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Início - Grupo Parlamentar - XIII Legislatura 2015/2019 - Intervenções na Ar (Escritas)
 
 
Intervenções na Ar (Escritas)
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11/09/2019
Comissão permanente – DAR-I-109/4ª
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia - Assembleia da República, 11 de setembro de 2019

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Numa altura em que os portugueses estão prestes a fazer escolhas sobre a composição da Assembleia da República, Os Verdes consideram relevante constatar que, nesta Legislatura, se promoveram avanços, para os quais o Partido Ecologista «Os Verdes» foi determinante, avanços esses que puseram termo a uma política prosseguida por anteriores Governos, incluindo do PS, mas sobretudo pelo anterior Governo do PSD/CDS, política essa que determinava que o empobrecimento dos portugueses era condição para que o País melhorasse e que apostava no desinvestimento em setores muito importantes.

Provou-se nesta Legislatura que a inevitabilidade é uma mentira contada à medida dos interesses políticos e que o que é preciso é fazer opções políticas para que os cidadãos sejam respeitados e tenham melhores condições de vida.

Por isso, o Partido Ecologista «Os Verdes» contribuiu para que se repusessem e aumentassem rendimentos cortados pelo Governo PSD/CDS e se dessem passos para combater a pobreza e o desemprego. Mas o Partido Ecologista «Os Verdes» não deixou de fora da posição conjunta, assinada com o PS — e o PS aceitou-o, porque precisava de nós —, um conjunto de medidas determinantes para garantir melhores condições de desenvolvimento sustentável e melhores padrões ambientais.

A título de exemplo, para o necessário processo de mitigação e de adaptação às alterações climáticas, Os Verdes exigiram a alteração de paradigma em duas áreas fulcrais e estruturais: floresta e transportes públicos.

No setor dos transportes, para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, para garantir uma maior ligação no território e também o direito à mobilidade das populações, exigimos que se abandonasse uma política de encerramento de linhas ferroviárias e que se planeasse e concretizasse o investimento há tanto abandonado na ferrovia. É um trabalho que importa garantir e intensificar e que o Partido Ecologista «Os Verdes» considera ser uma prioridade, exigindo o investimento em linhas como as do Douro, do Oeste, de Cascais ou do Alentejo.
A melhoria da oferta dos transportes públicos marcou, e marcará, a agenda de Os Verdes e muito contribuímos nesta Legislatura para a redução do preço dos passes sociais, que queremos ver efetivado em todo o País.

No setor da floresta, trabalhámos para o fim da famigerada lei da liberalização do eucalipto, da responsabilidade do anterior Governo PSD/CDS. Foi uma exigência do Partido Ecologista «Os Verdes», logo no início da Legislatura, para estancar o crescimento das brutais monoculturas do eucalipto, para diversificar o povoamento da nossa floresta com a expansão de espécies autóctones, com ganhos na biodiversidade e na segurança do território contra a maior propagação dos fogos florestais.

Este País viveu a dimensão trágica dos incêndios de 2017 e percebeu-se o resultado do erro cometido, durante décadas de Governos do PSD, do PS e do CDS, em ceder quase em exclusivo a nossa floresta aos interesses das celuloses.
O Partido Ecologista «Os Verdes» trabalhou arduamente para mais vigilância da natureza, para dotar o País de mais meios de fiscalização e de combate à poluição, designadamente industrial, para a proteção da fauna selvagem, para o reforço da resposta dada pelos centros de recolha oficial de animais, para a retirada de amianto em edifícios públicos, para a diminuição do consumo de plástico descartável, para privilegiar o consumo local de bens alimentares, para a produção agrícola menos intensiva, entre tantas outras questões.

Poder-se-ia ter avançado mais nesta Legislatura? Sim, era possível, o País tinha capacidade para o efeito.
Com os recursos de que o País dispunha era possível ter ido mais longe, se, por exemplo, não se deixasse a banca sugar tantos recursos públicos, ou se o PS não tivesse preferido colocar o défice ainda mais abaixo do que estava traçado, em vez de investir no combate a outros défices que atingem diretamente a vida das pessoas, designadamente nas áreas da educação, da saúde, dos transportes e da cultura.
Da mesma forma, verificamos que há erros, que o PS quer cometer, que precisam de ser travados, como sejam: a localização de um aeroporto no Montijo; a pesquisa de hidrocarbonetos na área da Batalha e Pombal; a proliferação do olival e amendoal superintensivos; ou a exploração de lítio em áreas sensíveis.

O Partido Ecologista «Os Verdes» será uma voz de denúncia e de contestação veemente a estes atentados ambientais.
Por último, Sr. Presidente e Srs. Deputados, um alerta: é preciso doravante garantir que não há recuos no que se conquistou de benéfico para o País e é preciso trabalhar para o que ficou por conquistar, mas, para avançar, é preciso que a correlação de forças na Assembleia da República o permita.
PSD e CDS só contribuem para recuar…
Como dizia, PSD e CDS só contribuem para recuar, e o PS, com uma maioria absoluta, não hesitaria em recuar. São cenários que o País já experimentou e que não deram bom resultado.

Da parte do Partido Ecologista «Os Verdes», asseguramos que faremos sempre parte dos avanços, de uma forma ativa e construtiva, para gerar maior sustentabilidade no desenvolvimento, para garantir mais justiça ambiental e social.
Com determinação e confiança contribuiremos sempre, sempre, para avançar.
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