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Intervenções na Ar (Escritas)
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21/03/2018
Conclusões do relatório da Comissão Técnica Independente sobre os fogos florestais ocorridos em outubro passado - DAR-I-62/3ª
Intervenção da Deputada Heloísa Apolónia - Assembleia da República, 21 de março de 2018

Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rubina Berardo, sinceramente, faz-me muita confusão o facto de o PSD procurar arredar das tragédias a que assistimos em 2017, mas também de outras ocorrências de incêndios florestais gravíssimos que ocorreram noutros anos, causas estruturais que têm impacto na dimensão dos fogos florestais.

A Sr.ª Deputada não pode aceitar que se aja apenas no momento da tragédia, mas, sim, que se aja numa política de prevenção relativamente às tragédias. E porque o PSD não age assim, é muito provavelmente que por isso na Madeira, ainda a propósito dos fogos de 2016, pouco ou nada se tenha feito relativamente à reflorestação, pouco ou nada se tenha feito relativamente à sustentação das encostas que ficaram despidas — é verdade e a Sr.ª Deputada sabe-o — e pouco ou nada se tenha feito em matéria de ordenamento florestal.

Portanto, o que é que eu quero dizer com isto? São necessárias ações estratégicas e integradas para prevenção de tragédias futuras, no sentido de criar resistência no território e resiliência na nossa floresta.

A Sr.ª Deputada falou da questão das alterações climáticas. É verdade, é uma questão que está aí. Temos de nos preparar, precaver e adaptar para os extremos climáticos e não vale a pena, ano após ano, andarmos a dizer que as condições climatéricas não ajudaram nada, que propiciaram mais tragédia e por aí fora porque já sabemos que doravante vamos ter intensidade de verões secos, com pouca humidade e com muito vento. Portanto, não há hipótese, Sr.ª Deputada, essa vai ser a nossa realidade, isto é, estes fenómenos extremos.

Agora, se não agirmos nas causas estruturais, designadamente no impacto das nossas políticas no mundo rural e na redinamização do nosso mundo rural, portanto sobre a dinamização, valorização e preservação da floresta, e se não agirmos sobre os povoamentos florestais de modo a gerar maior resiliência à floresta, daqui a uns tempos vamos mandar outra vez as mãos à cabeça a dizer «ai que tragédia». Ora, é isto que Os Verdes querem negar. Não podemos continuar sem ousar numa política preventiva eficaz e que dê resultado e o PSD está em negação relativamente a esta matéria.
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