Ontem,16, a deputada Mariana Silva reuniu, no Porto, com a Associação dos Pescadores Profissionais e Desportivos do Cais do Ouro (APPDCO) e com representantes dos moradores de Lordelo do Ouro para identificar os focos de poluição do Estuário do Douro e problemas no funcionamento da ETAR de Sobreiras.

O Estuário do Douro tem vindo a sofrer inúmeras pressões que não só comprometem a preservação ecológica do estuário como o bem-estar das populações dado o agravamento da poluição das águas do rio ao longo de toda a Via Navegável do Douro (VND) proveniente do crescente turismo e consequentes descargas provenientes das inúmeras embarcações turísticas que diariamente navegam neste canal com centenas de pessoas a bordo.

O recente regulamento da VND prevê a emissão de uma guia eletrónica com a indicação do volume de águas residuais descarregadas nas infraestruturas para o efeito, o que, alegadamente não está a ser cumprido, comprometendo o controlo na gestão desses resíduos provenientes das embarcações.
A previsão do aumento do número de navios hotel a operar no Douro acarreta um maior impacto sobre ondulação e consequentemente erosão das margens.

Para os pescadores a utilização de práticas de pesca mais sustentável fica também muito comprometida com a enorme quantidade de poluição e contaminação do rio por plásticos e microplásticos que constituem um grave problema. A sua remoção está muito aquém do necessário, faltando para tal meios humanos e técnicos e um plano integrado entre as entidades envolvidas e com responsabilidade sobre a VND.

Ainda junto às margens do Douro, em Lordelo do Ouro, a ETAR de Sobreiras tem vindo a gerar a indignação dos moradores devido aos procedimentos de trasfega de lamas provenientes da ETAR e cujo transporte não tem sido feito em camiões cisterna mas sim em camiões de caixa aberta cobertos apenas por uma lona, que deixam verter para o pavimento resíduos.

Os maus odores são considerados pelos moradores insuportáveis processo que atinge um raio de largas centenas de metros e que decorre à noite . De acordo com declarações dos moradores à comunicação social a situação tem vindo a piorar.

Numa outra entrada da ETAR e, junto da Pousada da Juventude, as descargas de camiões cisterna e ligação à ETAR são igualmente fonte de intensos odores desagradáveis.

Em julho deste ano, no dia 22, uma descarga de grandes dimensões junto da ETAR de Sobreiras caracterizada por de “milhares de metros cúbicos de papel higiénico, pensos e outras matérias poluentes”, poluiu o rio ao longo de três horas consecutivas.

O PEV adianta que vai questionar diretamente o Governo sobre o funcionamento da ETAR de Sobreiras e sobre a poluição no Rio Douro.