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Intervenções na Ar (Escritas)
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22/02/2012
Programa de assistência económica e financeira a Portugal

 

 

Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Programa de assistência económica e financeira a Portugal.
Assembleia da República, 22 de Fevereiro de 2012.

Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, o Sr. Deputado tem de, como se costuma dizer, «cair na real», o Sr. Deputado tem de atender àquela que é a verdadeira realidade do País. Não basta o Sr. Deputado chegar aqui e dizer: «Ah, que bom,…» e bate palmas «… estamos a cortar na despesa! Isto é tão bom!»

Bateu palmas, sim, Sr. Deputado, bateu palmas de outra forma.

O que lhe pergunto — e quero que o Sr. Deputado reflita sobre isso — tem a ver com o seguinte: à conta de quem e do quê se está a fazer esse corte na despesa?

À conta do roubo aos portugueses, Sr. Deputado! É que cortam o subsídio de férias e o subsídio de Natal! Cortam na saúde — as pessoas que paguem mais! Cortam na educação — piora a educação! E promovem rescisões na Administração Pública — significa que vão fazer despedimentos na Administração Pública, ainda que não lhe queiram dar esse nome!

Sr. Deputado, assim todos nós poupávamos! Não é verdade? Assim, todos nós cortávamos nas nossas despesas! Assim, é fácil, Sr. Deputado!

Mas qual é o resultado? É que é para esse resultado que temos de olhar. O resultado é o empobrecimento literal do País e o empobrecimento literal dos portugueses, Sr. Deputado!

Não me diga que ainda não reparou que há um aumento enorme da bolsa de pobreza em Portugal!? É inacreditável que o Sr. Deputado não tenha reparado nisso! Todos os dias ouvimos isso nas notícias. Todas as associações que lidam com estas questões da pobreza bradam ao Governo que tenha cuidado com a verdadeira realidade que se está a formar no País, que é o aumento da pobreza. Mas o Sr. Deputado consegue fazer uma intervenção sobre o corte na despesa sem olhar àquela que é a consequência direta desse corte, para percebermos exatamente de onde ele decorre. Ora, assim, não vale, Sr. Deputado!

Então, o Sr. Deputado está aqui a aplaudir o quê?! É só para dar aplausos para a troica? É só para dar fotografias para a troica? Então, e os portugueses?! É que foram os portugueses que vos elegeram, Sr. Deputado! É aos portugueses que os senhores têm de responder. E há de convir que os senhores, na altura, não foram francos, não disseram verdade, porque chegaram ao Governo e fizeram exatamente o contrário.

O Sr. Deputado diz, na sua intervenção, que, no futuro, é preciso baixar a carga fiscal, diz que o País precisa disso «como de pão para a boca» para o relançamento da economia. Então, o que é que isto significa? Que vamos relançar a nossa economia quando o Governo baixar os impostos? Pergunto-lhe: quando? Até lá, é sempre para o afundamento, Sr. Deputado? É só recessão?

Não? Então, explique, por favor, porque não percebi nada!

O Sr. Deputado diz ainda que pode discutir-se se o prazo de ajustamento é ou não suficiente. Qual é a sua opinião sobre essa matéria, Sr. Deputado?

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