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Intervenções na Ar (Escritas)
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10/04/2014
Política de saúde – pedido de esclarecimento
Intervenção do Deputado José Luís Ferreira
Política de saúde – pedido de esclarecimento
- Assembleia da República, 10 de Abril de 2014 -

Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Carla Cruz, em primeiro lugar, queria saudá-la pela oportunidade do assunto que hoje nos traz para discussão, que, aliás, coincide com mais um protesto na área da saúde, o qual decorre exatamente hoje, por parte dos enfermeiros do Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Central, protesto este a pensar, sobretudo, no Serviço Nacional de Saúde e nos utentes, que só têm a beneficiar com a jornada contínua que estes profissionais de saúde estão hoje a exigir com a sua luta, luta esta que, em nome de Os Verdes, também aproveito para saudar.
De facto, Sr.ª Deputada Carla Cruz, partilhando da leitura que faz da política de saúde deste Governo, creio que podemos sintetizar em quatro elementos centrais a política do Governo para a área da saúde. Em primeiro lugar, cortes cegos em tudo o que mexe numa área tão sensível como é a da saúde. Depois, o encerramento de serviços de saúde por todo o País — aliás, o Sr. Ministro da Saúde continua a dizer, de forma brilhante, que encerra serviços de saúde para melhorar o acesso dos portugueses aos cuidados de saúde, coisa que, se calhar, só poderá ser compreendida por alguém com um poder sobrenatural. Em terceiro lugar, uma clara e indisfarçável preocupação com os interesses do setor privado na área da saúde. E, por fim, um esforço do Governo em empurrar os custos com a saúde para o utente.
E o resultado, de facto, não podia ser outro, senão este: há doentes que deixam de ir às consultas porque não têm dinheiro sequer para o transporte; e há cada vez mais famílias cujo rendimento disponível não lhes permite comprar os medicamentos de que precisam (e, de duas, uma: ou deixam de os comprar, ou tomam menos, ao contrário do que é prescrito, para fazer render os medicamentos, com todas as consequências que isso pode trazer para a sua saúde), ou seja, os medicamentos passaram a ser, com este Governo, um luxo a que muitas famílias hoje não conseguem aceder.
Sr.ª Deputada, acho que não é necessário muito esforço para se perceber que, ao contrário do que diz o Sr. Ministro da Saúde, cada vez mais portugueses deixam de aceder aos cuidados de saúde por razões económicas.
Ora, gostaria de saber, Sr.ª Deputada, se partilha desta minha leitura, ou da leitura do Sr. Ministro da Saúde, que diz que, hoje, não há portugueses que deixem de ter acesso aos cuidados de saúde por motivos económicos.
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