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Intervenções na Ar (Escritas)
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01/02/2012
Petição n.º 10/XII (1.ª) solicitando à Assembleia da República a promoção de medidas que, no atual momento de crise, permitam conferir dignidade à vida das mulheres
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Petição n.º 10/XII (1.ª) solicitando à Assembleia da República a promoção de medidas que, no atual momento de crise, permitam conferir dignidade à vida das mulheres
- Assembleia da República, 1 de Fevereiro de 2012 –
 
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero também, em primeiro lugar, em nome do Grupo Parlamentar Ecologista «Os Verdes» saudar os peticionários desta petição, da autoria do MDM, que estamos agora a discutir.
Convém talvez centrarmo-nos no texto da própria petição que se prende com o aumento do custo de vida em 2011. Que dirão estes peticionários no momento atual em que as condições estão ainda mais agravadas?
Estas mulheres vêm pedir à Assembleia da República que reflita sobre o seguinte: o aumento do custo de vida afeta enormemente a vida dos portugueses e das famílias portuguesas e aqueles que outrora tiveram sempre nos seus discursos a preocupação com as famílias hoje esquecem completamente essas famílias e degradam a sua vida com as políticas concretas que vão assumindo.
Na verdade, todos sabemos que são normalmente as mulheres que gerem esses, quantas vezes…, exíguos e cada vez mais pequeninos orçamentos familiares e que têm de fazer «ginástica» atrás de «ginástica» para uma coisa que já não consegue esticar mais…! Julgo que quem, de facto, é insensível a esta realidade não merece estar no Parlamento — desculpem-me a franqueza, mas julgo que é mesmo assim.
Depois, estamos a tentar desviar discursos para outras coisas mais genéricas sobre as problemáticas da discriminação das mulheres, mas é do custo de vida que estamos a falar! E o aumento desse custo de vida agrava justamente o fator de discriminação das mulheres, que são, como aqui já foi referido, aquelas que, dentro da cada vez maior massa dos desempregados, nossos concidadãos, representam a maior percentagem dos que têm os ordenados mais baixos. Ora, isto tem de fazer-nos refletir.
Sr.as e Srs. Deputados, o que estas mulheres provavelmente não conseguem compreender é como é que em tempo de crise, onde lhes são pedidos tantos sacrifícios, bem como aos portugueses em geral, o fosso entre os mais ricos e os mais pobres deste país continua a aumentar. Se não é em tempo de crise que se gera algum equilíbrio na redistribuição da riqueza, estas mulheres não conseguem compreender como é que as afundam cada vez mais!
O que estas mulheres provavelmente não conseguem compreender é como é que há setores tão privilegiados nesta sociedade como o setor financeiro, em que, num momento de crise, há sempre dinheiro para injetar, mas, depois, para o engrandecimento da sociedade, que levaria a um engrandecimento do País através da geração de riqueza, não há dinheiro!
Não se consegue compreender, e é no meio destas totais contradições que estas questões ainda se tornam cada vez mais injustas!
Sr.as e Srs. Deputados, provavelmente foi por isso que as Deputadas que representam os partidos que têm responsabilidade nesta matéria não falaram verdadeiramente do tema da petição.
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