. Isto é de tal modo dramático que, neste momento, já nem podemos perguntar ao Governo que medidas tem para combater o desemprego!
Neste momento, a única pergunta que podemos fazer é procurar saber que medidas tem o Governo para promover o desemprego, porque é só isso que o Governo faz!
Há outra pergunta que se impõe, nesse corte secreto dos 4000 milhões de euros: o que vai resultar mais daí, Sr. Primeiro-Ministro, para a calamidade do aumento do desemprego?

2ª Intervenção

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, de facto, isto começa a tornar-se muito complicado não apenas na realidade mas também nos discursos — nos discursos ainda é o menos, não é verdade? O problema é a realidade.
O Sr. Primeiro-Ministro não quer políticas expansionistas, mas também não sei exatamente a que se refere quando fala de políticas expansionistas, porque há investimento e investimento! Há investimento que se repercute no crescimento económico e na criação de riqueza, e esse investimento é fundamental para o País.
Ora bem, o Sr. Primeiro-Ministro não quer gerar políticas expansionistas porque não quer aumentar a dívida. Mas a dívida está a aumentar! Então, está a aumentar a dívida para quê e à custa de quê?
O Sr. Primeiro-Ministro vai ter de explicar, porque ninguém está a perceber absolutamente nada!
E porquê? Porque está a acontecer exatamente o contrário. Ou seja, o Governo está a aplicar uma política bruta de austeridade, absolutamente insustentável — o problema é que não vai parar por aqui. E o que é que está a resultar dessa austeridade? Mais dívida!? Ninguém percebe. Mais défice!? Menos crescimento económico!? Aliás, recessão. Mais desemprego!? Ou seja, o resultado é a criação de dificuldade ao País no sentido de o afundar mais, e mais, e mais… E quanto mais afunda, mais custa a subir!
É por isso que não se vê, de facto, luz ao fundo do túnel. E o Sr. Primeiro-Ministro não traz qualquer palavra de esperança — já trouxe, em tempos, mas como, depois, quebra todos os compromissos, já nem se atreve a trazer palavras de esperança!
Sr. Primeiro-Ministro, a situação é de tal modo insustentável que começa a ser percetível por que é que a dose de protesto e a dose de manifestação deste País é tal como nunca se viu antes. Pense, por favor, no seguinte: já vimos muitos Governos passar por nós — não é verdade, Sr. Primeiro-Ministro? —, mas nunca se viu um Governo que fugisse dos portugueses como este Governo foge. Sim, Sr. Primeiro-Ministro!
Nunca houve um Governo que se escondesse tanto dos portugueses como este Governo se esconde nem nunca houve um Governo que levasse com os protestos dos portugueses como este Governo leva.
Não, diz o Sr. Primeiro-Ministro. Ora, cá está a confirmação: este Governo vive no mundo da lua, este Governo não tem os pés bem assentes na terra e no País que está a governar; este Governo não está a governar para os portugueses, está a governar para a Sr.ª Merkel e para a Europa e os portugueses sofrem todas as consequências diretas dessa opção.
Sr. Primeiro-Ministro, caso não saiba nem tenha reparado, os portugueses manifestam-se, sim, e os portugueses protestam, sim, da forma mais brutal que alguma vez se viu depois do 25 de Abril!
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