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28/09/2012 |
Projeto de Lei de “Os Verdes” - 199/XII (1.ª) — Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 28/2005, de 10 de fevereiro, sobre o regime jurídico de acesso às pensões de invalidez e velhice dos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio |
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Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Projeto de Lei de “Os Verdes” - 199/XII (1.ª) — Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 28/2005, de 10 de fevereiro, sobre o regime jurídico de acesso às pensões de invalidez e velhice dos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU), SA, e estabelece o direito a indemnização em caso de doença
- Assembleia da República, 28 de Setembro de 2012 –
1ª Intervenção
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em nome de Os Verdes, gostaria, em primeiro lugar, de nesta intervenção dirigir uma grande saudação aos ex-trabalhadores da ENU, às suas famílias e à população que se tem associado a toda esta luta de muitos e muitos anos, a qual tem demonstrado que vale a pena não desistir.
Quando surgiram as primeiras propostas na Assembleia da República relativamente a determinadas pretensões destes ex-trabalhadores, as maiorias rejeitaram-nas imediatamente sempre com o argumento, independentemente da situação em que o País se encontrasse, de que era dinheiro gasto.
Mas as maiorias não põem em causa a legitimidade da pretensão, e isso é importante. Portanto, ao fim de alguns anos, acabam por ter que reconhecer essa legitimidade, a qual, depois, tem que se enquadrar sempre num texto legal. Assim aconteceu relativamente ao regime da reforma antecipada, mas restringiram muito os trabalhadores beneficiários deste regime, sendo que mais tarde tiveram que assumir que era preciso alargá-lo a outros, mesmo àqueles que não tinham vínculo à data da dissolução. E o mesmo se passou no que respeita ao acompanhamento médico.
Tudo tem sido conseguido passo a passo, mas há uma questão de elementar justiça que ainda está de fora e pela qual é preciso continuar a batalhar, que é justamente a da indemnização caso seja diagnosticada uma doença profissional a estas pessoas que estiveram sujeitas a tremendas condições extraordinariamente graves, à radioatividade, e que toda a gente sabe, ninguém o nega, pois há muitos estudos sobre a matéria. E pior: a evidência da vida é tão clara que ninguém o poderia negar, ou seja, que estas pessoas, de facto, estão sujeitas a doenças, designadamente de ordem oncológica, num número extraordinariamente elevado e a mortes precoces, que decorrem, justamente, da exposição a esta radioatividade a que estiveram sujeitos durante tantos anos.
Portanto, de duas, uma: ou fechamos os olhos e fingimos que nada se passa (e já não posso dizer que é isso que acontece, dado o regime legal que, atualmente, está em vigor), ou assumimos que é assim, e neste caso temos de levar isto até às consequências legítimas. E deixar de fora esta indemnização, no caso de diagnóstico de doença profissional, é uma falha que não pode continuar. O Estado tem esse dever e a Assembleia da República tem também o dever de consagrar esta questão na lei.
Por último, quero dizer que Os Verdes se orgulham, obviamente, de traduzir insistentemente a pretensão legítima destes trabalhadores aqui, na Assembleia da República.
Julgamos que é justamente esse o nosso dever. As pretensões legítimas chegarão sempre, também pela voz de Os Verdes, à Assembleia da República.
2ª Intervenção
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nesta segunda intervenção, gostaria apenas de dizer que se este assunto não fosse tão sério estas intervenções do PSD e do CDS dariam uma absoluta vontade de rir.
Ó Sr. Deputado Hélder Amaral, então agora está preocupado com o problema do universo de trabalhadores abrangidos?! Esse debate não foi já feito aquando da discussão das reformas antecipadas?
Se está o universo encontrado, não invente argumentos, Sr. Deputado! Se está o universo encontrado, se trabalharam, se batalharam tanto para reduzir o universo e lá o alargaram àquilo que era no mínimo justo, então, porque é que vem levantar esse problema? Invente outro! Não tem mais para inventar, Sr. Deputado?!
Sr. Deputado João Figueiredo, mas que bela maneira de se livrar da sua responsabilidade e da do PSD! Ora bem, estão em discussão propostas em concreto de atribuição do direito de indemnização, e o Sr. Deputado diz aqui que «compreendemos, os trabalhadores têm direito, mas nós não podemos pagar». Então, devem ter pensado: «vamos lá inventar uma maneira de não sairmos mal na fotografia. Vamos apresentar um projeto a recomendar ao Governo (ele, depois, ou faz ou não faz) que faça um estudo sobre o impacto financeiro.
A vida das pessoas não tem preço, Sr. Deputado! A vida das pessoas vale muito! Isso não é argumento!