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Intervenções na Ar (Escritas)
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24/10/2012
Petição solicitando à Assembleia da República que a disciplina de Educação Tecnológica faça parte do currículo nacional dos 2.º e 3.º ciclos
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Petição n.º 131/XII (1.ª) — Apresentada pela Associação Nacional de Professores de Educação Técnica e Tecnológica, solicitando à Assembleia da República que a disciplina de Educação Tecnológica faça parte do currículo nacional dos 2.º e 3.º ciclos como disciplina obrigatória
- Assembleia da República, 24 de Outubro de 2012 –

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quero também, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», começar por saudar os peticionários, que trazem esta matéria da Educação Tecnológica e da sua necessidade nas escolas e para os alunos, à Assembleia da República.
Se as Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados me permitem, quero, antes de mais, retificar uma coisa que aqui foi dita, que é uma absoluta falsidade, e já toda a gente percebeu que é uma absoluta falsidade. Refiro-me ao facto de, eventualmente, esta revisão curricular ter sido feita em torno dos interesses dos alunos. Nada mais falso!
Não sei como é que as Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados da maioria têm o desplante de chegar aqui e considerar sempre que os interesses dos professores são antagónicos aos interesses dos alunos, e vice-versa. Não sei onde é que os senhores foram encontrar essa ideia! É totalmente falsa!
Agora, vamos ver em benefício de quem ou a pensar em quem é que esta revisão curricular foi feita. A pensar na troica, ponto final!
Por isso, o objetivo maior desta revisão curricular foi, de facto, pura e simplesmente, o despedimento de professores. Havia objetivos quantificados para despedir professores, para atingir uma quantidade certa que estava estabelecida entre o Governo e a troica.
Por que é que os senhores não admitem isso, se é o mais óbvio?!
O que é que os Srs. Deputados da maioria fazem? Chegam aqui e tentam inventar uns argumentos para ver como é que isto fica bem na fotografia. Então, põem-se a falar das disciplinas estruturantes e das disciplinas não estruturantes… Com base em que é que os senhores dizem isso? Com base em que é que os senhores encontraram as disciplinas estruturantes?
Será que há disciplinas estruturantes e disciplinas não estruturantes? Por exemplo, a Educação Física não deve servir para nada, a não ser para os catraios andarem ali ocupados, durante 45 ou 90 minutos, e não estarem noutro lado qualquer. Por amor de Deus, Sr.as e Srs. Deputados!
A educação artística é uma área não estruturante?! Aprender a conhecer materiais, aprender a manusear materiais, aprender a fazer, criar destreza, criar agilidade é uma coisa que não serve para nada durante a vida, porque o que interessa, de acordo com a lógica das Sr.as e dos Srs. Deputados da maioria, é os meninos estarem 90, mais 90, mais 90 minutos a aprender Matemática e Português!… E, pasmemo-nos, nestas disciplinas de componente prática, os meninos treinam muito a Matemática e o Português!
Mas, depois, os senhores fazem mais: dão muitas, muitas aulas de Matemática e de Português — não é assim? — com turmas enormes. Aumentam o número de meninos na turma, ou seja, criam-se menos condições na turma para a aprendizagem.
Os senhores são um poço de contradições, porque não conseguem arranjar o verdadeiro argumento para aquela que é a realidade, que é a de tudo isto foi feito a pensar na troica. Por isso é que isto está tudo errado, por isso é que os senhores estão a destruir a escola pública. Os senhores estão a desvalorizar a escola pública, logo os senhores estão a comprometer gerações futuras. E isso o País não vos pode perdoar. Os senhores estão a comprometer a aprendizagem, a dignidade como seres humanos inteiros de gerações futuras!
Estão a negar aprendizagens de corpo inteiro, e isso não vos pode ser perdoado.
Depois, vêm aqui dizer o seguinte: «As escolas fazem de acordo com os recursos humanos disponíveis, de acordo com os recursos que têm.» Os senhores roubaram recursos às escolas!
Qual é a resposta da escola? Não fazem!
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