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14/03/2012 |
Declarações dadas à LUSA pela dirigente nacional de "Os Verdes", Manuela Cunha: Douro - Classificação de Património da Humanidade é "muito mais valiosa" do que barragem |
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A dirigente nacional de Os Verdes Manuela Cunha defendeu ontem que a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade é “muito mais valiosa” do que a Barragem de Foz Tua.
“A classificação, se devidamente explorada, é muito mais valiosa do que a barragem. A barragem só tem benefícios para a EDP e não tem quase benefícios, mesmo a nível da produção hidroelétrica, para o país”, afirmou à Agência Lusa.
Manuela Cunha reuniu ontem à tarde com os presidentes das câmaras de S. João da Pesqueira e de Tabuaço, dois dos municípios que poderão vir a ser atravessados pela linha de muito alta tensão Foz Tua- Armamar.
“Viemos dar-lhes a conhecer a posição que Os Verdes assumiram no quadro da consulta pública ao projeto da linha de muito alta tensão Foz Tua - Armamar, que consideramos ser um prolongamento negativo dos impactos da barragem”, justificou.
Na opinião de Os Verdes, a barragem “tem impactos negativos muito para além da sua localização e que se prolongam a sul do Douro”, nomeadamente para concelhos do distrito de Viseu.
Neste âmbito, no quadro da consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental desta linha, o partido ecologista apelou à comissão de acompanhamento que dê um parecer negativo às pretensões da EDP.
“Consideramos que o Estudo de Impacto Ambiental devia ter sido feito no momento da barragem. Não o foi numa tentativa de esconder todas as dimensões desses impactos”, sublinhou Manuela Cunha.
A dirigente nacional reiterou que “estes impactos são muitos”, nomeadamente “impactos visuais brutais, destruição de muros, de vinhas e de outras atividades agrícolas” e também “impactos paisagísticos incomportáveis e incompatíveis com a classificação desta região pela UNESCO”.
A responsável lembrou que outras entidades, como a Direção Regional de Cultura do Norte, já deram parecer negativo à instalação da linha de muito alta tensão e lamentou que todo o processo esteja “enfermado de violação de procedimentos” relativamente à UNESCO.
“Desde 2006 que alertamos para o facto de esta barragem estar na zona classificada. A UNESCO deve ser previamente informada e ouvida de tudo o que tem impactos significativos numa área classificada”, frisou.