| Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia-  		Assembleia da República, 25 de Novembro de 2011  Sr.ª Presidente, nesta fase de discussão do Orçamento na especialidade,  			estamos justamente a tratar dos artigos que contêm as maiores  			atrocidades presentes neste Orçamento do Estado, as piores medidas a  			todos os níveis, porque são «facadas» autênticas nos orçamentos  			familiares.Por vezes, apetece-nos perguntar se o Governo tem absoluta  			consciência dos níveis salariais de Portugal. Tem, com certeza.
 Os senhores gostam muito de nos comparar com a Europa, mas nunca vi  			nenhum membro do Governo nem da maioria ter a hombridade de chegar  			aqui e comparar os nossos níveis salariais com os da Europa, para se  			perceber bem a dimensão das austeridades, porque é também por aqui  			que elas se medem, no impacto sobre a realidade concreta do País.
 Ora, o que está a fazer-se é a furtar salários às pessoas. É pô-las  			a trabalhar para nada! O roubo dos subsídios de férias e de Natal e  			a manutenção dos cortes salariais dos trabalhadores é também isso,  			bem como a manutenção dos cortes nas pensões e o furto dos subsídios  			de Natal e de férias aos pensionistas. É, pois, preciso ter  			consciência desta realidade.
 Os Verdes consideram absolutamente essencial para o País o  			crescimento económico, matéria que também se prende directamente com  			a necessidade de dinamização económica do País, porque quando  			retiramos poder de compra aos portugueses, o que estamos a fazer é a  			impedir que os portugueses sejam agentes dinamizadores dessa  			economia. Se as pessoas não têm poder de compra, não entram na  			economia, não compram bens e serviços. E as empresas precisam «como  			de pão para a boca» que as pessoas tenham poder de compra. Ou seja,  			os senhores oferecem «migalhinhas» às micro, pequenas e médias  			empresas, mas retiram-lhes o grosso das suas necessidades, que é o  			mercado. E estas pessoas são o motor desse mercado interno.
 O que os senhores fazem é entrar no bolso dos portugueses através da  			supressão de uma grande parte do seu orçamento familiar, mas também  			dão uma machadada concreta na economia portuguesa, no nosso mercado  			interno. O que se vos pede é que assumam esse objectivo e não andem  			a enganar, a tapar, a pôr capas sobre as medidas para parecerem  			altamente aquilo que não são. Assumam-no politicamente para os  			portugueses terem a certeza absoluta das convicções deste Governo!
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