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Início - Grupo Parlamentar - XII Legislatura - 2011/2015 - Intervenções na Ar (Escritas)
 
Intervenções na Ar (Escritas)
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21/12/2011
Políticas levadas a cabo pelo anterior governo que conduziram ao Memorando assinado com a tróica e as medidas que o actual Governo tem de implementar

Pedido de esclarecimento da Deputada Heloísa Apolónia  

Sr. Presidente, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, pois lá está! É por estas e por outras que ninguém compreende nada!…

O Sr. Deputado foi àquela tribuna e prometeu o seguinte aos portugueses: vamos construir um País mais competitivo, vamos fazer verdadeiros mercados, vamos criar mais justiça, vamos criar mais oportunidades. Mas, então, onde é que os portugueses se encaixam nisto tudo, Sr. Deputado? Onde é que os jovens deste País, onde é que, por exemplo, os professores deste País, se encaixam nesta maravilha que os senhores estão a criar, que ninguém consegue perceber muito bem como nem onde se pode vislumbrar?!…

Mas os senhores ditam permanentemente assim, mas aquilo que as pessoas sentem é exactamente o contrário! É que as suas oportunidades de vida estão a ser constante e completamente destruídas, pois não se perspectivam bons tempos, nem a curto nem a médio prazo, e isso, Sr. Deputado, é extraordinariamente preocupante para quem quer formar vida, para quem se quer lançar na vida, para quem quer criar autonomia na vida.

Ora, aqui, nesta Câmara, no debate do Orçamento do Estado, tive oportunidade de pedir, por duas vezes, ao Sr. Primeiro-Ministro que se pronunciasse sobre umas célebres declarações do Sr. Secretário de Estado da Juventude que sugeria aos jovens do País que saíssem da sua zona de conforto e emigrassem, fossem à procura de outros horizontes, porque cá não… O Sr. Primeiro-Ministro nunca comentou estas declarações absurdas deste Sr. Secretário de Estado. Agora, começo a perceber porquê, porque, provavelmente, o Sr. Primeiro-Ministro concordava, em absoluto, com aquilo que o Sr. Secretário de Estado da Juventude afirmou.

Eis se não quando vem agora o Sr. Primeiro-Ministro dizer que os professores, que os senhores estão a colocar no desemprego como nunca antes de viu — os senhores estão a pegar nos professores em massa e a colocá-los no desemprego — não têm problema absolutamente nenhum: emigrem! Emigrem!… Os PALOP são uma boa perspectiva, em geral, os países de língua oficial portuguesa são uma boa perspectiva, emigrem, saiam daqui para fora! Provavelmente, é menos peso que cai sobre o Estado…

Sr. Deputado, isto é absolutamente inaceitável! Dizer-se isso numa escorregadela, enfim,… todos temos, obviamente, declarações menos felizes, mas é o Primeiro-Ministro de Portugal, em circunstâncias extraordinariamente difíceis onde as palavras, muitas vezes, têm de ser medidas ao milímetro. E porquê? Porque elas têm consequências concretas.

E o que é que se pode retirar daqui, Sr. Deputado? É o reconhecimento absoluto do falhanço das políticas do Governo, é dizer às pessoas «os senhores desculpem mas aqui não têm perspectivas de futuro e, se querem futuro, abandonem o País e vão para o estrangeiro procurá-lo, porque nós não vos vamos conseguir dar isso».

Isto é uma derrota autêntica, Sr. Deputado! Isto é meter na cabeça das pessoas que este Pais está derrotado à partida. E aqui os protagonistas vão proferindo grandes discursos mas com práticas perfeitamente absurdas e contrárias aos discursos, porque os senhores não estão a criar maravilhas neste País, os senhores, aos poucos, estão a destruir qualquer perspectiva para este País.

 

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