Talvez um dia os actuais decisores políticos se sentem nos bancos dos Tribunais, acusados de autores políticos e morais, por todos os crimes que actualmente estão a cometer, ao permitirem o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM).

Talvez um dia possam esclarecer em que dados sociais, ambientais, económicos e científicos se basearam para impor os OGM, para insistentemente ignorarem a opinião e os apelos dos cidadãos, por nunca se terem pautado pelo mais elementar princípio de precaução, perante a enorme montanha de dúvidas que a libertação de OGM em espaço aberto coloca.

Recorde-se que nos últimos dias foram divulgadas as seguintes informações:
• O Comissário Europeu do Ambiente constatou o já muito denunciado sistema viciado da Agência Europeia de Segurança Alimentar de avaliação de risco dos OGM, que faz depender o seu aval para a entrada de novos produtos transgénicos no mercado, da avaliação de risco, somente de curto prazo, fornecida pelas próprias multinacionais.
• O relatório da Inspecção Comunitária sobre o controlo aos OGM em produtos alimentares para humanos e animais em Portugal (efectuado em Outubro 2005), revela a dramática e preocupante situação de afectação de meios humanos e financeiros, a que a área da segurança alimentar tem estado votada, situação para a qual “Os Verdes” repetidas vezes têm chamado a atenção.
• O relatório refere expressamente que “a afectação de um número limitado de recursos humanos apenas permite programar e efectuar uma muito pequena quantidade de inspecções e análises de amostras”, que no que diz respeito à alimentação animal, nenhuma inspecção foi efectuada cientificamente para controlar o respeito pelas disposições legais no que diz respeito à traçabilidade e etiquetagem, quando todos sabemos que a grande maioria dos transgénicos se destina à alimentação animal.
• A publicação do estudo da Greenpeace dá conta que actualmente a Espanha (que desde 1998 cultiva milho GM) se encontra confrontada com uma contaminação sem precedentes da sua agricultura tradicional e que a coexistência de culturas transgénicas e convencionais ou biológicas não é possível. O estudo demonstra que cerca de 25% dos campos de milho analisados revelavam índices contaminação da ordem dos 12,6%, que em vários casos as distâncias de segurança fixadas por lei, entre campos transgénicos e os outros, não são respeitados e que algumas multinacionais se encontram a disseminar OGM não autorizados.

O Partido Ecologista “Os Verdes” questiona: quantos mais escândalos relacionados com os OGM serão necessários para que se ponha cobro a esta irresponsabilidade e prepotência?

Na véspera da Jornada de Luta contra os OGM (que se assinala amanhã, dia 8 de Abril), e face aos acontecimentos mais recentes, o Partido Ecologista “Os Verdes”, apela uma vez mais ao Governo Português para que suspenda a autorização de cultivo de transgénicos em Portugal, estabelecendo uma moratória ao seu uso em termos agrícolas.