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Intervenções na Ar (Escritas)
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25/09/2014
Organização e funcionamento dos tribunais judiciais, mapa judiciário e CITIUS
Intervenção do Deputado José Luís Ferreira
Organização e funcionamento dos tribunais judiciais, mapa judiciário e CITIUS
- Assembleia da República, 25 de Setembro de 2014 -

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Voltamos hoje a falar de justiça ou, melhor, voltamos a falar de injustiça, porque aquilo que o Governo fez com o encerramento de dezenas de tribunais foi uma verdadeira e monumental injustiça para milhares de cidadãos, que, com esta dita reforma, ficam muito mais longe da justiça e do acesso ao direito.
Aquilo a que o Governo chama de «reforma na justiça» traduziu-se, afinal, no encerramento de tribunais, na desqualificação em meras extensões e na concentração de valências judiciais nas capitais de distrito, tudo medidas que afastam ainda mais os cidadãos da justiça e do seu acesso à mesma.
Uma dita reforma assentou em critérios injustos, com o objetivo claro de reduzir tribunais em muitas localidades, sem ter em conta o meio onde os mesmos se inserem, sem atender às respetivas características socioeconómicas e sem ter em conta as acessibilidades e a mobilidade das populações.
Isso não interessou nada; o que interessou foi encerrar tribunais, porque era esse, e só esse, o objetivo do Governo.
E o resultado é, naturalmente, o agravamento das condições de acesso dos portugueses à justiça, sobretudo daqueles que vivem com mais dificuldades económicas.
É uma reforma que ficará marcada não só pelo facto de o Governo não ter sequer respeitado os critérios que o próprio Governo estabeleceu — como seja, por exemplo, o critério do volume processual, ou o critério da distância entre o tribunal que recebe os processos e o tribunal de origem —, mas também pela teimosia do Governo em fazê-la entrar em vigor sem ter acautelado o essencial, de forma a garantir o normal funcionamento dos tribunais.
Na verdade, o desastre que está a representar a entrada em vigor do novo mapa judicial é uma embrulhada sem paralelo na nossa história.
É uma vergonha o que se está a passar, com o caos instalado na justiça e com a paralisação dos tribunais. Foi isto e só isto o que o Governo conseguiu com a sua reforma:
Não há justiça para ninguém, está tudo parado. É o regresso à era do papel, dos faxes, das cartas registadas e das fotocópias. Consultar processos passou a ser uma tarefa tão difícil como procurar uma agulha no meio de um palheiro. Uma vergonha!
E o pior de tudo é que não há sequer a perspetiva de as coisas voltarem à normalidade. Outra vergonha!
Os Verdes são contra esta reforma, sobretudo porque entendemos que esta reforma afasta ainda mais os cidadãos da justiça, principalmente nas regiões com mobilidade mais dificultada, mas também porque esta reforma torna a justiça mais cara, pois agora é necessário acrescentar os custos com as deslocações.
Foi por isso que Os Verdes acompanharam as apreciações parlamentares, tanto do PS como do PCP, que estiveram em discussão em maio deste ano.
Nessa altura, apresentámos também uma iniciativa legislativa, no sentido de fazer cessar os efeitos do diploma que acabou por materializar, no plano legislativo, a dita reforma do Governo e dos partidos da maioria.
E hoje acompanhamos as iniciativas em discussão, tanto do PS como do PCP, como forma de repor o acesso à justiça por parte dos cidadãos e como forma de remover os obstáculos que este Governo criou aos portugueses no que diz respeito ao acesso à justiça.
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