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 Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia- Assembleia      da República, 15 de Setembro de 2011  
  
Sr.ª Presidente, 
Sr. Deputado Carlos Zorrinho, à semelhança do que fizeram as outras        bancadas, quero, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os        Verdes», cumprimentá-lo pela sua eleição para a liderança do Grupo        Parlamentar do Partido Socialista, bem como à restante direcção. Já o fiz,        pessoalmente, em relação ao Sr. Deputado António José Seguro, mas quero        aqui reiterar e desejar felicidades para o desempenho do cargo de        Secretário-Geral do Partido Socialista, votos que estendo, igualmente, à        Sr.ª Deputada Maria de Belém Roseira, na qualidade de Presidente do        Partido Socialista, e a todos os membros da direcção eleitos.  Agora, vamos à outra parte. Julgo que tenho razões para isso! Na sua        intervenção, o Sr. Deputado disse que o Partido Socialista assume todos os        erros cometidos,… Ah, não assume todos. Só assume alguns.  Mas o Sr. Deputado disse que assume os erros que foram cometidos — foi        isso que apontei — e eu quero saber que erros foram esses, porque não se        vislumbrou qualquer resposta no Congresso do Partido Socialista, nem        tão-pouco agora, na intervenção que fez.  Afinal, na vossa leitura e segundo a vossa perspectiva, que erros é que os        senhores cometeram? É que quem vos ouve falar parece que não houve        quaisquer erros. Mas o Sr. Deputado vai fazer o favor de dizer aqui que        erros foram esses. Terá sido, porventura, por ter havido um afastamento        das pessoas, um afastamento das necessidades efectivas dos portugueses, ou        seja, uma política virada contra os portugueses?  O Sr. Deputado dirá, com certeza, que erros foram esses!  Mas há uma outra coisa que me deixa estupefacta, que é a tentativa do Sr.        Deputado de reescrever a história recente. Diz o Sr. Deputado que os        partidos da oposição «derrubaram» o governo?! Como, Sr. Deputado?!  Como?! Que formalidade foi essa?! É que, segundo aquilo de que nos        lembramos, foi José Sócrates que se demitiu! Ou não? Estaríamos nós a        delirar?!  Ou será que chega aqui um primeiro-ministro, faz chantagem com o        Parlamento e nós dizemos «Amen, sim senhor!». Não! É que há gente séria na        política, Sr. Deputado!  Há gente que assume o que diz fazendo o que diz! Isso é        extraordinariamente importante, e é isso que dá credibilidade a cada força        partidária! É muito importante, hoje em dia, dizer isto, Sr. Deputado!  Já estamos fartos desta situação de, na oposição, se dizer uma coisa e        depois, quando se chega ao governo, fazer-se outra completamente        diferente! Porque agora o Partido Socialista muda! Quando mudam as        lideranças, não é só o Partido Socialista que muda, porque o PSD faz        exactamente o mesmo! Mudam as lideranças e o que é que acontece? Procuram        sustentar-se numa falta de memória colectiva, trabalhar para essa falta de        memória colectiva e voltar tudo à «estaca zero»! O discurso e alguma        prática começam a mudar, o que constitui uma ilusão, porque depois volta        tudo ao mesmo!  Gostava, pois, de saber quais são os erros para perceber, afinal, que        lições tirou o Partido Socialista dos erros que cometeu!  Pergunta o Sr. Deputado: «Se os senhores não tivessem chumbado o PEC 4, o        que é que teria acontecido?». Nós sabemos, Sr. Deputado! Se o PEC 4        tivesse sido aprovado, tal como foram o PEC 1, com o PSD, e o PEC 2, com o        PSD, e o PEC 3, com o PSD — porque, afinal, diga-se a verdade, os senhores        é que andaram sempre colados ao PSD e o PSD ao PS! —, o que teria        acontecido é que vinha aí o PEC 5 e depois o PEC 6. Aliás, todos nos        lembramos que, quando apresentava um PEC, José Sócrates dizia sempre        assim: «Não vai ser necessário outro, porque este é bastante para nos        confrontarmos com os problemas do País»!  Vou terminar, Sr.ª Presidente.  Portanto, Sr. Deputado, este seria o futuro e isso é absolutamente        lamentável! Não reescreva a história, Sr. Deputado. Tente, antes,        contribuir para uma história diferente, ou seja, para uma política        diferente. 
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