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16/06/2005 |
Sobre Falecimento de Eugénio de Andrade |
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Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia sobre Falecimento de Eugénio de Andrade
Assembleia da República, 16 de Junho de 2005
Sr Presidente, Sr Ministro, Srs Deputados,
Eugénio de Andrade continuará a falar através das palavras que deixou escritas na sua vasta obra literária.
Escritas depois de criteriosamente escolhidas, a expressar mensagens claras com uma bela simplicidade – a dizer a todos, a chegar a todos.
Deixa uma obra de respeito, diversas publicações, traduzidas em várias línguas.
Um poeta que encontrou na relação com os elementos naturais, e também na natureza humana, uma fonte inesgotável de amor, de alegria, de música, traduzindo-os na sua poesia eivada de sensibilidade e simplicidade, tal como o que de mais natural há.
Foi um homem que dispensou a projecção pública, tendo aparecido raras vezes em público devido, como disse “a essa debilidade do coração, que é a amizade”. Contudo, a sua projecção pública é inerente à genialidade da sua produção artística, reconhecida com diversos e prestigiantes prémios nacionais e internacionais, aos quais nunca concorreu.
Uma obra desta envergadura não se guarda, vive-se. E nisso o nosso sistema de ensino tem uma responsabilidade grande em fazer viver essa obra.
“Estou contente, não devo nada à vida
e a vida deve-me apenas
dez réis de mel coado.
Estamos quites, assim
O corpo já pode descansar.”
Já descansa.
À família de Eugénio de Andrade, o Partido Ecologista “Os Verdes” apresenta sentidas condolências.