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01/04/2011 |
Impactos da barragem de Foz Tua no Alto Douro Vinhateiro na base da entrega do troféu “As vinhas da ira e da mentira” ao responsável da Estrutura de Missão do Douro |
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O Partido Ecologista “Os Verdes” atribuiu hoje, sexta-feira, na Régua, o “Troféu” do Dia da Mentira/2011, denominado “As vinhas da ira e da mentira”, ao Chefe de Projecto da Estrutura de Missão do Douro.
A escolha do Chefe de Projecto da Estrutura de Missão do Douro, Eng.º Ricardo Magalhães, advém das mentiras e atitudes que tem assumido quanto à Barragem de Foz Tua, e baseia-se em 3 pontos fundamentais:
1. As mentiras proferidas sobre os impactos negativos da Barragem no Alto Douro Vinhateiro que o responsável da Missão do Douro considera residuais por, segundo palavras suas, “só” afectarem 12 hectares de vinha. Esta avaliação do Chefe de Missão do Douro omite as seguintes questões:
o Que a paisagem do Alto Douro Vinhateiro, em particular naquela zona, não se reduz às vinhas mas engloba paisagem no seu todo, o que inclui o canhão de entrada do Vale do Tua no Douro, a Linha Férrea do Tua e do Douro, o próprio Rio Douro, a sua navegação, as áreas de olival, de amendoeira, de sobreiro, etc…
o Que os impactos negativos visuais da Barragem sobre o Alto Douro Vinhateiro foram reconhecidos e assumidos na Declaração de Impacte Ambiental e nos estudos do RECAPE apresentados em fase de pós-avaliação. E estão na origem do voto contra dos representantes da Direcção Regional de Cultura do Norte à AIA (Avaliação de Impacte Ambiental), no quadro da Comissão de Avaliação.
o Que existem impactos negativos da Barragem sobre a navegabilidade do Douro, ameaçando a segurança da navegabilidade nesta zona e podendo até vir a por esta em causa.
o Que a submersão da Linha do Tua é uma perda patrimonial inestimável que afecta a diversidade paisagística do Alto Douro Vinhateiro
o Que a submersão da Linha Ferroviária do Tua é uma perda real para a mobilidade das populações e para o desenvolvimento turístico da região que nenhuma das propostas de mobilidade estudadas irá repor.
2. A omissão de informação à UNESCO da intenção de construir uma Barragem na zona classificada, obrigação que decorre da assinatura da Convenção do Património e na qual a Missão do Douro tinha, sem dúvida, um papel a cumprir.
3. As mentiras quanto ao desenvolvimento prometido aos concelhos afectados pela Barragem e às suas populações, decorrentes da construção da Barragem e da criação da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, desenvolvimento que não passará de uma promessa, tal como se pode verificar nas 165 barragens já existentes em Portugal. Por outro lado, “Os Verdes” consideram importante realçar o facto que a Agência de Desenvolvimento não passa de um instrumento supra-municipal que permitirá à EDP e a um conjunto de outras entidades, vir a ter poderes e controle sobre o território à volta do espelho de água nos 5 concelhos abrangidos pela Barragem de Foz Tua (Carrazeda de Ansiães, Alijó, Vila Flor, Murça e Mirandela).
Por todas estas razões, por todas estas mentiras e omissões, “Os Verdes” entregaram hoje este “Troféu”, denominado “As vinhas da ira e da mentira”, ira de todos quanto ao longos dos séculos construíram estas paisagens, ira de todos quanto defendem este património em Portugal, mentiras do Chefe de Projecto da Estrutura de Missão do Douro que há muito se demitiu de promover um desenvolvimento sustentável para esta região.