Segue a transcrição integral do requerimento:

Muito se tem dito e pouco se tem feito em relação à valorização e aproveitamento do potencial da linha do Sado para transporte de passageiros entre o Barreiro e as Praias do Sado.

O certo é que esta linha tem potencial para ver duplicado ou triplicado o número de passageiros, assim a oferta seja coadunável com as necessidades das populações, quer ao nível do número de estações e apeadeiros, quer ao nível dos horários e da regularidade de transporte, quer ao nível do material circulante, quer ao nível da electrificação da linha férrea, potenciando menor tempo de viagem.

Porém, as respostas e as intervenções têm tardado.

Entretanto, a CP, através de planos e estudos de empresa (onde se inclui o “Líder 2010”), por motivos meramente economicistas, manifestou a intenção de deixar de operar entre o Pinhal Novo e Setúbal (passando esse troço para a Fertagus), o que deixaria a intervenção da CP apenas traçada entre o Barreiro e o Pinhal Novo.

Uma decisão deste género prejudicaria seriamente os utentes da linha do Sado, designadamente ao nível do custo da viagem para o utente, mas também ao nível da descontinuidade de transporte e ainda da ligação às Praias do Sado. E ficaria ainda por saber como se manteria o troço Barreiro/Pinhal Novo.

São decisões aquela natureza que podem motivar os utentes a deixar de usar um transporte ferroviário nos seus movimentos pendulares diários, para passar a utilizar o transporte individual, contribuindo para uma maior emissão de gases com efeito de estufa. E ao Governo cabe ter uma estratégia para fomentar o uso do transporte colectivo, com grande incidência sobre a ferrovia, e não o contrário.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exa. O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo o presente requerimento, por forma a que o Ministério das Obras Públicas, dos Transportes e das Comunicações me possa prestar os seguintes esclarecimentos, que lhe foram pedidos na interpelação realizada no Parlamento no passado dia 12 de Julho, por iniciativa de “Os Verdes”, mas aos quais não obtivemos resposta:

1. Para quando, em definitivo, a modernização integral da linha do Sado, incluindo electrificação e material circulante?
2. Põe o Governo PS a hipótese de aceitar a privatização (por cedência à Fertagus) do troço Pinhal Novo / Setúbal?
3. Que estudos estão feitos das consequências de uma decisão dessa natureza, não numa visão economicista de empresa, mas designadamente ao nível de custos para o utente?
4. Que garantias seriam dadas quanto à ligação ferroviária até Praias do Sado, ligação determinante para quem trabalha na Mitrena ou estuda no Instituto Politécnico de Setúbal?