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Intervenções na Ar (Escritas)
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28/05/2014
Sobre a análise dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia
Sobre a análise dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu
- Assembleia da República, 28 de Maio de 2014 -

Sr.ª Deputada, Sr. Deputado Filipe Lobo d’Ávila, gostaria de começar por dizer aquilo que é um facto, não é a minha opinião: o PSD e o CDS saíram literalmente derrotados destas eleições; os portugueses penalizaram, clara e fortemente, esta maioria PSD/CDS.
Perante esta evidência, aquilo que me pareceu que o Sr. Deputado concluiu foi o seguinte: «Desenganem-se aqueles que consideram que esta maioria não está coesa. Esta maioria está muitíssima coesa».
Porém, faltou talvez ao Sr. Deputado acrescentar mais qualquer coisa: que esta maioria está coesa, pese embora esteja isolada e divorciada dos portugueses. Era isto que lhe faltava dizer.
Não tenho muitas dúvidas de que está coesa, Sr. Deputado, porque gente agarrada ao poder, nessas bancadas, provavelmente é o que não falta!
Mas aquilo que importa avaliar neste momento não é a relação do PSD com o CDS, porque não é a isso que se resume o País; importa avaliar a relação do PSD e do CDS com os portugueses. Julgo que a vossa reflexão deve passar também para essa dimensão e por tentarem perceber que, de facto, a vossa representatividade eleitoral não é a mesma que era há uns tempos, hoje é muitíssimo menor.
Talvez fosse importante os senhores refletirem sobre isto: «Porquê? Porque é que já não representamos da mesma forma?». É que, de facto, os senhores foram uma brutal desilusão para muitos portugueses, que, na verdade, se sentiram fortemente traídos com as vossas políticas.
E, Sr. Deputado, não precisamos de relembrar aqui tudo aquilo que disseram que não fariam e que depois fizeram, como o aumento dos impostos ou os cortes salariais. Não é verdade, Sr. Deputado?! Traíram claramente a confiança de muita gente, que, de boa-fé, confiou nos senhores.
O Sr. Deputado manifestou uma grande preocupação relativamente à abstenção. Quer crer o Sr. Deputado que julgo que os senhores tiveram uma fortíssima responsabilidade na abstenção? Primeiro, por causa da traição, que já referi.
Calma, Sr. Deputado, Não ponha todos no mesmo saco! Tem a ver com a traição e com a forma pouco séria de estar na política.
Não, não são todos, Sr. Deputado! Não se podem tomar todos pela mesma bitola. Esse talvez seja dos maiores erros que se cometem: tomar todos pela mesma bitola.
Os senhores têm uma forma pouco séria de estar na política e de exercer o vosso mandato, o que julgo ter contribuído muito para a abstenção.
Porém, também não vamos descurar os cerca de 300 000 portugueses que os senhores enviaram forçadamente para o estrangeiro.
Termino, Sr.ª Presidente.
Estou a falar de muitos jovens que viram a porta fechada no seu País e que tiveram de emigrar, de uma forma contrariada, devido às políticas que os senhores protagonizaram. Obviamente, tinham de ser penalizados!
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