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09/01/2018 |
Debate quinzenal com o Primeiro-Ministro (António Costa), sobre prioridades políticas para 2018 - DAR-I-33/3ª |
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1ª Intervenção
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria agarrar justamente nesta última resposta que acabou de dar sobre a matéria da saúde para dizer o seguinte: quando os portugueses ouviram, no final do ano passado, a Direção-Geral da Saúde dizer que o sistema de saúde está preparado para responder aos casos de gripe que surgirem e ouvem o Sr. Primeiro-Ministro dizer exatamente o mesmo, em declarações públicas que fez, não esperam encontrar uma realidade caótica nas urgências.
A verdade é que parece que isso está a acontecer e que não são casos assim tão pontuais. Há profissionais muitíssimo competentes que, como diz o Sr. Primeiro-Ministro, estão a fazer tudo o que podem e o que não podem para dar resposta, mas que estão completamente arrasados pelas horas contínuas de trabalho que têm de fazer, nas circunstâncias em que têm de o realizar, há adiamento de cirurgias porque faltam camas de internamento, há corredores lotados com macas.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, esta é, de facto, uma situação que nos leva a questionar se os planos de contingência adotados são ou não suficientes para dar resposta a esta situação. Se disséssemos que esta é uma situação que nunca aconteceu em Portugal, que não a esperávamos, que é completamente inesperada, era uma coisa. Mas não, Sr. Primeiro-Ministro, isto acontece ano após ano, nuns anos com mais intensidade e noutros com menos intensidade.
É preciso, de facto, antecipar respostas adequadas para que isto não venha a acontecer. Por exemplo, relativamente à contratação desses médicos especialistas e de enfermeiros, porque não antecipar essa contratação? Que respostas, afinal, Sr. Primeiro-Ministro, é que podem ser dadas para não estarmos a assistir a este caos?
2ª Intervenção
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, essa é que é a questão.
O Sr. Primeiro-Ministro tem de compreender que nesta altura estas situações de pico são a normalidade e, portanto, essa normalidade nesta altura precisa de uma resposta reforçada que, pelos vistos, não está a ser adequada. E o Governo deve pensar em meios de reforço que permitam ajudar, inclusivamente, estes profissionais que se desgastam completamente e também, como é evidente, aquelas pessoas que recorrem às urgências.
O Sr. Primeiro-Ministro falou da questão dos idosos, que são, justamente, os mais frágeis, os que têm também índices de pobreza bastante significativos. Ora, isso deve fazer-nos pensar na época do ano que estamos a viver, deste imenso frio que se faz sentir, onde se relata justamente que Portugal é dos países europeus onde se passa mais frio. Porquê? Um dos fatores tem a ver como o facto de a nossa eletricidade ser uma das mais caras da Europa,…e de termos edificações muito mal preparadas para responder a estas situações climatéricas.
E, Sr. Primeiro-Ministro, Os Verdes têm muita pena que o PS e o Governo não tenham aceitado integrar no Orçamento do Estado uma proposta que Os Verdes fizeram justamente no sentido de que aquelas famílias que decidissem melhorar as condições climatéricas das suas casas para maior eficiência energética, como, por exemplo, colocar vidros duplos nas janelas, melhorando assim as condições térmicas, pudessem usufruir de benefícios fiscais para fomentar essa questão.
O Sr. Primeiro-Ministro foi visitar escolas como a Escola Superior de Dança, eu própria também estive, ontem, na Escola Secundária de Castro Verde e, Sr. Primeiro-Ministro, é o caos! É o caos, porque chove dentro da Escola,…andam a pôr baldes no átrio da Escola para que as pessoas não andem a escorregar e a nadar na água, as crianças levam mantas para a sala de aula para se poderem aquecer. Isto é o caos! Isto necessita de respostas!
A edificação das nossas escolas e dos nossos serviços precisa também de reforço financeiro para adaptar a condições dignas esses locais onde os jovens e os profissionais estão todos, todos os dias!