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25/04/2006 |
20 ANOS DEPOIS DE CHERNOBIL – O NÃO AO NUCLEAR CONTINUA NA ORDEM DO DIA |
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Assinala-se amanhã, dia 26 de Abril, 20 anos sobre o terrível acidente de Chernobil, o mais grave acidente nuclear de todos os tempos, que para além dos milhares de mortos na sequência da explosão e das radiações, continua ainda a causar vítimas.
Hoje, mais do que nunca, é pertinente relembrar a dimensão e as consequências deste acidente, visto o lobby nuclearista estar de novo em campo em Portugal, movendo pressões no sentido da construção de uma central nuclear no nosso país. Esta situação é tanto mais preocupante quando o Primeiro Ministro dá manifestos e preocupantes sinais de sensibilidade aos argumentos dos nuclearistas, depois de em Fevereiro último ter afastado o nuclear da agenda política.
20 anos depois de Chernobil, “Os Verdes” voltam a reafirmar que não há centrais nucleares seguras, pois mesmo que se admita que nos últimos anos, graças à luta dos trabalhadores destas centrais assim como das populações circundantes às instalações nucleares e de todos os activistas e organizações anti-nuclearistas, as medidas de segurança possam ter melhorado – o risco de ocorrência de acidente não é nulo, como o comprovou um estudo oficial alemão e o acidente em 1999 em Tokaimura no Japão, sendo que o acidente, quando ocorre, tem custos ambientais e humanos irreversíveis.
Por outro lado, a produção de energia nuclear não pode ser desligada da produção e da proliferação de armamento nuclear, sendo que os dois foram sempre evoluindo de mãos dadas, numa lógica economicista de rentabilização da pesquisa e dos investimentos.
Também a questão dos resíduos nucleares, ainda hoje sem solução de tratamento, e cuja radioactividade persiste por centenas de milhares de anos, não pode ser, tal como fazem os defensores do nuclear, menorizada neste debate. É oportuno relembrar que Portugal nem sequer ainda resolveu o problema dos resíduos radioactivos das minas da Urgeiriça, problema bem menor se comparado com a produção de resíduos de uma central nuclear.
“Os Verdes” consideram ainda intelectualmente desonesto e falacioso evocar a redução da dependência do petróleo, o combate às alterações climáticas e o cumprimento do Protocolo de Quioto como argumento em defesa do nuclear. Não só porque não nos podemos propor combater um mal com outro mal, como também é legítimo por em dúvida estes argumentos, quando não vimos por parte deste Governo a implementação de uma única iniciativa eficaz e sem riscos para reduzir a emissão dos gases com efeito de estufa, nomeadamente a aposta numa política de transportes colectivos, no sentido de reduzir o tráfego rodoviário, sector onde Portugal se tem mostrado campeão das emissões a nível da Europa. Ou ainda, quando se verificam poucos esforços no combate ao desperdício energético e na implementação de energias alternativas, nomeadamente a energia solar.