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Intervenções na Ar (Escritas)
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13/02/2014
Eleições europeias
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Eleições europeias
- Assembleia da República, 13 de Fevereiro de 2014 -

Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, se me permitir, vou juntar ao pedido de esclarecimento alguns comentários à intervenção que o Sr. Deputado Nuno Magalhães fez.
A maioria do PSD e do CDS anda com um problema sério, porque não sabe ouvir; assim como não sabe ouvir os portugueses, também não sabe ouvir aquilo que se passa no Parlamento.
Por isso, a maioria anda permanentemente a dizer que a oposição não apresenta propostas.
Então, os senhores chegam sempre à conclusão de que só há duas hipóteses: ou somos totalmente submissos à Europa, que é o que os senhores são, ou, então, saímos da Europa, e no meio não conseguem encontrar mais alternativa nenhuma.
Lamento, Sr. Deputado, porque têm sido aqui apresentadas inúmeras alternativas e os senhores só sabem fazer uma coisa, que é tapar os ouvidos.
Agora, vamos lá ser sérios, Sr. Deputado: o senhor aplicou hoje, aqui, um magnífico princípio da prevenção.
De quê é que o PSD se lembrou para esta declaração política? Os senhores recordam-se ainda muito bem da derrota política que sofreram nas autárquicas e sabem que isso foi um sério aviso ao Governo. Por isso, à cautela, vêm agora, antes das eleições europeias, dizer o seguinte aos portugueses: «por favor, não façam a mesma leitura que fizeram das autárquicas e não penalizem o Governo, porque estas eleições não têm nada a ver».
Mas, azar dos azares, Srs. Deputado, os portugueses sabem que tem a ver. Então, os portugueses não sabem que estas eleições europeias são também uma oportunidade de ouro para penalizar as políticas gravosas que o Governo tem implementado em Portugal?!
Agora, vamos ao passo seguinte: o Governo e a troica, Sr. Deputado! Importa que os portugueses não se esqueçam que a União Europeia também faz parte da troica, também é responsável por tudo aquilo que estamos a sofrer em Portugal. Não se desvinculam dessa responsabilidade!
E o Sr. Deputado acha que nas eleições europeias estas políticas não têm que ser penalizadas?! Sr. Deputado, os portugueses não podem levar em conta o apelo que o Sr. Deputado aqui fez!
Parto do seguinte princípio: quando as pessoas têm intervenções escritas, cada palavra que dizem é medida. E há uma frase na intervenção do Sr. Deputado, que apontei, em que faz um apelo ao voto dos portugueses nas eleições europeias não como julgamento mas como participação.
Então, as pessoas quando votam não estão a julgar políticas, Sr. Deputado? O que é que o Sr. Deputado está a pedir às pessoas?! Está a pedir-lhes que se desvinculem de tudo aquilo que tem que ver com a sua vida concreta e que façam uma teoria na altura das eleições, através do seu voto, relativamente à União Europeia?! Não pode ser, Sr. Deputado! As eleições são para julgar também políticas relativas à vida concreta das pessoas.
Mas, depois, há outra coisa de que o Sr. Deputado não falou, que tem a ver também, obviamente, com políticas concretas europeias. Não falou do que é que resultou dessas políticas, ao longo destes anos, por exemplo, para a nossa dependência económica, da forma como a União Europeia «comeu» o nosso mercado interno, como nos tornámos muito mais dependentes do exterior, designadamente a nível alimentar.
Há coisas que o Sr. Deputado não contou. Não contou, porque não convém! Não é verdade, Sr. Deputado?
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