O Partido Ecologista "Os Verdes" considera gravosa e inaceitável a posição da comissária europeia Loyola de Palacio ao admitir o regresso ao nuclear como forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e de dar cumprimento ao protocolo de Quioto nos estados comunitários.

A energia nuclear já demonstrou, ao longo dos mais de 50 anos de utilização, na História da Humanidade, que os perigos que comporta são inaceitáveis, quer para o Homem, quer para a sobrevivência do próprio Planeta. Não nos podemos esquecer dos vários e dramáticos acidentes que ocorreram em centrais nucleares, dos quais Three Mile Island (nos Estado Unidos) e Chernobil (na Ucrânia) são exemplos, não só pelas mortes imediatas que provocaram mas também e principalmente pela herança que nos legaram de contaminação radioactiva em larga escala e pela condenação de gerações a deformações congénitas e cancros.

Também não devemos esquecer as quantidades de resíduos radioactivos que resultam destas centrais e cujo destino são um forte atentado à saúde pública e à saúde do Planeta. Resíduos esses que regularmente atravessam as nossas águas costeiras colocando em risco quer os ecossistemas marinhos quer a nossa população.

Por último não podemos deixar de denunciar o incentivo e o suporte que constitui a energia nuclear à proliferação de armas nucleares.

"O Verdes" consideram que o cumprimento das metas estabelecidas no Protocolo de Quioto passa sim:

• Pelo combate à poluição e pela promoção da utilização racional da energia e implementando mecanismos que conduzam à poupança;
• Por uma política financeira de incentivo à implementação de formas de produção energética renováveis nomeadamente eólica, solar, geotérmica, das ondas, ou com recurso à biomassa ou energia hídrica, permitindo-se a sua generalização e tornando mais atractivo este tipo de investimento;
• Pela modernização da indústria no sentido de a tornar mais limpa;
• Pela reestruturação dos sector dos transportes, um dos grandes responsáveis pela emissão de gases com efeito de estufa, nomeadamente com o reforço dos transportes públicos de qualidade, principalmente nas zonas urbanas, com o desinvestimento nas rodovias em favor da revitalização do transporte sobre carril, e pela promoção da utilização de transportes alternativos como a bicicleta.

Estas políticas dever ser acompanhadas por um reencaminhamento dos apoios financeiros à exploração e comércio de produtos derivados do petróleo e à investigação na área do nuclear para os sectores atrás descritos. Medidas que permitem não só o abandono progressivo do Nuclear como a redução progressiva da utilização de combustíveis fósseis para produção de electricidade.

O Gabinete de Imprensa
Lisboa, 30 de Abril de 2002