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16/06/2005
Sobre Falecimento de Vasco Gonçalves
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia sobre Falecimento de Vasco Gonçalves
Assembleia da República, 16 de Junho de 2005
 

 
 
 

 

 
 
Sr Presidente, Sr Ministro, Srs Deputados,

“Nós não podemos dar com a nossa economia em pantanas. Nós temos de a consolidar. Não se exige só sacrifícios dos trabalhadores, é preciso exigir-se também sacrifícios dos detentores do capital” – quem o disse foi Vasco Gonçalves.

Esta citação reflecte bem o sentido de justiça social e de exigência de empenho para promover o desenvolvimento do país – um esforço de todos, para todos e não, o que infelizmente nos habituámos a ver posteriormente, a exigência de sacrifícios dos mesmos trabalhadores para aliviar os detentores do capital.

Vasco Gonçalves esteve com o povo. Como não valorizar um homem que serviu o povo? Que povo aceitaria um pedido de jornadas de trabalho gratuitas, para acelerar um processo de desenvolvimento que estava atrasado por força de uma ditadura de 48 anos? Que povo aceitaria trabalhar gratuitamente em prol da sua comunidade, quando os serviços públicos ainda não estavam aptos, como se desejaria que viessem a estar, para dar resposta às necessidades dos cidadãos? Certamente só um povo que enaltece os objectivos que se propunham atingir.

No dia da morte de Vasco Gonçalves, numa reportagem televisiva onde várias pessoas, anónimas para nós, nossos concidadãos, eram entrevistadas para perceber o que lhes deixara Vasco Gonçalves, várias davam conta dos direitos que tinham adquirido nos tempos de governo de Vasco Gonçalves, as primeiras férias, a primeira viagem ao Algarve que até então tinha sido só para os ricos, a aquisição de casa, a possibilidade de rechear a casa com equipamentos básicos, a melhoria de condições de vida, melhores condições de trabalho, mais igualdade de oportunidades. Estes testemunhos são por demais importantes para repor algumas verdades históricas e para nos consciencializarmos que houve quem acreditasse, e por isso o tivesse procurado implementar, que era possível haver desenvolvimento com justiça social. Vasco Gonçalves foi engenheiro da justiça social.

Enquanto alguns remeteram os inúmeros sonhos de Abril para a ordem dos mitos e das utopias, Vasco Gonçalves representa aqueles que acreditaram, e legaram essa crença para muitos outros, que o espírito de Abril era possível e concretizável.

O General Vasco Gonçalves está inequivocamente ligado à revolução do 25 de Abril, ao MFA, a avanços extraordinários do ponto de vista social. Serviu o povo e o povo certa e genuinamente reconhece-lhe isso. A ele todos lhe reconhecem convicção e lealdade.

A Vasco Gonçalves prestamos a nossa sentida homenagem e à sua família, o Partido Ecologista “Os Verdes” apresenta sentidas condolências.

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