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10/11/2014 |
Jornadas Ecologistas concluíram que Distrito de Santarém tem grandes riquezas mas que está a ser empobrecido por políticas danosas |
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As Jornadas Ecologistas do Distrito de Santarém promovidas por “Os Verdes”, encerraram no passado sábado, em Tomar, com uma caminhada, pela manhã, na Mata Nacional dos Sete Montes. Os participantes nesta caminhada puderam averiguar que são necessárias intervenções naquele espaço, por forma a proteger e valorizar o património natural deste valioso pulmão da cidade, assim como o seu património histórico, peças determinantes do Castelo Templário e do Convento de Cristo. Como tal, o PEV pretende, no seguimento desta ação, pedir audiências às entidades com responsabilidade de gerir e acompanhar este espaço, para apresentar um conjunto de preocupações e sugestões.
À tarde, as Jornadas prosseguiram com a realização de um debate na Biblioteca Municipal de Tomar, com dois painéis. O primeiro painel teve como objetivo fazer o balanço das Jornadas no seu todo, que iniciaram a 18 de setembro com a Semana da Mobilidade e que assinalaram exemplos de situações positivas e negativas em 13 concelhos do Distrito. Deste balanço, ficaram bem patentes as enormes potencialidades que as características naturais do Distrito de Santarém lhe conferem para potenciar um desenvolvimento económico sustentado, nomeadamente, no potencial agrícola enorme que poderia, em muito, contribuir para a produção alimentar do país, atualmente altamente deficitária. A fileira florestal autóctone (montado de sobro) e, ainda, o turismo, tanto natural como histórico-cultural, são outras das potencialidades assinaladas por estas Jornadas que poderiam e deveriam ser pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável deste distrito e para a promoção da qualidade de vida das populações.
No entanto, nestas Jornadas também se concluiu que tal não acontece devido a opções políticas que têm destruído este potencial e favorecido atividades e setores económicos que não criam emprego, não desenvolvem o distrito e ameaçam o seu potencial natural, como é exemplo da fileira do eucalipto que não parou de se expandir para sul do distrito, e que hoje ocupa não só solos de montado, como ainda solos agrícolas, nomeadamente solos de olival.
Outra questão muito debatida nestas Jornadas foi a dos impactos nocivos do encerramento de serviços públicos e da inexistência de transportes públicos que levam ao isolamento das populações que vivem, por vezes, a menos de 70 km da capital e do litoral e a um sentimento profundo de abandono. A inexistência de transportes públicos é uma questão de grande relevo para a vida das populações quando ela vem agravar ainda mais o acesso aos parcos serviços públicos atualmente disponíveis, inviabilizando assim o acesso a direitos constitucionais, tais como saúde, educação ou justiça. Mas o debate desta questão teve uma pertinência acrescida num momento em que o Governo fala em impostos ditos verdes (impostos sobre o CO2) e quando, no terreno, se verifica que as populações não têm outra alternativa para a mobilidade que a de recorrer à utilização de transporte individual. Mas também esta limitada pelo mau estado das vias de circulação tradicionais e pelas vias portajadas.
No segundo painel, que contou com a participação da professora Graça Saraiva, uma ribatejana que foi durantes muitos anos professora do Instituto Superior de Agronomia e responsável, por alguns anos, pelo plano de cheias de Lisboa, foi debatido o tema “Adaptar as Vilas e Cidades aos Desafios Climáticos”.
Este debate permitiu concluir da necessidade, sempre maior, de naturalização dos rios e de preservação dos seus espaços de cheia proibindo a construção nessas zonas, e ainda da necessidade de reduzir a impermeabilização dos espaços urbanos criando mais zonas verdes e permeáveis para absorção das águas da chuva. Foi ainda discutida a necessidade de uma melhor gestão, revendo do acordo com Espanha, e planeamento dos recursos hídricos e do território a montante dos espaços urbanos por forma a mitigar os impactos das grandes chuvadas ou de situações que são muito frequentes neste Distrito, como as cheias do Tejo e dos seus afluentes.
Por outro lado, foi também abordada a necessidade de naturalizar mais os espaços urbanos e quebrar a dicotomia espaço urbano/natureza, tentando educar e fomentar mais o convívio do homem com a natureza.
O Coletivo Regional de Santarém do Partido Ecologista “Os Verdes” irá, muito em breve, entregar as conclusões destas Jornadas a várias entidades do Distrito como também a organismos e tutelas da administração central, com competência nas matérias abordadas durante as Jornadas.