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Comunicados 2012
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30/01/2012
Declarações da EDP sobre acidente mortal nas obras da Barragem de Foz Tua são inadmissíveis
O Partido Ecologista “Os Verdes” está escandalizado e chocado com as declarações proferidas por responsáveis da EDP relativas ao acidente nas obras da Barragem de Foz Tua, em que morreram 3 trabalhadores. Numa atitude despudorada e desonesta, a EDP tenta fazer uma associação entre este acidente e o acidente ocorrido em Fevereiro de 2007 na Linha do Tua, atribuindo-lhes “causas naturais”.

O que a EDP pretende com esta conversa é fazer como Pôncio Pilatos e lavar as mãos das suas responsabilidades, em matéria de segurança no trabalho, e esconder o facto que este é já o terceiro acidente directamente relacionado com a construção da Barragem (o primeiro ocorreu ainda durante a fase de estudo de impacto ambiental e levou à morte de um geólogo, o segundo ocorreu no mesmo lugar, em Agosto de 2011, tendo provocado vários feridos). Estando a EDP a levar a cabo rebentamentos na zona, que as populações testemunham, a empresa tinha por obrigação reforçar as medidas de segurança no local visto que estes rebentamentos, que nada têm de natural, criam instabilidades de ordem diversa nas zonas de encosta.

A comparação feita pela EDP entre este acidente e o acidente ferroviário de 2007, numa tentativa de se ilibar de culpas, é muito infeliz porque deturpa a realidade. Ao atribuir “causas naturais” aos dois acidentes, a EDP tenta fazer passar a mensagem de imprevisibilidade e impossibilidade de prevenção. Ora, até os acidentes ditos naturais se podem prevenir e são previsíveis numa zona como esta. As conclusões do relatório oficial do acidente ferroviário de 2007 deixam claro que quedas de blocos e instabilidade de terras em zonas de montanha como estas acontecem. Mas, tal como “Os Verdes” e muitos especialistas em segurança ferroviária o afirmaram na época, o acidente ferroviário de 2007 poderia ter sido prevenido se a Linha tivesse um sistema de detecção de queda de obstáculos, tal como existe na Linha da Beira Baixa.

Em relação aos acidentes agora ocorridos nas obras desta Barragem, “Os Verdes” adiantam desde já que vão exigir explicações, em sede parlamentar, sobre as suas causas e sobre as condições de trabalho na Barragem de Foz Tua.

Para “Os Verdes”, se alguma comparação pode ser feita entre estes dois acidentes é na falta de segurança e na falta de medidas de prevenção que eles denunciam e não nas ditas “causas naturais” às quais a EDP dá jeito atribuir a origem. Por isso mesmo, “Os Verdes” consideram que não deve haver dois pesos e duas medidas e que as conclusões que serviram de pretexto ao encerramento da Linha do Tua deveriam agora ser aplicadas às obras da Barragem de Foz Tua.

Independentemente do que agora aconteceu, a posição dos “Verdes” em relação à Barragem é clara e ainda ontem defendida em Plenário na Assembleia da República com a apresentação de um Projecto de Resolução. “Os Verdes” lamentam que o PSD, CDS e PS tenham hoje rejeitado esse Projecto de Resolução que previa a suspensão imediata de todas as deliberações e acções que ameaçam a Linha Ferroviária do Tua e propunha a criação de um grupo de trabalho para avaliar as potencialidades da Linha, e consideram que os Deputados destes partidos perderam uma grande oportunidade de contribuir para a salvação de um património cultural ímpar, de um potencial de desenvolvimento endógeno que tanto faz falta a Trás-os-Montes, de inverter o abandono ao qual esta região e as suas populações têm sido votadas pelo poder central. Estes Deputados terão de responder, colectiva e individualmente, perante a sociedade portuguesa, pelo papel que assumiram de coveiros da Linha do Tua e, quem sabe, do Alto Douro Vinhateiro.

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